Monsenhor Jonas Abib

Faça a experiência com o Pai das Misericórdias

Todos nós conhecemos a parábola do filho pródigo, narrada no Evangelho de Lucas, no capítulo 15. Essa linda passagem, que nos fala sobre a volta do filho pródigo, na verdade poderia ser chamada de a “parábola do pai pródigo”, porque ser pródigo quer dizer esbanjador, gastador. Muito mais do que aquele filho esbanjar a fortuna da família, o pai “esbanjou” perdão, misericórdia e amor àquele filho que voltou para seus braços, para o lar.

Mosaico do Pai das Misericórdis (Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com)

É muito mais a “parábola do pai pródigo”, porque o próprio Jesus nos disse: “Sereis misericordiosos como vosso Pai celeste é misericordioso”. E como aquele pai foi misericordioso! A que ponto chega sua misericórdia para com o filho?

Esse pai que nos fala a parábola é Deus Pai para conosco. O filho cometeu a maior – desculpe-me a expressão –, “burrada” da sua vida. Ele prejudicou toda a família, porque, naquele tempo, uma herança não era em dinheiro, ou seja, era em forma de divisão de terras, gados, ovelhas e plantações.

Então, para o pai poder dividir e dar ao filho que reclamou a parte que lhe cabia, ele “estragou” toda a sua fortuna, o resultado do trabalho de uma vida inteira. E o que faz aquele filho? Pegou tudo e foi para uma terra longínqua, foi “torrar” os bens de seu pai numa vida desregrada.

:: Deus nos olha com misericórdia e nos ama

Quando ele começou a passar necessidades, resolve voltar para casa. O pai o aguardava, porque seu coração dizia que, um dia, seu filho iria voltar. Seu coração lhe dizia diariamente: “Um dia ele vai voltar”. E o pai o avistou de longe.

Na verdade, o pai percebeu o que o filho estava voltando, longe, mas na direção de sua casa. Então, o pai tomou a iniciativa e foi em direção ao filho; quando o encontrou, abraçou-o, cobriu-o de beijos e devolveu-lhe toda sua dignidade. Sim, porque o filho perdeu tudo, inclusive sua dignidade. Suas vestes estavam em estado lastimável, seu corpo era uma miséria só. O pai o colocou numa túnica nova, devolveu seu anel, que era o símbolo justamente da filiação que ele tinha perdido, ou talvez vendido, e devolveu até mesmo suas sandálias. Depois, chamou os criados para realizar uma grande festa: “Porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado”.

O pai o aguardava, porque seu coração dizia que, um dia, seu filho iria voltar. Seu coração lhe dizia diariamente: “Um dia ele vai voltar”

Jesus está dizendo: “É assim a misericórdia do nosso Pai”. Aparece também, na parábola, a figura do filho mais velho que, ouvindo os sons das músicas e das danças, quis saber o que estava acontecendo, e o servo lhe falou da volta de seu irmão. Ele ficou com muita raiva e não quis entrar. O pai, com toda sua misericórdia, saiu ao encontro desse filho e percebeu que ele estava com raiva, fazendo “birra”, não queria entrar na festa, festejar a volta do irmão. O filho mais velho disse ao pai: “Eu o servi a vida inteira, obedeci-lhe sempre e nunca me deste nem mesmo um cabrito para eu festejar com meus amigos”. E o pai insiste com o filho: “Meu filho, este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado”.

Assim é a misericórdia do nosso Pai. O que Jesus fez com essa parábola foi nos ensinar que precisamos ser misericordiosos, como o Pai celeste é misericordioso: “Não são as pessoas com saúde que precisam de médico, mas as doentes. Não é a justos que vim chamar, mas a pecadores” (Mc 2,17).

Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib
Reitor do Santuário do Pai das Misericórdias

Artigo extraído do livro ‘O abraço do Pai’ de monsenhor Jonas Abib. 

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