Pai: participante da paternidade divina

Hoje, 14 de agosto, celebramos o Dia dos Pais

O pai é aquele que tem um filho ou mais filhos, gerador, genitor, criador, protetor e benfeitor… Essas são algumas definições que oferece o dicionário.

Ser pai parece não ser tão difícil; o difícil é viver a paternidade. Ser pai e viver a paternidade é, portanto, algo mais profundo. Além do pai ser gerador deve ser também protetor e benfeitor. Podemos dizer ainda que o pai é aquele que protege, que cuida e em resumo, pai é aquele que ama.

Existe algum modelo de pai? Existe um pai perfeito? A Bíblia no Antigo Testamento apresenta alguns pais. Adão é o primeiro pai, o pai de quem surgiu a humanidade, Adão vem do hebraico “adam” que significa vindo do pó ou do barro. O primeiro pai traz em si um elemento que mostra sua pequenez, pobreza, fragilidade e porque não dizer insignificância. Afinal o que é o pó ou o barro?

Ah! Mas o pó ou o barro nas mãos do Criador se tornou homem. Nas mãos do Criador o que era pequeno se tornou grande, o que era pobre se tornou rico, o que era frágil se tornou forte e o insignificante se tornou imagem e semelhança d’Ele. Que belo! Que espetacular! Que fantástico! O que era desprezível nas mãos de Deus se tornou apreciado. “Deus Se viu no homem”, Deus Se viu na Sua criatura. Hoje o homem precisa se ver em Deus, se ver no seu Criador e Pai.

Pai: participante da paternidade divina

No primeiro homem que foi o primeiro pai se percebe então sua fragilidade, sua pequenez, mas que foi elevada pelo Criador, foi querida, foi abençoada. O pai, portanto, é alguém frágil, pequeno, “pó e barro” como o primeiro homem, porém, em Deus, esse pai se torna uma dádiva. Através da paternidade o pai participa da paternidade divina. Através da paternidade aqui na terra, esse pai se torna co-criador com o Pai do Céu. Esta aí a elevação de Deus para com o ser humano/pai. Da insignificância para a participação na criação com Deus.

Embora o Antigo Testamento não apresente a nomenclatura “Pai” para Deus, Israel em suas atitudes e palavras tratou Deus assim, reconheceu Deus como criador (Dt 32,6), como aquele que liberta, que tem compaixão (Dt 32,36), que perdoa as faltas (Sl 103,2). Em Isaías (49,15) Deus declara que mesmo que uma mãe se esquecesse de seu filho Ele não esqueceria.

O pai é filho do Pai

O pai aqui na terra é esse ser humano frágil, pequeno, pecador, mas também é filho de Deus. O pai que antes de ser pai é filho de Deus-Pai. Deve então olhar para seu Pai/Criador, perceber seu carinho, ternura, amor, compaixão e paternidade. N’Ele o pai ou os pais devem buscar inspiração para viver primeiro como filhos e depois como pais.

Ao olhar para Deus Pai que o pai veja sim, sua fragilidade, veja que é filho primeiro, mas também veja que ele mesmo é um presente, um dom, e que participa da criação. Isso é grande e ao mesmo tempo responsabilizante. Ser pai é imitar um pouco Deus, por causa da geração de uma nova criatura, no entanto O imita, sobretudo, porque cuida, ama, zela, dá perdão, acredita.

Jesus Cristo: o rosto do Pai

Deus Pai é assim gera, cuida, ama, zela, concede o perdão, acredita e muito mais. De maneira especial, Deus mostrou sua paternidade, Deus mostrou Seu Rosto em Jesus Cristo, nosso Salvador. Deus mostrou que é Pai em Jesus Cristo; n’Ele o Pai mostrou seu grande amor pela humanidade. “Deus amou tanto o mundo, que enviou seu Filho, para que todo aquele que nele crer tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

O Pai tem rosto, o Pai amou e ama todos os filhos, até aqueles não O querem como pai ou que não reconhecem sua paternidade. Deus é tão Pai que não se cansa de perdoar e amar e Jesus Cristo através da sua vida ensinou isso. Jesus teve paciência, Jesus se fez um com todos, exortou quem precisava exortar, perdoou, acolheu pobres e pecadores. Muita gente entendeu que Deus não era mais um Ser distante, castigador e opressor porque viu Deus em Jesus, viu em Jesus Deus. E ainda, em Jesus, viu Jesus um Deus que é Pai. Jesus mostrou, portanto, com a vida e com as palavras “quando orardes dizei ‘Pai nosso…'” (Mt 6,5-15).

Pai perfeito?

Por fim nesse dia dos pais, querido pai, embora, com todo respeito, você seja alguém cercado de fraqueza, embora se sinta muitas vezes sem valor, sem saber como agir com um filho ou uma filha, ou como agir nessa ou naquela situação. Você, pai, é alguém querido por Deus, pelo Pai do Céu. O senhor pai participa da criação e que o Pai do céu seja sua inspiração, seu modelo, seu Pai. E que sendo cuidado por Ele e que sendo filho, você seja um bom pai. O Pai perfeito existe, que você pai imperfeito o imite não para ser perfeito, mas para ser pai.

Padre Marcio Prado
Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias

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