Qual é o seu primeiro pensamento quando escuta a palavra “misericórdia”?

Acredito que existam alguns que pensem em caridade, doação e esmola. Outros, nas próprias misérias e limitações. Há os que logo se lembram de toda a história do povo israelita. E ainda aqueles que sonham em, um dia, ser tratados assim. Enfim, é certo que todos esses pensamentos se encontram em determinado ponto: convergem para o Senhor. Eu, quando ouço sobre “misericórdia”, ergo os meus olhos para o Alto.

Eis, então, o questionamento, o conflito interior: se Jesus é a misericórdia, como, de alguma forma, poderia eu, humana, sê-Lo para os outros?

Bem, a palavra, em sua origem latina, traz em si os termos “compaixão” e “coração”, ou seja, compadecer-se do coração de outrem, sobretudo quando este se encontra pobre e infeliz. É o que a misericórdia em si – Deus – faz conosco: vê a pobreza do homem, apieda-se e vem encontrá-lo. Só Ele é capaz de fazer feliz tão miserável coração.

Dito isso, é preciso compreender que se compadecer de um coração – ser misericórdia – é, antes de tudo, dar a ele aquilo que o faz tão necessitado. E toda alma tem fome infinita de Deus. Assim sendo, qualquer caminho traçado em busca de ser misericórdia que não se funde no próprio Deus é em vão.

:: Testemunho: “Obrigada, Pai das Misercórdias”

Ser misericórdia, portanto, é ser para o outro a voz de Deus, as mãos, o olhar. Um olhar que devolve tudo o que foi roubado por tantas situações e tantas más escolhas. É ser o Seu peito aberto, que acolhe e dá a verdadeira vida. E isso só é possível quando se está intimamente ligado Àquele que é.

Catarina Xavier
Missionária da Comunidade Canção Nova