SEGUNDO SÃO JOÃO XXIII

A Misericórdia do Pai

O Papa João XXIII espelhava no seu rosto a misericórdia de Deus

No dia 11 de outubro, a Igreja celebra a memória do grande Papa São João XXIII, que o povo chamava de “o Papa bom”, por sua bondade e misericórdia para com todos. 

João XXIII, o Papa Bom, convocou o Concílio Vaticano II, que marcou a história da Igreja católica / Foto: Arquivo

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Na verdade, este grande Papa — que teve seu pontificado de 1958 a 1963, um pouco mais de quatro anos —, foi aquele que teve a inspiração e a coragem de convocar o Concílio Vaticano II, o maior acontecimento da Igreja no século XX. Já com mais de oitenta anos, confiando na misericórdia de Deus, ele entendeu que a Igreja precisava dessa renovação e teve a coragem de convocar o Concílio, que reuniu cerca de 2600 bispos do mundo todo em várias sessões durante três anos (1962-1965).

Num dos seus discursos o Papa mostrou o rosto da misericórdia de Deus:  

“A minha pessoa nada vale: é um irmão que fala para vocês, um irmão que virou pai por vontade de Nosso Senhor. Vamos continuar a querer bem um ao outro […]. Voltando para casa, encontrarão as crianças. Deem a elas um carinho (ou uma carícia) e digam: “Este é o carinho do Papa”. Talvez as encontreis com alguma lágrima por enxugar. Tende uma palavra de consolo para aqueles que sofrem. Saibam os aflitos que o Papa está com os seus filhos, sobretudo nas horas de tristeza e de amargura. E depois todos juntos vamos amar-nos uns aos outros, […] sempre cheio de confiança em Cristo que nos ajuda e nos escuta […]. Adeus, filhinhos. À bênção junto o desejo de uma boa noite”.

João XXIII foi canonizado em 27 de abril de 2014, domingo da Divina Misericórdia, em Roma, juntamente com o também Papa João Paulo II.

Na homilia da santa Missa o Papa Francisco ressaltou a Misericórdia de Deus vivida por esses dois santos Papas. Disse o Papa Francisco:

“São João XXIII e São João Paulo II tiveram a coragem de contemplar as feridas de Jesus, tocar as suas mãos chagadas e o seu lado trespassado. Não tiveram vergonha da carne de Cristo, não se escandalizaram d’Ele, da sua cruz; não tiveram vergonha da carne do irmão (cf. Is 58, 7), porque em cada pessoa atribulada viam Jesus. Foram dois homens corajosos, cheios da parrésia do Espírito Santo, e deram testemunho da bondade de Deus, da sua misericórdia, à Igreja e ao mundo. Foram sacerdotes, bispos e papas do século XX. Conheceram as suas tragédias, mas não foram vencidos por elas. Mais forte, neles, era Deus; mais forte era a fé em Jesus Cristo […]; mais forte, neles, era a misericórdia de Deus que se manifesta nestas cinco chagas; mais forte era a proximidade materna de Maria. Nestes dois homens contemplativos das chagas de Cristo e testemunhas da sua misericórdia, habitava «uma esperança viva», juntamente com «uma alegria indescritível e irradiante» (1 Ped 1, 3.8). […] Esta esperança e esta alegria respiravam-se na primeira comunidade dos crentes, em Jerusalém. […] É uma comunidade onde se vive o essencial do Evangelho, isto é, o amor, a misericórdia, com simplicidade e fraternidade. E esta é a imagem de Igreja que o Concílio Vaticano II teve diante de si. João XXIII e João Paulo II colaboraram com o Espírito Santo para restabelecer e atualizar a Igreja segundo a sua fisionomia originária, a fisionomia que lhe deram os santos ao longo dos séculos.  Na convocação do Concílio, São João XXIII demonstrou uma delicada docilidade ao Espírito Santo, deixou-se conduzir e foi para a Igreja um pastor, um guia-guiado, guiado pelo Espírito. Este foi o seu grande serviço à Igreja; por isso gosto de pensar nele como o Papa da docilidade ao Espírito Santo.”

O Papa João XXIII espelhava no seu rosto a misericórdia de Deus. Confiou plenamente a sua vida e seu pontificado ao Senhor, como também os ofereceu pela Igreja. Ele viveu como disse Santa Faustina: “A alma que confia na minha misericórdia, é a mais feliz porque EU mesmo cuido dela!” (Diário n. 1273). 

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Misericórdia é um sentimento de compaixão, despertado pelo sofrimento ou pela miséria do outro. A palavra misericórdia é formada pela união de miserere (compaixão) e cordis (coração). Ter compaixão do outro que sofre significa ter capacidade de sentir aquilo que a outra pessoa sente, sofrer com ela, ser solidário com sua dor.

Muitas vezes, não conseguimos minorar a dor quem sofre, alguém que perdeu um ente querido, alguém que sofreu uma tragédia na família e tantos males desta vida. No entanto, podemos “sofrer com a pessoa”, ainda que no silêncio da dar ajudar o outro a carregar a pesada cruz. 

O nosso Pai é misericordioso, “rico em misericórdia”, disse São Paulo, por isso, Jesus mandou que vivêssemos essa graça de Deus: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. 

Deus disse ao povo judeu: “Uso de misericórdia até a milésima geração com aqueles que me amam e guardam os meus Mandamentos” (Dt 5,10; 7,9).  E São Tiago nos alerta que: “Haverá juízo sem misericórdia para aquele que não usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o julgamento” (Tg 2,13).

Portanto, na misericórdia está a nossa segurança de salvação; vivendo-a para com os irmãos, o Pai, que é misericordioso terá misericórdia conosco.

 

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