DEVOÇÃO REPARADORA

O papel da Virgem Maria no Sábado Santo

A ESPIRITUALIDADE DA DEVOÇÃO REPARADORA

Neste mês de abril a Devoção Reparadora dos cinco primeiros sábados será, excepcionalmente, no dia 10, uma vez que no dia 03 tivemos o Sábado Santo – o mais importante do ano litúrgico – no qual fomos chamados a estar em comunhão com a Santíssima Virgem, através do silêncio e da fé em Jesus Cristo. Verdadeiramente, este foi o dia em que a Virgem Maria, com sua fé inabalável nos desígnios do Pai, confiou que a morte não teria a última palavra sobre a vida de Seu Filho unigênito, e assim sustentou a fé da Igreja nascente.

Tendo-se em conta a relevância deste dia para a liturgia eclesial, ao invés da abordagem sobre a relação da Mensagem de Fátima com os dez Mandamentos da Lei de Deus – que está sendo aprofundada na catequese que é aplicada no momento da Devoção Reparadora – será colocada em relevo a doutrina da Igreja Católica acerca do papel da Virgem Maria no Sábado Santo e, deste modo, sua eminente colaboração na história da salvação.

Pode-se afirmar, de acordo com a Tradição Católica, que o sábado é dedicado à Maria Santíssima em sua liturgia, precisamente porque no Primeiro Sábado Santo ela esteve sem Jesus vivo e, por isso, este foi um dia em que vivenciou sua fé de maneira absoluta e perfeita. Este foi o dia no qual, diante da profunda dor e do medo dos discípulos de Cristo, a fé permaneceu na Virgem Maria, de tal maneira que Ela, naquele dia, foi a única expressão da Igreja.

Com efeito, Maria foi, naquele Sábado Santo, a chama ardente, a lâmpada inextinguível que iluminou, com sua fé, a terrível noite da Paixão (Pr 31,18), uma vez que, enquanto tudo ao seu redor vacilava, Ela ficou como coluna imóvel, como testemunha São João: “Junto à cruz de Jesus estava de pé sua mãe” (Jo 19, 25). Portanto, este dia de trevas profundas e do abandono mais cruel também foi o dia em que Sua fé brilhou de maneira mais sublime.

Foi durante a Paixão de Jesus que a Virgem Maria conquistou a coroa do martírio e mereceu de maneira mais completa estar associada à Sua redenção, uma vez que, aos pés da cruz, sofreu na alma o martírio que o Seu Filho sofreu no corpo e, apesar do sofrimento atroz que enfrentou, guardou o recolhimento mais perfeito e o silêncio mais inefável.

De fato, o primeiro Sábado Santo foi o dia mais amargo para Nossa Senhora, no qual ela participou no mais alto grau do mesmo abandono e da mesma aflição misteriosa do Filho no Calvário. Nunca, como neste dia, Maria fez suas, as palavras de Jesus: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” (Mc 15,34). Assim sendo, pode-se afirmar que as palavras de São Paulo: “o justo vive pela fé” (Rom. 1,17), se aplicam de maneira excelente a Nossa Senhora, pois é a mais perfeita das almas depois de Jesus Cristo. Maria é, portanto, a serva eleita de Deus, por Ele elevada como o modelo mais admirável de fé, porque abandonou-se inteiramente aos seus desígnios.

O Concílio Vaticano II afirma que os fiéis que se esforçam ainda para vencer o pecado e crescer na santidade, levantam os olhos para Ela, que aparece como modelo diante de toda a comunidade dos eleitos. (Lumen Gentium, 65). É por isso que, neste dia, a Igreja ao meditar piedosamente no mistério da Virgem Maria que se fundamenta em sua maternidade divina, penetra mais profundamente no altíssimo mistério da Paixão, morte e Ressurreição de Seu Filho Jesus Cristo.

