Homilia: Domingo de Ramos da Paixão do Senhor

 Mt 21,1-11

Neste ano A, a narração da entrada de Jesus em Jerusalém é feita pelo evangelista Mateus. A única vez que Jesus deixou ser saudado, aclamado e assim o foi com ramos e palmas. E as palavras do povo: “Hosana ao Filho de Davi,  que significa “Viva” e ainda é um pedido “Salva-nos, Senhor!”. 

O Rei

Jesus entra em Jerusalém como Rei, mas um Rei bem diferente de qualquer rei. O Rei Jesus vem humilde, simples, montado num jumentinho. Do nascimento à morte, o Rei Jesus foi simples, foi de serviço, foi de amor ao próximo foi de sacrifício obediente ao Pai. Precisamos, hoje, aclamar o Rei, não um rei que dá ordens, mas um Rei que executa ordens, não é um rei que é servido, mas um Rei que serve. Jesus é o Rei que não cobra as dívidas, mas perdoa as dívidas. 

:: O Santuário não está vazio

O Rei que nós aclamamos hoje é este Rei humilde, que serve, que ama, que perdoa e como seus súditos imitemos o nosso Rei! Assumamos a humildade, o amor e perdão. 

Is 50,4-7; Sl 21; Fl 2,6-11; Mt 27,11-54

Na primeira leitura, o profeta Isaías narrou sobre o Messias, primeiro, a sua missão é de confortar os abatidos, e, como discípulo, está atento ao Pai. Segundo, Sua missão vem acompanhada de dores devido à perseguição dos adversários, e dores ainda físicas arrancaram-lhe a barba, deram-lhe bofetões e cusparadas. Então, o servo consola, sofre, mas, terceiro ponto, o servo confia “Deus é meu auxiliador”. Portanto, a missão do Messias é também a nossa, vamos confortar os desanimados, aguentar os sofrimentos e confiar no Auxiliador. 

 

O salmista canta o cântico de Cristo; Cristo canta o canto dos que se sentem abandonados, dos que sofrem. Jesus, na cruz, ao salmodiar este trecho, Ele, no alto da cruz, se rebaixa, ele se une a nós, reza para nós e por nós. Quantas vezes nos sentimos abandonados? Infelizmente, nós o abandonamos, mas Ele nunca nos abandona.

Hosana

Na carta de São Paulo aos Filipenses, temos o hino magnífico que narra a descida, a “kenosis”, o esvaziamento de Cristo que se rebaixou, que sofreu por amor para nos resgatar e salvar. Ele é o servo obediente ao Pai.

Servo obediente que entra em Jerusalém que é aclamado, mas que é traído. Foi preso, apresentado a Pilatos e condenado como um malfeitor. O povo que o aclamou com “Hosana”, não passou muito tempo e passou a gritar para que Barrabás fosse solto e “Crucifica-o” esse povo gritava para Jesus.

:: Via-Sacra do Santuário do Pai das Misericórdias

Quantas vezes já imitamos esse povo? Aclamamos “Hosana” gritamos o nosso “Viva” e até o “Salva-nos”, dizemos que amamos, que Ele é tudo e, depois, através do pecado, gritamos “Crucifica-o”, “Não quero saber de Deus”; “Deus me abandonou”? Nós gritamos “Crucifica-o” por meio da nossa falta de amor, falta de perdão, falta de partilha, falta de louvor nas situações boas e ruins…      

Façamos o caminho com o Cristo da humildade, do amor e do perdão, mesmo e, principalmente, nas tribulações. Lembremo-nos sempre de que Cristo sofreu por amor a nós, por amor a mim e a você. Na dificuldade, lembre-se; na dor, lembre-se; na doença, lembre-se; na fartura e escassez, lembre-se do amor de Jesus. E, assim, levantemos nossa cabeça, nosso coração e nossas mãos a Jesus e aos que sofrem. 

Por fim, hoje vivemos um tempo de tristeza e alegria. Tristeza porque fazemos memória do Cristo que só fez o bem, mas foi maltratado; que nunca agiu com violência, mas foram violentos com Ele, estamos tristes porque nossos pecados ainda ferem e matam a nosso Senhor. Estamos tristes por causa das doenças, dos bancos vazios, das igrejas fechadas, estamos tristes porque o mundo chora, estamos tristes porque muitos morreram por causa da pandemia e, o pior, estamos tristes porque muitos ainda não descobriram o amor de Cristo; e tristes porque sem o Cristo não se obtém a salvação. 

Mas, neste Domingo de Ramos da Paixão, queremos dar lugar também à alegria, porque Cristo sofreu sim, mas por amor; e isso nos alegra. Nos alegramos porque Ele entra na Jerusalém do nosso coração, nos alegramos porque Ele não entra só na Igreja, e sim entra em nossas casas, entra em nossos corações.

Quantas manifestações nesses dias motivados pela nossa Igreja no Brasil e no mundo, quantos lares foram enfeitados, nos alegramos porque uma doença não é capaz de vencer o nosso Deus, uma doença não é capaz de vencer a nossa fé. O banco está vazio, mas nossa alma ficou ainda mais cheia de Deus, porque nossa fé foi e é renovada em Cristo. 

Padre Márcio Prado
Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias

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