Quem mais se entregar, mais se molhará!

“Ninguém se afaste do amor do vosso bom Coração. Buscai, nações, nesta fonte as graças da remissão. Aberto foi pela lança e, na paixão transpassado, deixou jorrar água e sangue, lavando nosso pecado.”

Com esse pequeno trecho do Hino das Laudes, rezado na Liturgia das Horas no dia da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, afirmamos com toda certeza: O Coração de Jesus é Fonte de Misericórdia, fonte que jorra para a vida do mundo e dos pobres pecadores! É lá que o homem recebe vida novamente para recomeçar depois das quedas causadas pelo pecado.

“Mas que Coração é esse?”, poderíamos nos perguntar. É o Coração que vai além de qualquer romantismo e, mesmo assim, nunca parou de pulsar de amor pela humanidade pecadora. Como o próprio Jesus revelará à Santa Margarida Maria Alacoque: “É o Coração que tanto amou os homens e em troca só recebeu ingratidão, principalmente das almas que lhe são consagradas”.

Meu caro irmão, esse Coração é o Coração da cruz, da cena do Calvário, é o Coração que foi transpassado pela lança do soldado num golpe terrível e frio, é o Coração que se deixou transpassar, que se deixou abrir, para que ali nascesse uma Fonte que duraria para a vida eterna: a Fonte da Misericórdia!

A lança abriu uma brecha, e dali jorrou sangue e água como Fonte de Misericórdia para nós! E, nesta brecha, podemos entrar, você e eu, para sermos lavados, regenerados, confirmados, santificados. Essa brecha, como vai dizer São Boaventura, deu aos sacramentos da Igreja o poder de nos conferir a vida da graça e o retorno ao convívio com o Pai. Desta fonte bebemos, pois ela é viva e jorra para a vida eterna.

Diante disso, eu te convido: vamos à Fonte! Banhemo-nos em suas águas, mergulhemos sem medo, até que não haja nada em nós que não tenha sido tocado por ela. Reconheçamos que precisamos ser limpos dos nossos pecados, das nossas infidelidades, incoerências, contra testemunhos, e depois disso, vamos à Fonte! Não fiquemos apenas admirando a sua beleza de fora, friamente, de longe, mas tenhamos a coragem de nos deixar banhar. Como diz uma antiga canção: “Quem mais se entregar, mais se molhará!”.