SOMOS IRMÃOS!

Perdão e doação - como viver em comunidade

Quando refletimos a história do povo de Deus, constatamos que essa  história é marcada pelo amor e o perdão. Na sua infinita misericórdia, Deus enviou Seu Filho único para nos salvar. Jesus foi condenado e, por amor a nós, sujeitou-se a ser preso e flagelado, crucificado e humilhado, Ele nos deu o maior testemunho:  não se revoltou, perdoou. Ele nos deixou o exemplo e nos convida a perdoar a todos, perdoar sempre. (Conf.Lc 23,34). 

O perdão é gratuito. Deus, que é misericordioso e justo, convida-nos a viver amando e perdoando, todavia, o mundo nos ensina a ser justiceiros e vingativos. O perdão é um dom de Deus. É Ele que nos dá a graça de perdoar. Podemos e devemos assumir esse dom que o Senhor nos concede, escolhendo perdoar. É uma decisão pessoal. Deus concede a graça do perdão, mas a decisão de perdoar vem de nós.  

Esta é a primeira regra para todo cristão: perdoar, perdoar e perdoar sem jamais deixar de perdoar. Deus nos convida a perdoar como Ele perdoou, pois só seremos perdoados se perdoarmos. As Escrituras mostram que inúmeras curas aconteceram quando os corações se abriram para o perdão. Nenhum fio de cabelo cai da nossa cabeça sem a permissão do Pai do Céu: tudo o que nos acontece é para o nosso crescimento e cura. O perdão é a solução para tudo. Precisamos ser misericordiosos e generosos, e mesmo que nossa alma esteja sofrida, nunca podemos nos esquecer de que também pecamos e fazemos o outro sofrer. Nós também erramos. Deus nos pede: “Sede misericordiosos como vosso Pai é misericordioso”.


“Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e vos será dado. Uma medida boa, socada e transbordante será colocada na dobra da vossa veste, pois a medida que usardes para os outros, servirá também para vós” (Lc 6,36-38).

 

Quando não perdoamos, assinamos a nossa sentença de morte e nos desligamos do Céu. O que o livro do Eclesiástico diz a respeito da tristeza também podemos dizer do ressentimento, da mágoa, da decepção e de todos os sentimentos negativos que acabam com a nossa vida e corroem a nossa alma: Não entregues tua alma à tristeza e não aflijas a ti mesmo com tuas preocupações. A alegria do coração é a vida da pessoa, tesouro inexaurível de santidade, a alegria da pessoa prolonga-lhe a vida. Tem compreensão contigo mesmo e consola teu coração; afugenta para longe de ti a tristeza. A tristeza matou a muitos e não traz proveito algum (Eclo 30,22-25).

Padre Jonas Abib. Foto: cancaonova.com

Deus Pai sempre nos perdoa, mas é preciso que nós também estejamos dispostos a perdoar. “De fato, se vós perdoardes aos outros as suas faltas, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará” (Mt 6,14). Quando perdoamos os nossos irmãos, o Senhor nos perdoa, mas, se nos fecharmos ao perdão, nós nos fecharemos à graça de Deus. A lei do Evangelho é: “Ora, a vós que me escutais, eu digo: amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam. Falai bem dos que falam mal de vós e orai por aqueles que vos caluniam” (Lc 6,27-28).

Somos irmãos: temos de perdoar. Fazemos parte do corpo de Cristo: precisamos estar ligados uns aos outros pelo vínculo do amor e da misericórdia.
“O Amor seja sincero. Detestai o mal apegai-vos ao bem… empenhai-vos em fazer o bem diante de todos…” (Rom 12,9-17).

Acredito que Deus tem uma pedagogia própria de lidar com cada um de nós, porque o Seu amor por cada um é único, pessoal e incondicional. Isso implica em uma direção concreta para se alcançar a santidade. Quem não erra? Quem não ofende o irmão? Consciente ou inconscientemente, quantas vezes ofendemos e prejudicamos os outros? Precisamos aprender a pedir e a receber perdão. É um exercício constante. Para vivermos como irmãos aqui na Terra, é necessário que estejamos dispostos a viver reconciliados.

Fazer o bem a qualquer pessoa e em qualquer situação significa ser portador da bênção de Deus, uma vez que Ele nos diz: “Tomo hoje por testemunhas o céu e a terra contra vós: ponho diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe, pois a vida, para que vivas com a tua posteridade (Deu. 30,19). Deus nos chama a abençoar sempre. Abençoar, segundo o dicionário de espiritualidade significa: fazer o bem e desejar o bem a todos, querer o bem de Deus para com os homens e o bem dos homens para com Deus. Quando faço o bem Deus arranca do meu coração todo o egoísmo, toda tendência de ficar fechado em mim mesmo. Quando faço o bem Deus me abre o coração para o amor verdadeiro e sincero, o amor desinteressado. Não é fácil, à medida que a via do bem vai se firmando como via de santidade em nós deparamo-nos com nossas limitações, medos, mágoas, ressentimentos, fechamento; todavia, isto se fez necessário até mesmo para perceber onde cada um preciso ser trabalhado e curado pela Senhor. Que o bom Deus nos ajude neste caminho de santidade: perdão e amor para aprendermos juntos a viver em comunidade, a comunidade dos filhos de Deus.

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Vera Lúcia Reis
Comunidade Canção Nova

 

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