Deus no centro

Adorar a Deus

O Catecismo da Igreja Católica diz que “adoração é o primeiro ato da virtude da religião. Adorar a Deus é reconhecê-Lo como tal, Criador e Salvador, Senhor e Dono de tudo quanto existe, Amor infinito e misericordioso (2096)”.

Como bem define o Catecismo, a adoração deve ser o primeiro ato de uma religião virtuosa que tenha Deus no centro. Além da religião, todo cristão, membro da Igreja Católica, deve buscar, em primeiro lugar, uma vida constante de adoração, que não consiste somente em ir à igreja e ficar um momento diante do Santíssimo Sacramento, mas manter um relacionamento pessoal com Deus, onde Ele ocupa o primeiro lugar.

Arquivo CN/ cancaonova.com

A prática da adoração eucarística

O Papa Bento XVI, na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Sacramentum Caritatis (Sacramento da Caridade), afirma que a adoração “permite viver, mais profundamente e com maior fruto a própria celebração litúrgica”, isto é, a virtude da adoração é uma preparação para a melhor participação e recepção do Sacramento da Eucaristia. Ainda afirma o Papa que a adoração deve ser incentivada e iniciada desde os primeiros anos de vida de uma pessoa, ou seja, que as crianças participem “no sentido e na beleza de demorar-se na companhia de Jesus, cultivando o desejo pela sua presença na Eucaristia”. Porquanto, essa exortação do Papa Bento XVI é um “apelo à centralidade de Cristo na vida dos indivíduos e da comunidade”.

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O culto eucarístico fora da Missa nasce da celebração da Eucaristia

A adoração eucarística, pessoal ou comunitária, deve brotar da celebração do memorial da Páscoa do Senhor e a ele conduzir. No dizer de Paulo VI, essa relação pessoal com o Senhor favorece o contínuo crescimento na fé e prolonga a graça do sacrifício eucarístico. Numa espiritualidade eucarística renovada, a adoração eucarística está em estreita sintonia com o mistério pascal e com a participação na Ceia do Senhor.

Guiada pelo Espírito Santo, a Igreja expressa sua fé na presença de Jesus na Eucaristia, conservando o Pão Eucarístico para ser levado aos doentes, aos moribundos e para receber a adoração que só é devida a Deus. “Ninguém coma dessa carne sem primeiro adorar; não só não pecamos adorando-a, mas pecaríamos se não a adorássemos!”, já dizia Santo Agostinho. Somente um coração humilde pode beneficiar-se dessa presença de comunhão.

Quem se coloca em oração silenciosa diante da Eucaristia retoma com o coração as diversas partes da ação litúrgica: “Eis o mistério da fé”; “Felizes os convidados para a Ceia do Senhor”; “Ele está no meio de nós!”; “Demos graças ao Senhor nosso Deus!”.

A adoração a Jesus, no Santíssimo Sacramento, leva “os verdadeiros adoradores” a uma profunda comunhão com o Pai, pelo Filho, no Espírito que ora. As exposições breves do Santíssimo devem organizar-se de tal maneira que haja tempo conveniente para a escuta da Palavra, cânticos, preces e momentos de silêncio. A adoração eucarística é alimentada pela leitura orante da Palavra de Deus. Recomenda-se que sempre seja proclamada na adoração comunitária.

A palavra “adorar” expressa movimento: “em direção a”. Assim sendo, “adorare” significa no fundo o movimento de aproximar a boca, o rosto ou a face, e até mesmo o coração e todo o ser. O movimento de buscar identificar-se, formar um só corpo, uma só carne, com o objeto ou pessoa amada e tudo o que ela significa.

Sugestão para um momento de adoração eucarística

O Guia Litúrgico-Pastoral traz o seguinte roteiro, que pode bem ajudar no momento de adoração, pessoal ou comunitária, que supõe uma atitude de escuta e momentos de silêncio. Seguem os passos do roteiro proposto:
1. Estando diante do Corpo do Senhor, primeiro tome consciência do seu próprio corpo: procure escutar a respiração, os sentimentos, suas emoções. Faça silêncio, prestando atenção na respiração. Faça isso por alguns minutos.
2. Sinta-se em comunhão com o Corpo eclesial. Recorde as pessoas amigas ou alguém com quem tem dificuldade de conviver. Lembre as coisas boas que está vivendo e também os motivos de preocupação e de sofrimento próprio ou de outros; traga presente a santidade e as fraquezas da Igreja. Também as pessoas que sofrem, as que estão nos presídios, nos hospitais e no abandono.
3. Tome um texto da liturgia do dia;
4. Agradeça a Deus por tudo que se tem recebido de sua bondade.
5. Termine rezando a oração que Jesus mesmo ensinou.

 

Bibliografia
ALDAZÁBAL, José. O culto da Eucaristia. In: A Eucaristia. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 367-379.
BENTO XVI. Exortação apostólica pós-sinodal “Sacramentum Caritatis” sobre a Eucaristia, fonte e ápice da vida e da missão da Igreja (= A Voz do Papa 190). São Paulo: Paulinas, 2007.
Sagrada Congregação para o Culto Divino. A Sagrada Comunhão e o Culto do Mistério Eucarístico fora da Missa, n. 5.
CNBB. Guia Litúrgico-Pastoral, p. 53-54.

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