Somos chamados a viver a caridade todos os dias

Como cristãos, somos chamados a viver a caridade todos os dias

O Evangelho  de hoje, é muito de família, por que quando disseram a Jesus:

“Tua mãe e teus irmãos estão aí fora e querem te ver”. Jesus respondeu: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática”.

Como a caridade deve ser vivida

A história do senhor Sérgio Abib

Eu tenho esta alegria, no dia em que eu fui para o seminário, dia 3 de setembro de 1949, meu pai quem me levou. Foi uma dureza, porque naquele tempo era assim, mas para mim, era tudo muito simples. Saímos de frente da Central do Brasil, às 5 da manhã, para chegarmos às 14:30 em Lavrinhas, onde é o nosso seminário Salesiano.

No dia 4, era um domingo, o costume no seminário era ter duas missas, uma às 07:00 e outra às 9:00. Participamos da primeira missa e eu fui para as ocupações próprias do seminário. Aconteceu a segunda missa às 09:00 e, para o meu espanto, o meu pai foi comungar. Papai não frequentava a Igreja, ele era muito bom e honesto, mas era um costume dele não frequentar a Igreja. Tanto assim que, quando eu fiz a primeira comunhão, ele não foi. Eu estranhei ele ter ido à missa neste dia, porque ele não ia à missa e não ia à Igreja.

Quando terminou a missa, ele mesmo tomou a iniciativa de me dizer: “Você viu? Eu comunguei e entre uma missa e outra, havia um padre no confessionário, e eu me confessei”, e ele acrescentou: “Fiz uma boa confissão!”. Este foi o momento chave da vida dele. A partir dali, papai nunca mais faltou à missa. Todos os domingos ele ia à missa, mas não só isso, ele tornou-se um mariano fervoroso. Digo mais, foi ele quem fundou a congregação mariana em nossa paróquia que existe até hoje.

Durante a construção de Brasília, papai foi obrigado a ir trabalhar em Brasília. Papai, a vida inteira, foi pedreiro. A sua vida foi muito sacrificada, eles dormiam em um acampamento distante. Tinham que sair às cinco horas da manhã para chegar às 6:00 no local de serviço.

Papai, durante todo aquele tempo, se dedicou com esmero, tanto assim que logo perceberam que ele era bom pedreiro.

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Havia muita mão de obra em Brasília, porque as pessoas vinham de vários lugares tentando emprego. Papai foi escolhido para ser mestre de obras dos outros pedreiros. Uma das coisas que ele fez foi a construção do Palácio, onde, hoje ainda, despacha a Presidente. Ele não recebeu nenhuma condecoração, e não é preciso, mas nós sabemos o que ele fez. Enquanto isto, a minha família ficou em casa. Era uma dificuldade fazer uma viagem de Brasília para São Paulo, tanto assim que minhas irmãs foram nascendo e papai mal via as minhas irmãs, tudo isto para poder sustentar a família. Ele não queria que fosse assim, mas acabou sendo.

Papai, além de ser mariano, foi um vicentino fervoroso, e dedicou-se inteiramente. Ele os chamava de “meus pobres!”. Mamãe tinha ciúmes e até dizia: “Você cuida mais dos seus pobres do que da sua família!”. É claro que não era verdade, mas era por causa da dedicação dele que mamãe pensava assim.

Aconteceu uma coisa muito interessante. Já tinha terminado o tempo das obras em Brasília e papai voltou para São Paulo, dedicou-se muito aos vicentinos. Mamãe chamou a minha irmã, Maria, e disse: “Minha filha, o seu pai tem uma outra mulher, uma outra família”. Maria disse: “Mãe, não é possível!”. Ela disse: “Todas as vezes que começa ameaçar chuva, seu pai pega a bicicleta e volta bem depois de passar a chuva”.

Minha irmã começou a observar e viu que era verdade. Ficou aquela grande interrogação. Para minha mãe era uma certeza que papai tinha uma outra mulher e uma outra família. Papai faleceu muito cedo, porque ele trabalhava com o meu avô na mata, vendiam madeira. Ele teve malária cinco vezes e com isto enfraqueceu muito, principalmente o seu coração. Aos 63 anos, papai faleceu e somente quando ele adoeceu foi que ele parou.

Com a morte dele, houve a chamada missa de sétimo dia. No final da missa, muita gente veio cumprimentar minha mãe e nós vimos a minha mãe chorando demais. As pessoas pensavam que minha mãe chorava por causa dos cumprimentos e lembranças do meu pai, mas minha mãe percebeu a realidade: a Igreja estava cheia de pobres dos vicentinos, muitíssimos de quem meu pai cuidava. As pessoas iam para a minha mãe e diziam: “Dona Jozefa, eu agradeço muito, porque o senhor Sérgio, todas as vezes que ameaçava chuva, ele vinha para a minha casa para arrumar o telhado, porque prometeu consertar e não tinha conseguido ainda, daí ele colocava plástico e dava um jeito, depois arrumava o telhado.

As pessoas agradecidas apertavam a mão da minha mãe. Minha mãe entendeu o que é que tinha acontecido. Não era outra mulher, mas os muitos pobres da conferência Vicentina que ele atendia com todo o coração. Você imagina o arrependimento da minha mãe. As evidências eram grandes, e meu pai não dizia nada, mas viveu o Evangelho: “Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente” (Mateus 6,3-4).

Hoje, estou aqui para agradecer a Deus pela beleza que foi meu pai. Até porque 4 de setembro de 1949 foi o dia em que meu pai fez uma mudança radical e tornou-se cristão para valer. Eu tenho certeza que, pelo jeito que ele era, por tudo o que ele fez, o trabalho dele, ele está no céu protegendo a nossa família, e protegendo a Canção Nova.

Nos inícios, a Comunidade Canção Nova tinha muitas dificuldades com pedreiros e serventes. Me veio ao coração e eu fiz, pedi ao meu pai que, diante de Deus, intercedesse pelas nossas construções, que direcionasse os nossos pedreiros e fizesse que tudo caminhasse bem, e foi uma coisa admirável. A partir daquele pedido as coisas melhoraram e caminharam. Eu não duvido que o Centro de Evangelização, pelo seu tamanho e com toda a sua capacidade, o Santuário do Pai das Misericórdias, foram meu pai quem “construiu”, intercedendo. Ele realizou as construções que estamos tocando e pisando, porque ele intercedeu. O Senhor concedeu e aí estão todas estas construções.

Eu peço, hoje, que principalmente meu pai seja um intercessor da sua família, que ele ajude na construção da sua família. Que ele venha para solucionar os problemas que, talvez, aja na sua família. Infelizmente, muitíssimas famílias têm uma ovelha negra, se você tem uma ovelha negra na sua família, eu peço que o pai interceda para que ela volte e volte depressa para o redil do Senhor, e assim como o meu pai teve o seu encontro pessoal no dia 4 de setembro de 1949, e fez uma mudança radical, que a ovelha negra da sua família possa fazer a mesma coisa e se torne um homem novo, uma mulher nova. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D’Onofrio.

Fonte: http://padrejonas.cancaonova.com

Pregação ‘Que a sua mão direita, não saiba o bem que a esquerda faz’ de monsenhor Jonas Abib, em 22 de sembro de 2015.

Assista na íntegra

Adquira esta pregação pelo telefone: (21) 3186-2600

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