Reflexão do Evangelho: É preciso ouvir a voz do Pai

Quando nos voltamos para o Evangelho, vemos o cumprimento da promessa em Nosso Senhor Jesus Cristo.

Querida família, no domingo que passou, o Senhor nos pedia na liturgia para estarmos atentos aos sinais da sua presença. Na primeira leitura (Dt 18,15-20) Moisés, o servo de Deus, soube bem reconhecer seu papel, sua missão, missão de conduzir o povo de Deus até um certo ponto, depois um outro conduziria. Até porque, infelizmente, a dureza de coração era uma marca dos israelitas, um povo de altos e baixos, ora era obediente, ora desobediente, ou seja, de coração fechado. Será que existe uma semelhança do povo de Israel com o nosso povo? Será que existe uma semelhança do povo de Israel comigo? Somos de altos e baixos na caminhada? Eu sou assim?

Mesmo o povo de Deus ora respondendo com fé e ora com incredulidade, o Senhor deu uma nova chance a eles. Essa nova chance veio quando lemos o trecho acima, hoje percebemos que Moisés não estava falando apenas de Josué que entrou com Israel na terra prometida, mas estava profetizando a respeito do Messias, Jesus Cristo. O Cristo é alguém semelhante a ele (Moisés), o Cristo é o libertador, é o homem das palavras, dos ensinamentos divinos, dos sinais e, é claro, que supera Moisés porque o Jesus Cristo é o cumprimento do AT, Ele é o Salvador.

EvangelhoNa caminhada que eu e você trilhamos, devemos pedir graça a Deus, dessa atenção aos sinais d’Ele, pois Ele sempre nos dá uma nova chance, no entanto não podemos nos acostumar e tratar a misericórdia com desleixo, quando errarmos devemos pedir perdão e fazer o possível para não mais errar, pois no final da leitura vemos as consequências: “Eu mesmo pedirei contas a quem não escutar as minhas palavras que ele pronunciar em meu nome” (Dt 18,19). Além da atenção aos sinais do Senhor, a segunda leitura (1Cor 7,32-35) orientava para que a comunidade de corinto estivesse livre das preocupações, e aqui a direção era para os solteiros, casa ou não casa? Se a pessoa se casa existe a preocupação com o cônjuge e os filhos, isso é inevitável. Contudo, cada pessoa deve discernir, na caminhada, qual o chamado que o Senhor faz, se é o matrimônio ou a vida celibatária, nesse trecho o apóstolo deixou claro que aquele que não optou pelo casamento está mais livre dessas preocupações.

Quando nos voltamos para o Evangelho, vemos o cumprimento da promessa em Nosso Senhor Jesus Cristo, escutamos nesses dias, na liturgia diária, que ele chamou discípulos, ensinou, fez milagres e no Evangelho desse 4º domingo, o Cristo estava na sinagoga continuando a missão que o Pai lhe confiou. Num certo momento um homem possuído por um espírito mau começou a gritar, o Senhor o repreendeu e todos ficaram espantados com a sua autoridade. Jesus estava na sinagoga, um local santo e de oração, e ali aquele homem disse uma grande verdade “tu é o Santo de Deus” (Mc 1,24), mas porque será que Jesus repreendeu se era verdade, ele era o Filho de Deus? Bom, Jesus era o homem de discernimento, atento, não era hora de se revelar, pois os dons, os milagres realizados não eram para promovê-lo era para mostrar a misericórdia do Pai, claro que no tempo certo todos poderiam constatar isso, mas sua missão não era se promover.

Por fim irmãos, Jesus sempre foi atento à voz do Pai, nós nem sempre atentos, o salmo 94 é um grande grito para nós: “Não fecheis o coração, ouvi hoje a voz do Senhor”, hoje e sempre ouvir a voz do Senhor, hoje e sempre discernir o que Ele quer, hoje e sempre distinguir o que vem d’Ele o que é humano e o que é do inimigo. Para isso busquemos o Senhor na oração, na orientação espiritual, nas boas leituras, nas sadias amizades e na missão, para discernir não significa que devo deixar de fazer as coisas, talvez diminuir, mas também o trabalho, a missão me ajuda a constatar a vontade do Senhor.

Padre Márcio do Prado
Vice-reitor do Santuário

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