As grandes graças da minha vida foram o meu encontro pessoal com Jesus e o Batismo no Espírito Santo.
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Homilia do Monsenhor Jonas na Santa Missa em ação de graças pelos seus 80 anos de vida:
“O Evangelho de ontem mostrou Maria recebendo o anúncio do Anjo. O de hoje nos mostra Maria indo a casa de Isabel e seu esposo Zacarias, em Ein Karem, uma viagem longa que naquele tempo se fazia a pé. E bonito que o Evangelho diz que ela entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel: ‘Shalom’. Quando Maria disse ‘Shalom’ a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Também João Batista ficou cheio do Espírito Santo. Um pouquinho antes, foi o Evangelho desses dias, quando falou-nos de Zacarias. O Anjo Gabriel diz a ele que aquele menino que haveria de nascer de uma mãe estéril seria cheio do Espírito Santo desde o ventre materno. Vemos aí Maria cheia do Espírito Santo e basta para ela dizer ‘Shalom’ e Isabel ficou cheia do Espírito Santo assim como João Batista: a criança pulou de alegria pelo sexto mês ficou cheio do Espírito Santo.
História | Nas vésperas da ordenação
As grandes graças da minha vida foram o meu encontro pessoal com Jesus e o Batismo no Espírito Santo.
Eu me lembro muito bem: eu estava no curso de teologia, já no quarto ano, portanto, no final daquele ano, eu ia-me ordenar mas tive uma doença esquisita, atrapalhada: eu tinha muita dor de cabeça e os olhos não se fixavam e com isso eram muito difícil estudar; e eu precisava estudar mas não conseguia. Quando chegou na proximidade do mês de maio, o superior do nosso seminário – Pe. Antônio Charbel – disse: ‘É melhor você sair do seminário. Vá para Lavrinhas (onde estava o nosso seminário menor) que vai ser inútil você se esforçar. Eu eu fiz: fui trabalhar na horta. Todos os dias de manhã cedo eu ia para a horta atá ao meio dia. Ia à tarde de novo porque uma boa horta tem de ser regada de tarde. Assim, fui passando assim os dias e perguntando a Deus o que é que Ele queria de mim. Por que, eu, no último ano de teologia, nas vésperas da ordenação? Tudo indicava que não seria ordenado, mas eu perguntava para Deus (não contestava), perguntava: ‘como é que era aquilo?’
Uma irmã salesiana – Ir. Clara – era a dirigente do hospital em Piquete veio a Lavrinhas e lá me encontrou, ficou sabendo da minha situação, e disse aos superiores de Lavrinhas: ‘é melhor que o o Jonas vá para o hospital’. Me levaram para o hospital, me entregaram a bom médico, o Dr. Vanderlei. Ele fez todos os esforços, muitos remédios mas nada mudou.
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Quando chegou ao mês de junho, a própria Ir. Clara me disse: ‘Jonas, está acontecendo em Lorena, uma Mariápolis. As nossas funcionárias foram e voltam muito contentes, dizendo coisas lindas. Por que é que você não vai?’ Lá fui eu… Quando cheguei ao salão, onde estavam acontecendo as conferências, o senhor que estava na porta pediu que eu não entrasse porque estava sendo dado um testemunho. Eu fiquei atrás da cortina ouvindo. Era justamente o dirigente daquela Mariápolis (encontro importante dos focolarinos). Ele vinha do nordeste para Lorena mas no caminho pegou uma desidratação muito forte, teve que ser hospitalizando na Baia. Ele perguntava para Deus: ‘por quê aquilo?’ E a pergunta dele era a pergunta minha. Ele disse que não teve resposta. Apenas que, quando estava saindo do hospital, o número de pessoas que vieram para lhe agradecer… Era a minha situação. Eu perguntava a Deus: ‘Por que estava acontecendo tudo aquilo comigo?’
Numa daquelas noite, no Colégio São Joaquim, num dos quartos que me cederam, eu tinha um livro com os quatro Evangelhos e eu abri e caiu em Mt, 4: ‘E vós, quem dizeis que Eu sou?’ Era uma pergunta simples feita para os apóstolos mas aquilo caiu dentro de mim com uma força total. Era Jesus dizendo para mim: ‘Jonas, e você? Quem você diz que Eu sou? Quem sou Eu para você, Jonas?’
Eu não sei tudo o que aconteceu, foi tudo muito intenso. Acabei de joelhos no chão e entreguei a minha vida para Jesus. Pensei: ‘Eu não vou mais perguntar porque eu estou aqui. Faça de mim o que o Senhor quiser’.
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A partir daquele dia, eu me senti diferente. Quando acabou a Mariápolis, eu continuava com muita dor de cabeça, com os olhos faiscando mas havia dentro de mim um entusiasmo, uma força, uma alegria. Eu tive a coragem de ir ao meu superior e disse-lhe: ‘Será que eu não posso me ordenar no fim deste ano?’ Eu já tinha a negativa; estava esperando a positiva. Ele acabou dizendo: ‘Se você conseguir fazer os exames do primeiro semestre e passar, você pode ser ordenado no fim do ano.’ Voltei para o seminário, doente como antes, mas disposto a estudar as matérias do primeiro semestre.
