VEM LOUVAR

A Alegria que vem de Deus

Vamos encarar o fato: todos os seres humanos passam a vida inteira procurando a felicidade. Infelizmente, um grande número de pessoas procura a felicidade nos lugares errados, da maneira errada; alguns, nem mesmo sabem o que é a felicidade verdadeira. Mesmo aqueles que se suicidam, em última análise, procuram a felicidade pondo fim à sua dor insuportável. Poucos encontram a felicidade verdadeira e duradoura; ainda menos são aqueles que conseguem continuar sendo felizes apesar das circunstâncias adversas e penosas.

Jovens particiapam de noite de Carnaval na Canção Nova | Foto: Arquivo CN

Todos nós temos um histórico misto em nossas tentativas de encontrar a felicidade. O fracasso deve ser atribuído ao mundo secular, cada vez mais ímpio, sugerindo que procuremos esse tesouro indescritível nos lugares errados, com a atitude errada. Na medida em que tentamos encontrar a felicidade longe de Deus e de suas leis, nos encontramos de mãos vazias, mentes confusas e corações machucados.

O Evangelho de Lucas (15, 1-10) vai um passo adiante no tópico existencial de quão ilusória a felicidade pode ser. Mostra aqueles que, além de infelizes, são consumidos pela inveja daqueles que encontraram a felicidade. Eles se ressentem porque Jesus, a única fonte de verdadeira felicidade, continua a fazer felizes aqueles que são atraídos a ele. Irracionalmente, eles desejam que todos se sintam tão infelizes e frustrados quanto eles.

Intrigado?

Devemos nos sentir compelidos a ser atraídos por Jesus e ver se Ele pode nos ensinar a disposição interior que devemos adquirir para encontrar e manter a felicidade genuína tomando conta e revitalizando todo o nosso ser. Podemos começar tendo em mente que, para alguém com mentalidade oriental, fazer uma refeição com alguém era uma maneira sólida e bem estabelecida de se tornar “família”, de se tornar membros da mesma “família”. Dica: a refeição que Jesus compartilha com aqueles que são atraídos por Ele é, naturalmente, a Eucaristia, seu próprio Corpo e Sangue sob as espécies mais humildes e extremamente comuns de pão e vinho.

Ao olhar para os escribas e fariseus, percebemos onde e como NÃO buscar a felicidade verdadeira e duradoura. Eles eram arrogantes, hipócritas, meticulosamente escrupulosos em suas observâncias religiosas, aparentemente impecáveis, pessoas autoaclamadas sem culpa. No entanto, intrigados e frustrados por sua incapacidade de encontrar a felicidade em sua estrita observância da lei, eles correm para Jesus para reclamar de sua criação de um cenário diferente em que a felicidade é muito evidente e muito difícil de suportar. Como Jesus havia apontado repetidamente em suas conversas com eles, o que eles vivem é uma performance religiosa vazia, oca, principalmente exterior, que carece da necessária e humilde disposição interior que é um dos pré-requisitos para a felicidade.

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Assim, para encontrar a felicidade, aprendemos aqui que não podemos nos considerar autossuficientes, mas em constante necessidade de ser resgatados, levados à segurança, restaurados à integridade, curados, guiados, iluminados por Deus. Para encontrar a felicidade, devemos primeiro possuir a atitude interior de ansiar intensamente e de precisar desesperada e continuamente de Deus e de Sua graça. Por isso, para sermos membros da família de Deus e gozar da alegria duradoura da Eucaristia, devemos ser pobres de espírito para nos enchermos da riqueza de Deus.

O segundo passo para a felicidade é aprender o máximo que pudermos e, tanto quanto pudermos, sobre o modus operandi do Pai, sobre a mentalidade de Deus, sobre “como Deus funciona”. Temos apenas que olhar para estas duas parábolas curtas para a resposta certa.

Observe primeiro o sarcasmo velado de Jesus: “Que homem entre vocês…” Os escribas e fariseus, entre outros, consideravam os pastores cerimonialmente impuros porque viviam em contato íntimo com todos os tipos de animais impuros; deixaram de realizar a maioria das abluções exigidas e sua ocupação os impedia de comparecer às cerimônias do Templo conforme prescrito. Assim, podemos imaginar a expressão reflexiva de desgosto nos rostos de todos aqueles que ainda estavam reclamando com Jesus por comer com pecadores.

Outra atitude necessária ao nos aproximarmos da Mesa do Senhor é a atitude de nos sentirmos indignos, de precisarmos sempre de uma boa dose do perdão de Deus. Além da expressão inicial de desgosto nos rostos de sua audiência, o que Jesus faz não é uma pergunta retórica. Ele aponta a diferença marcante entre a maneira como Deus e as pessoas lidam com as perdas e o que as faz se alegrar. Os estudiosos bíblicos nos dizem que uma pessoa razoavelmente rica possuía até cerca de 40 ovelhas. Então aqui Jesus propõe uma situação em que este pastor tem que dar conta da perda a outros donos de ovelhas. Consequentemente, a resposta surpreendente é: “nenhum pastor em sã consciência deixaria 99 ovelhas (algumas suas, outras pertencentes a outros cidadãos da aldeia) no deserto, sem abrigo, sem água e sem comida, para sair à procura de apenas uma que se desviou. De forma sensata, ele tem que reduzir suas perdas e compensar o dono da ovelha desaparecida, dando-lhe uma das suas.

Você vê? Jesus nos diz que, ao contrário de um pastor prudente e sensato, somente o Pai arrisca tudo (realmente Ele arriscou seu único Filho na cruz) para nos ter de volta depois que nos perdemos. Aos olhos de nosso Pai celestial, cada um de nós, mesmo em nossa tolice, não tem preço!

Outra coisa é evidenciada pela segunda parábola. Imagine uma casa palestina sem janelas, mal iluminada e com chão de terra. Com que facilidade uma pobre mulher podia perder uma de suas poucas moedas. Depois de um tempo, a maioria das mulheres teria dito: “Eu tinha! Tenho tarefas melhores e mais urgentes para fazer com meu tempo. Ele vai aparecer mais cedo ou mais tarde.”

Mais uma vez, Jesus está nos dizendo que o Pai não pode descansar até que nenhum de nós esteja faltando ao redor de sua Mesa. Sua Família deve estar completa antes que a alegria seja verdadeira. Ele encontrará uma maneira de fazer com que todos os seus filhos desfrutem da Refeição que preparou para toda a eternidade.

Qual seria o nível de alegria se errarmos, se nos afastarmos de nosso Senhor, mas lembrarmos que o Pai acha que vale a pena arriscar tudo para encontrar cada um de nós?

Que grau de intensa felicidade teríamos se gravássemos no fundo de nossa mente que o Pai não descansará até que estejamos todos ao redor de sua Mesa?

Kaique Duarte
Seminarista da Com. Canção Nova

 

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