DESDE 1947

O Dia da Bíblia

“Senhor, a quem iremos nós, tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68)

A Igreja Católica do Brasil, desde 1971, dedica o mês de setembro à Bíblia, porém, desde 1947, se comemora o Dia da Bíblia no último domingo de setembro. O mês de setembro foi escolhido porque no dia 30 desse mês é comemorado o dia de São Jerônimo.

“Graças a Deus não posso negar: a Bíblia faz parte da minha vida. Ela se tornou carne da minha carne e ossos dos meus ossos. Hoje, ela é como o sangue que corre nas minhas veias.” (Padre Jonas Abib) | Arte: Comunicação do Santuário

Neste ano, o livro bíblico escolhido para aprofundamento é a Carta aos Efésios, com a inspiração: “Vestir-se da nova humanidade!” (cf. Ef 4,24). O estudo sobre essa carta, que faz referência as primeiras comunidades cristãs, é um chamado a olharmos para a nossa forma de viver a fé em comunhão com os irmãos.

São Jerônimo

A Igreja sempre reconheceu São Jerônimo como um homem eleito por Deus para a grandiosa missão de traduzir os textos bíblicos para o latim. Por isso, foi nomeado patrono dos biblistas e de todos os que no mundo se dedicam a estudar as Sagradas Escritura. Morreu em 30 de setembro do ano 420, aos 80 anos, depois de passar quase 40 anos em uma gruta em Belém, ao lado da gruta da Natividade, fazendo a tradução dos textos originais do Antigo Testamento do hebraico e do Novo Testamento do grego para o latim. Ainda hoje a Vulgata, embora revisada, é o texto oficial da Igreja de língua latina.

Foi um período que deu resultados extremamente importantes, especialmente para a história da Igreja Ocidental em que a língua era o latim. A partir daquele momento, todos poderiam usar uma tradução da Bíblia feita diretamente dos textos originais, de acordo com a visão de São Jerônimo, para o qual, era preciso seguir a verdade hebraica, não as modificações feitas nas traduções subsequentes da Bíblia. Esta ideia é muito moderna, e hoje todos leem na primeira página de cada Bíblia: “traduzida dos textos originais”. É preciso dizer que São Jerônimo teve essa preciosa intuição já em seu tempo. Há Mil e quinhentos anos “.

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No dia da Bíblia recordamos também outros dois santos apaixonados pela Palavra de Deus: São Francisco de Assis e Santo Antônio.

Não dá para falar de São Francisco de Assis sem associá-lo à Palavra de Deus. A Igreja deu a ele o merecido título de “Homo Totus Evangelicus”. Para o santo de Assis, a Palavra era viva, palpitante, que podia ser tocada. Ele vivia uma experiência pessoal com Jesus através do contato com a Palavra que era como tocar o próprio Cristo. O Papa Inocêncio III observara que a norma de vida da comunidade franciscana, como queria São Francisco, era por demais árdua para compor um programa de vida, mas logo entendeu também que declará-la impossível, seria declarar impossível a vivência do Evangelho de Cristo.

Santo Antônio e seus sermões

O Frade Franciscano retirou das Sagradas Escrituras toda a matéria de seus sermões. Conseguiu dar destaque aos fatos históricos do Antigo e Novo Testamento, transformando-os em belos e saborosos sermões. Para os cristãos da Idade Média, principalmente os dos primeiros séculos, a Bíblia era a ciência mais importante, a única capaz de tornar os homens sábios.

O livro da Palavra de Deus

Na imagem de Santo Antônio, o livro é o símbolo mais antigo. Representa o Evangelho, a sabedoria de Santo Antônio como Doutor da Igreja. Representa, também, o pregador extraordinário que reunia multidões para ouvi-lo. Por seus conhecimentos e sabedoria bíblica, o Papa Gregório IX chamava-o “Arca do Testamento”. Pessoas se convertiam e inimigos se reconciliavam ao ouvi-lo pregar. E, quando não quiseram ouvi-lo, ele foi pregar para os peixes e, milagrosamente, um cardume enorme ficou com a cabeça fora d’água enquanto ele pregava, tamanho era o dom da pregação que ele tinha. Segundo uma tradição, Santo Antônio estava na cidade de Rimini na Itália e tentou pregar para o povo mas estes não o quiseram escutar e viraram-lhe as costas. Sem desanimar, Santo Antônio foi até à beira da água, onde o rio conflui com o mar, e chamou os peixes, já que os homens não o queriam ouvir. Aconteceu então o milagre: multidões de peixes aproximam-se em atitude de escuta. O povo ficou tão impressionado que também parou para ouvi-lo.

Padre Jonas Abib 

O fundador da Comunidade Canção Nova também foi um homem apaixonado pela Palavra de Deus e levou uma multidão a uma experiência pessoal com Jesus através da Palavra.

“Graças a Deus, não posso negar: a Bíblia faz parte da minha vida. Ela se tornou carne da minha carne e ossos dos meus ossos. Hoje, ela é como o sangue que corre nas minhas veias. Sei que preciso ser muito mais “Padre Jonas da Bíblia”. Preciso ler, conhecer, assimilar e, principalmente, viver mais a Palavra de Deus. Mas eu seria injusto com Deus, se mostrasse uma falsa humildade e negasse que o povo tem razão. O que as pessoas intuem é real. Não fui eu quem me fiz, foi o Senhor quem me tornou o “padre Jonas da Bíblia”. O testemunho que dou é d’Ele, daquilo que fez e só o Senhor é capaz de fazer. Testemunhando isso, não exalto a mim mesmo, mas ao Todo-poderoso, porque é Ele quem está fazendo esta obra em mim e também pode fazê-la em você. Esse é o testemunho que lhe dou: tudo o que sou e faço é resultado da presença da Bíblia no meu dia a dia. É a Palavra que cria para mim, hoje, a possibilidade de fazer o que faço. Tenho a certeza que ela ainda tem muito a fazer em mim, e eu quero que faça, peço que faça. Essa graça eu peço também para você!” (Padre Jonas Abib)

Lurdinha Nunes
Missionária da Comunidade Canção Nova

 

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