O que tem sido peso para você?

Hoje, na Igreja, estamos vivendo o tempo do Advento que nos convida a nos prepararmos para a vinda de Jesus. Ele que vem na manjedoura da pobre gruta de Belém, mas também Jesus que virá glorioso e vitorioso sobre as nuvens do céu. Portanto, vale a pena refletir, neste tempo oportuno: “Como temos vivido essa feliz espera?”.

” Será que temos carregado em nossos corações e nossas mochilas o peso do ódio?” | Foto: cancaonova.com

Gosto muito de comparar a vida de oração e o nosso caminho com Deus com uma escalada de uma montanha. Em primeiro lugar, porque é um desafiar-se a si mesmo, mas também porque, talvez, o próprio Deus inspirou essa imagem já no Antigo Testamento, em que o monte era o lugar do encontro com o Senhor.

Sendo assim, vamos imaginar que estamos em uma trilha que sobe para uma montanha. No começo da subida é fácil, pois o terreno não é muito íngreme, porém, conforme vamos subindo, perecemos; porque a elevação começa a aumentar, por vezes o caminho fica mais pedregoso, existem buracos, fendas, pedras soltas que precisamos tomar cuidado. Se a montanha for muito alta mesmo, as árvores que sombreavam o caminho aos poucos vão ficando cada vez mais escassas, até que só temos o paredão de rocha à nossa frente e, talvez, até neve.

Caminho de subida

Não vou dizer que é fácil e suave, na verdade, é bem exigente, mas vale a pena, pois, lá no alto, podemos contemplar a paisagem, uma paisagem que você nunca mais vai ver em outro lugar, podemos dizer que é algo único, incomum, raro e que marcará sua vida para sempre. No caso da vida espiritual, encontramos Deus; e essa experiência também muda a nossa vida radicalmente.

:: Ser misericórdia para o outro

O caminho de subida em si já não é tarefa fácil, mas, se não tomarmos alguns cuidados, podemos nos perder no caminho, desviar a rota, ou até mesmo cair do lugar em que estávamos. Duas das realidades mais comuns que tornam a caminhada mais difícil são os excessos e as distrações.

Quem já tentou fazer alguma coisa carregando excesso de peso como, por exemplo, abrir o portão de casa com um monte de sacolas de supermercado sabe o quanto é complicado e cansativo. Por isso, nessa caminhada rumo ao topo, só é necessário levar o essencial e se livrar de todo o peso, de todo o excesso que cansa, que torna os movimentos difíceis, o passo pesado e vagaroso. O que tem sido peso para você? Será que temos carregado em nossos corações e nossas mochilas o peso do ódio, do remorso, da falta de perdão, dos apegos materiais? Ficamos presos ao passado e às realidades que não nos deixam prosseguir?

Sacrifício

Diante disso, não existe outro remédio além do deixar. Abrir a mão e deixar cair aquilo que há muito tempo carregamos, parar de remoer as feridas, dar o perdão necessário e buscar superar os traumas, abandonar aquilo que não permite que caminhemos. Um exemplo bem concreto: acordar um pouco mais cedo, vinte minutos ou meia hora para nos dedicarmos à oração, a estar com Deus. Isso exige um sacrifício, porém, nos eleva, nos impele e impulsiona para cima. Nos disciplina e nos faz mais fortes, por exemplo, contra a preguiça, o comodismo, o excesso de conforto, e constrói em nós as virtudes da fortaleza, da perseverança, da temperança, mesmo sendo um ato tão simples e pequeno.

Quanto às distrações, é preciso tomar cuidado com elas, pois retardam nosso caminho de crescimento, nos fazem perder tempo, tiram o foco e até nos desviam da rota, sem contar que caminhar desatento pode causar acidentes e quedas.

É preciso evitar as distrações (que nem sempre são ruins) ou pecados, que ocupam o lugar daquilo que deveria ser a nossa prioridade. O uso do celular ou das redes sociais não é mal, nem pecado em si, porém, a maneira como eu utilizo pode me atrapalhar no meu caminho quando, ao invés de me dedicar ao que eu preciso realizar no meu dia, seja no emprego, na faculdade ou mesmo na vida de oração, eu gasto meu tempo no celular.

Por isso, vale a pena perguntar quais têm sido as nossas prioridades? Eu tenho dado mais importância ao meu celular ou à minha vida de oração? Tenho passado tempo com a minha família ou só penso em trabalhar? Quais são as minhas preocupações? O que tem ocupado a minha cabeça ultimamente? Consigo me concentrar e terminar aquilo que eu comecei?

Algo que pode ajudar muito é a organização. Parar um pouco para refletir sobre o que é preciso fazer; e aquilo que não é urgente eu posso deixar para depois. Depois, é hora de ter foco e realizar bem cada coisa, uma por vez, retirando as fontes de distração. Voltando ao exemplo: se o celular é uma distração para você, então, tire de perto, coloque fora de vista, no modo silencioso e, assim, você poderá ir crescendo aos poucos e melhorando a cada dia. Além de ter claro o objetivo final, a meta é o topo, o céu.

:: A perseverança nos leva para Deus

Este é o desafio que faço para você, neste tempo de Advento: um momento de parada para olhar para sua vida e perceber quais têm sido as distrações e os excessos que você tem vivido? E te convido a colocar no papel algo de concreto que você precisa fazer para mudar essa realidade. Não precisa ser nada muito grande, pois, a caminhada se faz com um pequeno passo de cada vez rumo ao topo, o importante é sempre dar o passo.

Deus o abençoe!

Matheus Cesário
Missonário da Comunidade Canção Nova