MÊS DE JULHO

A origem da devoção do Preciosíssimo Sangue e a relação com o sangue da antiga aliança

“Uma só gota pode salvar o mundo todo de toda culpa”

Mês de julho dedicado ao Preciosíssimo Sangue de Jesus. O povo de Deus, reconhecendo o valor infinito de salvação do Sangue de Cristo, assim  se expressa por meio dessa linda devoção. Neste mês, a Igreja tem uma atenção toda especial para o significado do derramamento do Sangue de Cristo. Relacionando com o sangue dos touros e carneiros derramados na antiga aliança. 

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O sentido original desta devoção remonta aquele momento singular na cruz onde o soldado, com uma lança, perfurou o lado de Cristo e imediatamente saiu do seu lado aberto sangue e água (Jo 19,33-34). Essa devoção é vista desde o início da Igreja, porém, propagou-se mesmo por um santo chamado São Gaspar de Búfalo. Seu trabalho gerou tantos frutos, que foi considerado o “Apóstolo do Preciosíssimo Sangue”. A partir dele, a devoção foi ganhando força e reconhecimento oficial da Igreja. O Papa Bento XIV (1740-1748) compôs orações que eram usadas nas Missas e no Ofício em honra ao Sangue de Cristo. Posteriormente, foi estendida à Igreja Universal pelo decreto do então Papa Pio IX (1846-1878). 

“O Sangue de Jesus tem o poder de libertar de todo mal.” | Foto ilustrativa: cancaonova.com

Não para por aí. O Papa que convocou o Concílio Vaticano II, João XXIII 1958-1963) escreveu uma carta apostólica Inde a Primis, dedicando-a exclusivamente ao Sangue de Cristo. Nessa carta, ao falar sobre o valor infinito do Sangue de Cristo, o papa diz: “Uma só gota pode salvar o mundo todo de toda culpa”. Essa frase é tão significativa, que foi repetida por São João Paulo II na sua Carta Apostólica “Angelus Domini”. E assim, cada vez mais, a devoção ao Sangue de Jesus ganha força. 

Para o judeu, o sangue é vida (Dt 12,23), portanto, tirar o sangue é tirar a vida. No caso de Jesus, derramar o sangue equivale a dar a vida. Quando o soldado abre o lado de Cristo com a lança, sai sangue e água, ou seja, deu tudo, não lhe restou nada. Ele deu toda a vida e não meramente parte dela. 

Libertar de todo mal

Todo povo cristão logo percebeu o valor e o poder do Sangue de Cristo. São João Crisóstomo diz: “Quereis conhecer o poder do Sangue de Cristo? Repara de onde começou a correr e de que fonte brotou”. O Sangue de Jesus tem o poder de libertar de todo mal. 

Na primeira aliança, os judeus celebravam holocautos diariamente. Assim o faziam como maneira perpétua de obter, por meio do sangue de cordeiros, o perdão dos pecados do povo. Para o sacrifício, era oferecido um cordeirinho sem defeito algum. Aqui, encontramos a prefiguração do Cristo que viria a ser o cordeirinho sem mancha e defeito algum. O altar de imolação seria a Cruz.  São João, ao apresentar Jesus, diz: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). 

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Na antiga aliança, o cordeiro era prefiguração do Cordeiro de Deus, Jesus Cristo. Ele tira o pecado do mundo. “Se, no entanto, andarmos na luz, como Ele está na luz, temos plena comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (Jo 1,7).

São Paulo, na carta aos hebreus, diz: “Portanto, se o sangue de bodes e de touros e as cinzas de uma novilha espalhadas sobre os que estão cerimonialmente impuros os santifica, de forma que se tornam exteriormente puros, quanto mais o sangue de Cristo, que mediante o Espírito eterno se ofereceu de forma imaculada a Deus, purificará completamente a nossa consciência de comportamentos que conduzem à morte, para que sirvamos ao Deus vivo! (Hb 9,13-15). 

Cristo, ao derramar seu sangue na cruz, libertou o homem do pecado. A morte foi vencida. O homem passou a ter vida e vida em abundância. Libertando o ser humano do pecado, trouxe-lhe a salvação. Diz o apóstolo dos gentios: “porquanto não me envergonho do Evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que nele crê; primeiro do judeu, assim como do grego” (Rm 1,16). 

Neste mês, possamos meditar sobre o eterno e infinito poder do Sangue de Jesus. Meditar ainda sobre o santo sacrifício que é oferecido diariamente em cada Santa Missa celebrada. “Isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados” (Mt 26,28). Em cada Santa Missa, a Igreja renova, presentifica, atualiza e eterniza este Sacrifício expiatório pela redenção da humanidade. 

Rezemos juntos: Suplicamo-Vos, Senhor, que Vos digneis socorrer os Vossos servos que resgatastes com o Vosso precioso Sangue.

 

 Padre Elenildo Pereira

Padre Elenildo Pereira é membro da Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).  Bacharelando em Teologia pela Faculdade Dehoniana, Taubaté (SP), e pós-graduando em Bioética pela Faculdade Canção Nova.

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