Hosana

O Domingo de Ramos

“Mantos e palmas espalhando vai, o povo alegre de Jerusalém;
Lá, bem ao longe, se começa a ver, o filho de Deus que montado vem […]
Hosana, Hosana ao Rei!”.

Assim que a equipe de música entoa alegremente e em plenos pulmões esse peculiaríssimo cântico litúrgico muito usado aqui no Brasil, uma atmosfera singular toma conta das igrejas e capelas espalhadas pelo nosso país. Quase ninguém passa ileso depois de experimentar em seus ouvidos os contornos sonoros dessa melodia que sustenta uma letra inspirada numa das passagens mais conhecidas do Evangelho (cf. Mt 21, 1-11; Mc 11, 1-10; Jo 12, 12-16; Lc 19, 28-40).

Alguma coisa de simbólico e misterioso toma conta de nós, algo que, muitas vezes, não sabemos sequer nomear. É o coração se preparando para a semana litúrgica mais importante para os cristãos católicos, a Semana Maior, a Semana Santa, a “Hebdomada Sancta, maior”. Assim, o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor marca o início da Semana Santa.

No Domingo de Ramos (Dominica in palmis), todos nós somos convidados a celebrar os mistérios de amor, de dor e da glória daquele que é o Santo dos Santos. Portanto, é o momento em que a Igreja nos permite fazer memória da entrada triunfal de Cristo em Jerusalém.

:: Qual remédio tomamos se formos envenenados?

Nosso Senhor, por obediência ao Pai, colocou-se a caminho da Cidade Santa para realizar o maior ato de amor que alguém poderia fazer pela humanidade, a entrega total de si. Entrega essa que se concretizou no madeiro da cruz. Da entrada em Jerusalém à morte de cruz, transcorreram exatos seis dias. A oferta de amor de um Deus todo poderoso que se fez o mais insignificante e desprezado dos homens. Se num primeiro momento esta celebração tinha um tom triunfante com cânticos em honra ao grande Rei, agora, o júbilo dá lugar à dor sofrida por um Rei crucificado. 

Que rei todo poderoso seria esse que troca um vigoroso corcel por um simples jumentinho? Logo o jumento, o asno, o animal mais irracional dentre todos os animais, o mais estúpido e desprezível, aquele que se presta a levar o peso humano em suas costas?

Pseudo-Crisóstomo em uma de suas homilias nos ensina que, muitas vezes, os homens são comparados aos animais, especialmente quando ainda não conheciam o Filho de Deus: “sujos por suas diversas paixões, irracionais, […] estúpido porque desprezam a Deus, débeis com relação à alma, vis porque, esquecendo-se de sua descendência celestial, converteram-se em escravos de suas paixões e dos demônios”. Foi por amor, caríssimos irmãos em Cristo! Somente o amor! Por amor, o Deus todo poderoso não se fez apenas homem, mas o pior dos homens; foi por amor!

:: O Espírito Santo nos desperta

Portanto, lembremos sempre de que já não somos mais cativos, Deus já nos libertou dos grilhões da escravidão do pecado e da morte. Pelo batismo fomos transferidos para o domínio da liberdade dos filhos de Deus, recebemos em nossa alma um sinal espiritual indelével que nos consagrou e que nos inseriu na vida da graça de Cristo.

Para finalizar e apenas a título de informação, os ramos abençoados e incensados durante essa solenidade não serão descartados logo que a celebração litúrgica encerrar-se. Eles serão guardados com todo cuidado até que sequem completamente. No ano seguinte, esses mesmos ramos serão queimados para serem utilizados na Santa Missa da Quarta-feira de Cinzas.

Gleidson de Souza Carvalho
Seminarista da Comunidade Canção Nova
@cngleidson

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