Graças a Deus, passei, e no dia 8 de dezembro, me ordenei e comecei o meu tempo de sacerdote. Eu fazia mil coisas para levar Jesus aos rapazes do colégio: pequenos e grandes encontros… Havia dentro de mim uma força que me levava a levar Jesus. Eu não podia ficar parado. Depois da minha ordenação, a minha dor de cabeça passou: Deus agindo na minha vida.
O Santuário do Coração de Jesus enchia-se de jovens. Era uma beleza para nós. Mas alguns não gostaram e chegou aos ouvidos do inspetor geral. No final de uma Missa, estava tirando os paramentos e estava lá o superior: ‘Continue porque se Dom Bosco estivesse vivo ele faria a mesma coisa. Fiz questão de ir para o confessionário e ouvir as confissões desses jovens. Continue porque esses jovens são santos‘.
História | Nas vésperas da ordenação
Depois, fiquei tuberculoso, saí do sanatório, fui enviado para Lorena. Para mim era um exílio. Eu não era capaz de ver os planos de Deus. Vim para Lorena com um ressentimento muito grande, uma mágoa enorme daquele superior. A minha esperança era que, passado um tempo, eu voltasse para o trabalho com os jovens em São Paulo. Só que o tempo passava e eu não voltava. Então o meu ressentimento aumento e isso é terrível. É ácido. Pasmem: eu era um padre que não rezava. Rezava a minha Missa e terminou. Não rezava mais nada. Eu estava seco por dentro. Não é que eu não queria; eu não conseguia.
Quando aconteceu uma coisa inesperada: veio a notícia que um padre – Padre Haroldo Rahm vinha fazer um dia de encontro com os nossos seminaristas em Lorena. Eu quis muito participar só que, na véspera, o meu superior, Padre Anderson, me disse para ir celebrar Missa em Silveiras porque era Finados e à tarde ia haver reunião de professores. A minha expectativa que participasse daquele encontro aquele encontro caiu por terra. O ressentimento, a mágoa aumentaram.
Graças a Deus, à noite, eu tinha feito um propósito de, todas as noites, rezar o Divino Espírito Santo. Naquele dia, quando fui rezar o Vinde, Espírito Santo, aceitei do fundo do meu coração, aquela situação. No dia seguinte, veio a notícia que o Padre Haroldo havia chegado e queria falar comigo. Foi uma alegria reencontrá-lo. Ele tinha de começar o encontro e nos despedimos. O meu superior disse para participar do encontro. Foi o dedo de Deus. Padre Haroldo disse-nos o que estava acontecendo no mundo com a Renovação Carismática Católica e os dons do Espírito Santo. Eu tinha horror a isso mas Deus me pegou direitinho. Mas, eu acolhi. Ele disse que aqueles dons que aconteceram em Pentecostes.
No final, ele disse para os padres professores do seminário: ‘se vocês quiserem eu imponho as mãos sobre cada um para que recebam esse batismo no Espírito Santo’. Eu desejei do fundo do meu coração. Eu quis mesmo. Eu não sabia o que era aquilo mas eu quis do fundo do meu coração. Padre Haroldo veio, rezando um por um. A minha decepção: quando ele chegou e rezou por mim eu não senti nada. A mesma frieza de não sentir nada. Mas que beleza: naquela noite, sozinho nos pátios do colégio, eu fiquei orando. Eu orava como nunca tinha orado antes. A oração brotava do fundo do meu coração. Era uma oração íntima, uma oração do coração, uma oração que enchia a minha alma.
No dia seguinte, tudo estava diferente e eu estava diferente: o colégio, as árvores, as pessoas; eu estava diferente..A partir dai, a minha Missa nunca foi mais a mesma. Havia um fervor diferente na celebração da Eucaristia.
Voltei a pegar na Bíblia e parecia que as letras saltavam do papel para os meus olhos e o sentido daquelas palavras me enchiam. A minha própria confissão mudou. Todos os meses, ia a Aparecida com grande arrependimento das faltas todas que eu tinha.
Foram as duas grandes graças na minha vida: o meu encontro pessoas com Jesus e o batismo no Espírito Santo, em Lorena, para onde eu não queria ir. A partir de Lorena, no Vale do Paraíba, nasce tudo o que nós somos e temos. Deus queria mudar radicalmente o rumo da minha vida. Deus queria que cantássemos uma canção nova. Foi duríssimo. Tudo o que fizemos custou suor, lágrimas e sangue. Custou. Mas, está aí! A Canção Nova está aí para quem quiser ver e dizer: ‘isto é obra de Deus, um milagre a nossos olhos’.”
O final da homilia foi um momento de oração fervoroso invocando o Espírito Santo (vídeo acima).
Pai das Misericórdias e Deus de toda consolação, ouvi-nos!