As alegrias e as ofertas do seguimento!
Neste dia 2 de fevereiro, a Igreja celebra a apresentação de Jesus no Templo e também o Dia Mundial da Vida Consagrada. Vida essa que é sinal de entrega total e a Deus, por meio dos votos de castidade, pobreza e obediência. Tradicionalmente, eles usam hábitos e vivem em congregações e/ou institutos de vida religiosa, abraçando um estilo de vida mais austero.
Porém, após o Concílio Vaticano II, surgiu na Igreja uma nova forma de consagração de vida, onde muitos leigos abraçaram uma vivência mais radical da sua consagração batismal pertencendo ao que chamamos de novas comunidades.
E entre elas está a Canção Nova, da qual eu faço parte há 19 anos. E é sobre essa minha entrega a Deus que queria partilhar com vocês.
Quando Deus me fez o chamado de segui-Lo de perto, surgiu no meu coração o desejo de querer me doar por completo ao Seu Serviço. Mas como era muito jovem, não sabia ao certo como fazê-lo. Fui seguindo meu coração e acabei me engajando em várias pastorais e movimentos de jovens da minha arquidiocese. Da pastoral da Liturgia, a catequese, ministério de música, grupo de oração, e assim tinha todas as minhas noites e finais de semana preenchidos, mas não preenchia completamente o meu coração.
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Foi quando, no auge dessa angústia, durante uma confissão, o sacerdote sabiamente me pediu para abrir mão de todas aquelas atividades, ficar apenas com uma e ouvir a Deus, pois, naquela agitação, eu não conseguia ouvir o Senhor, o que Ele me pedia e o que Ele tinha pra mim.
E, neste tempo de escuta, veio o chamado à Canção Nova e, com muito mais clareza, eu pude entender, mesmo sem saber como seria, que Deus me direcionava para a Comunidade.
Mesmo querendo livremente seguir a Deus, nunca foi fácil, o preço sempre foi e é muito alto. Pois, de todas as exigências do seguimento o “renunciar a si mesmo” é a parte mais desafiadora. Deixar Deus sonhar em nós, nos esvaziarmos, abraçar o querer de Deus é belo, lindo, único capaz de nos fazer verdadeiramente felizes, mas tem um preço a ser pago.
Não é apenas o “primeiro deixar”, que é sair de casa, morar longe dos pais, dos amigos, abrir mão de uma faculdade, do trabalho, de um namoro… Isso exige, mas, com o passar do tempo, vamos vendo que Deus é capaz de nos dar muito mais do que aquilo que aparentemente ‘deixamos para trás’.
A grande beleza da vida consagrada está exatamente no que ela mais custa: morrer para si mesmo, para deixar Deus viver em nós. E isso é um caminho longo, de anos, até o fim da nossa vida. É o que diz a Palavra de Deus: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto” (cf. Jo 12,20-33).
O que nos consola, conforta, encoraja e anima é: se Deus pede, Ele nos dá a Graça de viver! E isso eu experimento todos os dias! E, apesar de toda ‘aparente dor,’ a alegria que essa ‘feliz perda’ nos faz experimentar é o que realmente nos realiza. Quanto mais deixamos Deus ser Deus, mais livres somos, mais felizes somos, mais realizados na nossa vocação nos tornamos.
Porque, mesmo deixando tudo no início da caminhada, corremos o risco de ir nos apegando a tudo, até mesmo ao que Deus nos deu e acabamos ficando os privilégios da pertença e O deixamos de lado. Sim, porque a natureza corrompida, não quer a dor, não quer perder, mas o homem novo, a mulher nova em nós, anseia pela liberdade dos filhos de Deus que não está em reter, e sim em dar, doar…
Como diz São João da Cruz: “Quem souber morrer a tudo, terá vida em tudo”. E não é um morrer de perder-se do que é, mas sim encontrar-se em sua verdadeira identidade em Deus, que realmente nos conhece mais do que a nós mesmos.
A vida consagrada, assim como a consagração de vida, como é a nossa em Comunidade, é esse caminho constante de união com Deus, em tudo que realizamos, pois tem um fim último para qual seguimos o Senhor!
E, neste caminho de busca, Ele nos lança, nos impulsiona, diz a nós: “Ide, fazei discípulos em meu Nome” . É mergulhar em Deus e ir em direção ao outro! Que belo gastar a vida assim!
Como nos ensinou Padre Jonas: “É preciso ser para dar, é preciso viver para comunicar, estar muito unido a Deus, cheio de Deus para levá-lo a muitos outros” E ainda o mesmo Padre Jonas nos ensinou: “É um privilégio investir a vida na missão de Evangelizar”.
Posso afirmar sem medo: sou feliz vivendo assim. Nosso amado Bento XVI disse para os jovens durante uma Jornada Mundial da Juventude: “Não tenhais medo de Cristo, Ele não nos tira nada, Ele nos dá tudo”. Após 19 anos de consagração de vida na comunidade Canção Nova, já passei por muitas dificuldades, tribulações, dores, sofrimentos, mas nada se compara a alegria, a realização da minha vida. Deus me deu muito mais do que eu poderia sonhar ou imaginar! Deu-me uma família: um esposo, dois filhos lindos! Irmãos, amigos, um povo para evangelizar e pelo qual sou evangelizada todos os dias.
A aventura do seguimento de Cristo, de deixar tudo pelo tudo, foi a feliz escolha da minha vida. Como canta Padre Jonas “Vem me seguir, que o meu caminho é do porta estreita sim, porém ao acabar junto de mim, você vai entender porque é bom, é bom servir”.
Ainda não cheguei ao fim, mas até aqui o Senhor me ajudou. Sou feliz, posso afirmar que é bom servir, é bom seguir, é bom dar a vida, é bom estar unida a Jesus na minha escolha de vida! Se você se sente chamado a essa entrega, não tenha medo, o mesmo Deus que te chama, te dará a graça de segui-Lo!
Vale a pena! E encerro com a frase de Dom Bosco: “Trabalhe para Deus, o paraíso pagará tudo”.