Reflexão 17ª semana do tempo comum

Queridos filhos e filhas do Pai das Misericórdias estamos na 17ª semana do tempo comum, nos convidou a ofertar os dons que temos e ser disponíveis de coração, que iluminados e provocados pela Palavra do Domingo todos nós tenhamos uma semana vivida na vontade d’Ele.

Na leitura de 2 Rs 4,42-44 (1ª leitura) percebe-se que um grande homem de Deus que veio logo após o profeta Elias, Eliseu, foi capaz de realizar em nome do Senhor um grande feito, a multiplicação de pães. Eliseu recebeu um homem de Baal-Salisa que trouxe os primeiros frutos da terra, ora os primeiros frutos da terra pertenciam ao Senhor, então eram frutos abençoados, foram trabalhados e feitos os pães, pois foi sobre estes pães, frutos das primícias, que Eliseu disse ao homem para distribuir, embora o homem tenha questionado seguiu com o mandato, confiou e ofertou e foram alimentadas as cem pessoas e ainda sobraram pães. Tal situação aconteceu com Jesus (Jo 6,1-15) perto do mar da Galileia, uma grande multidão estava atrás de Jesus, tal multidão sabia dos feitos do Senhor, Ele não queria mandar ninguém embora, por isso questionou o discípulo Filipe, e este logo viu que não era possível, já o outro discípulo, André, pelo menos apresentou um menino que tinha cinco pães e dois peixes. Jesus tomou aquele pouco, deu graças e distribuiu à multidão e um grande milagre aconteceu ao ponto de sobrar doze cestos de pães.

A multiplicação dos pães é o tema das duas leituras (1ª leitura e Evangelho), encontramos muitas semelhanças onde se faz um paralelo, primeiros os homens de Deus, Eliseu e Jesus, depois a situação do pouco para alimentar muitas pessoas, o questionamento levantado pelo homem e Baal-Salisa e por Filipe, depois a docilidade em obedecer e por fim quando se confia em Deus ele sempre surpreende. Interessante notar dois personagens que podemos muito bem nos encaixar num deles, ora somos Filipe, ora somos André. O primeiro, Filipe, Jesus o questionou e ele logo deu como resolvida a situação “Nem duzentas moedas de prata bastariam…”, e o outro personagem, André, disse: “Senhor, tem um menino com cinco pães e dois peixes”.

Há momentos em nossa vida que somos questionados pelas pessoas, por uma doença, pela vida e quando estamos sem paciência, e quando somos imediatistas resolvemos as coisas no impulso ou no negativismo e logo dizemos: “não tem jeito”, “vai morrer”, “não vai dar certo”, “já vi este filme”. Normalmente quando o “tom” da conversa segue assim as coisas realmente dão errado. Por outro lado também podemos reconhecer que conseguimos dar passos em outras ocasiões, quando agimos como André que não trouxe a solução mas apresentou o que tinha, “não é muito mas é o que temos”, “não consigo varrer a rua mas posso varrer a frente da minha casa”, “sou limitado em ajudar o país mas posso fazer o bem ao meu vizinho ou ao bairro”, ou seja, são pequenas atitudes que nas “mãos de Deus” se transformam. Assim aconteceu com aqueles pães que generosamente foram postos à disposição, uma oferta de coração, era pouco no entanto foi aquele pouco que Jesus deu graças, naquele pouco abençoado aconteceu um milagre.

O primeiro passo é ser disponível e ofertar a Deus de coração, confiar n’Ele, mesmo que “confie desconfiando” é preciso dar um passo na fé “é pouco mas é isso que tenho”, ofertar a Deus é um ato de fé, se sabe que é pouco, se sabe que pela lógica é impossível, mas Deus gosta de trabalhar com o impossível aos olhos humanos, com instrumentos aparentemente frágeis, limitados e Ele capacita-os para sua obra. Aquele menino apresentado por André, deve ser modelo para todo homem, o menino poderia ter retido, poderia ter pensado apenas em si mesmo, e o que ele fez? Disponibilizou seus pães e peixes, diante de tal disponibilidade Jesus só poderia dar graças, o Senhor deseja dar graças sob muitas coisas que temos, se assim o fizermos grandes milagres acontecerão, a disponibilidade, o desprendimento mostra confiança, abandono e é justamente isso que agrada a Deus.

Por fim ter um coração que confia e que se disponibiliza a Deus é ser alguém que vive a vocação de Deus, viver a vocação de Deus significa muitas vezes suportar as provas com paciência e por amor (Ef 4,1-6). Deus quer salvar a todos conta com a minha e a sua disponibilidade, conta com instrumentos como eu e você, ainda que nos sintamos pequenos, incapacitados, com muito pouco para contribuir, Deus não leva em conta a quantidade do que podemos oferecer, ele leva em conta a disponibilidade e confiança do nosso coração, ofertemos ao Senhor com alegria e de coração.

Padre Marcio Prado

Vice reitor do Santuário do Pai das Misericórdias

Deixe seu comentários

Comentário