De fato, nunca existiu nem existirá fé mais profunda que a dela, como salientou sua prima Santa Isabel: “Bem-aventurada aquela que acreditou que se cumpriria o que lhe foi dito da parte do Senhor” (Lc 1,45). Assim como no momento da Anunciação, também no momento da Paixão, seu ato de fé foi perfeito, visto que não deixou de acreditar que seu Filho fosse verdadeiramente o Filho de Deus, vitorioso sobre o diabo, sobre o pecado, sobre a carne e sobre a morte. Entretanto, esse sublime ato de fé não terminou na Sexta-feira Santa, mas se estendeu e se intensificou durante todo o Sábado, o dia em que a sua fé, como sua dor, atingiu seu auge.

Naquele Sábado Santo Maria compendiou em seu Coração a fé da Igreja e, portanto, foi o Coração da Igreja que vigiou com uma fé inabalável. Neste sentido, São Boaventura afirma que, no Coração de Maria, neste dia santo, Deus construiu como em uma pedra mística a sua Igreja. E, ainda de acordo com inúmeros testemunhos de santos e de doutores da Igreja, pode-se afirmar que, no terrível Tríduo em que cessaram os batimentos do Coração do divino Redentor, toda a fé e toda a vida de seu Corpo Místico estavam encerradas no Imaculado e Sábio Coração de Maria. Assim sendo, o Papa Leão XIII, afirma que Maria tem uma tarefa misteriosa de nos fazer alcançar a fé (Encíclica Adiutricem Populi, n. 5) e nela, como no fundamento mais nobre depois de Jesus Cristo – acrescenta São Pio X – repousa a fé de todos os séculos (Encíclica Ad diem illum laetissimum, n. 5).

São Luís Maria Grignion de Monfort (2014) assegura que, com o consentimento do Altíssimo, Maria conservou a fé na glória, para mantê-la na Igreja militante em seus servos fiéis. Neste sentido, afirma que, entre os principais frutos da verdadeira devoção a Nossa Senhora, está precisamente a participação em sua fé autêntica, viva e animada pela caridade. Este grande apóstolo da Virgem Maria afirma que, sob o seu valioso patrocínio, a virtude da fé será a nossa vida divina, o nosso tesouro secreto de sabedoria e a nossa arma poderosa, da qual nos serviremos para iluminar aqueles que jazem nas trevas e nas sombras da morte.

Atesta ainda que esta fé também servirá para atear aqueles que estão mornos e que precisam do ouro ardente da caridade, para dar vida aos que estão mortos no pecado, para ferir e derrubar com suas palavras doces e capazes os corações de mármore e, finalmente, para resistir ao diabo e a todos os inimigos da salvação.

Pode-se constatar que o pedido de Nossa Senhora em Fátima para lhe honrar no sábado pela prática da Devoção Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados, está relacionado com a terrível perda de fé do gênero humano nos dias atuais. Assim sendo, a fé da Igreja ensina que na “escuridão” hodierna, a fé de Maria permanece como aquela cidade localizada na montanha (Mt 5, 14), como o arco-íris nas nuvens (Gn 9, 13), como a bandeira levantada entre as nações (Is. 62, 10) e como a tocha que brilha em um lugar escuro (2 Pd 1,19). Peçamos à Maria Santíssima a graça de participar de sua fé inabalável no Deus vivo para que possamos permanecer incólumes na fé em Seu Filho Jesus Cristo e, com Ele, ressuscitar um dia na glória.

Convidamos você a participar deste momento mariano da Devoção Reparadora dos Cinco Primeiros Sábados que será transmitido pelas redes sociais do Santuário (Facebook e Instagram) com início às 10h neste próximo Sábado dia 10/04. Deste modo, nos uniremos pela fé em Jesus Cristo por meio de sua Santíssima Mãe para que, assim, possamos apressar o cumprimento de sua maravilhosa promessa: “Por fim, meu Imaculado Coração triunfará!” (IRMÃ LÚCIA, 2015, p.177).

 

Áurea Maria

Comunidade Canção Nova

 

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