O faminto só tem fome em dezembro? Só há tristes no Natal?
“A vida passa rapidamente!”
Quantas vezes falamos ou já escutamos isso?
“Você viu o filho da dona Zélia? Está grande, cresceu, já está andando…”
“Compadre, soube da filha do José Maria? Já casou…”
Às vezes, ou quase sempre, se olha em volta mas se esquece de olhar para si.
Não apenas os outros cresceram, casaram, morreram, mas um pouco de mim e de você também cresceu, amadureceu, aprendeu, errou e morreu um pouco.
A minha e a sua vida é feita de oportunidades incríveis. Chegamos ao final de mais um ano civil, tempo de comemorações, tempo de propósitos para um novo ano. Será que aproveitamos as chances deste ano?
Claro que é sempre bom olhar para trás e perceber que muitas coisas mudaram, que cada um teve oportunidades de aprender com acertos e erros, que melhorou ou piorou, que poderia ter feito desse ou daquele jeito.
Natal é de janeiro a dezembro…
Nesse tempo do Natal escutamos mais algumas palavras do que em outros tempos. Ouvimos falar de paz, alegria, amor, solidariedade entre outras palavras. Contudo, se olharmos para o ano que passou, verificamos as mais diversas oportunidades que tivemos para por em prática tais palavras. Houve um ano inteiro de oportunidades: por que será que deixamos apenas para agora?
A “vida leva eu” e deixo de perceber que o outro é gente também nos meses de janeiro a novembro? Existe uma estação para fazer o bem? Ou apenas em dezembro devo ser solidário? O faminto só tem fome em dezembro? Só há tristes no Natal? O idoso só precisa da nossa atenção nesse mês?
Penso que podemos perceber quantas oportunidades tivemos de praticar os ensinamentos divinos e não aproveitamos. Contudo, Deus é bom e hoje ele nos dá mais uma oportunidade: viver o Natal.
Desde criança escutamos a história do Natal, do nascimento de Jesus. Um casal recém-casado que vai para uma pequenina cidade chamada Belém. Em tal cidade não encontraram um lugar, uma hospedaria e o Menino teve que nascer numa gruta, foi envolvido em faixas e colocado numa manjedoura.
Trata-se de uma das histórias mais simples desse mundo, mas sem dúvida, uma das mais conhecidas e contadas. Afinal o Natal é Natal por causa d’Ele.
O Natal é mais que uma mensagem, um slogan, uma festa, um presente; o Natal é uma Pessoa. O Natal é Jesus Cristo. O Natal é a atualização de Deus entre nós, Deus-Menino, Deus simples, Deus humilde.
Por fim, porque Deus está entre nós é possível viver a simplicidade, a humildade e o amor agora, mas também viver o Natal em tantas outras oportunidades que não faltarão. De janeiro a novembro aparecerão famintos, sedentos, pecadores, pessoas para exercitarmos a paciência, o perdão. Aparecerão pessoas para consolarmos, exortarmos e amarmos. Não faltará oportunidade agora e nem depois. Se não vier tratemos de sair de casa, de dar uma volta, de irmos ao encontro do outro, há sempre um Jesus a ser descoberto no outro.
Feliz Natal!
Aproveitemos as oportunidades.
Padre Marcio Prado
Sacerdote da Com. Canção Nova