Sexta-feira da Paixão do Senhor
Is 52,13 – 53,12; Sl 30; Hb 4,14-16; 5,7-9; Jo 18,1-19,42
Honrar, permanecer e estar no colo
Diante da Paixão do Senhor podemos tirar várias lições, mas gostaria de propor três: Honrar o Pai, permanecer e estar no colo.
Deus prometeu através do profeta Isaías que o Servo seria enviado para restaurar Israel, para dar vista aos cegos, libertar os cativos, anunciar a boa nova… No trecho de hoje disse que o Servo seria ascendido, elevado “ao mais alto grau”. Poderíamos pensar “que alto grau é esse? O trono do mundo, riquezas, exércitos…? Que honra o Criador concedeu ao Servo?”
E o profeta começa a falar do servo sofredor “muitos ficaram pasmados… tão desfigurado, não parecia ser um homem” Que honra é essa?
Ele parecia ser um “renovo de planta ou como raiz em terra seca”, a vinda do Servo havia dado esperança, mas agora, agora não tinha aparência, maltratado, homem das dores, sofrimentos, tapávamos o rosto, tão desprezível ele era. Que honra é essa?
Que honra é essa?
O profeta continua o Servo sofria, era um chagado, humilhado, como ovelha foi levado ao matadouro… Que honra era essa?
Depois Isaías narrou a honra “pelo sofrimento alcançará luz… Meu Servo, o Justo, fará justo inúmeros homens, contado como um malfeitor, ele, na verdade, resgatava o pecado de todos e intercedia em favor de todos”. Qual a honra? Salvar, resgatar, sarar a humanidade através do Servo, através do Filho Jesus.
:: A Eucaristia deve-nos levar a caridade
Jesus honrou o Pai através da sua entrega sofrida, como cristãos não tenhamos medo de honrar o Senhor com nossos sofrimentos, não percamos a oportunidade de nos santificar e de oferecer nossas dores por aqueles que mais sofrem. Honremos o Pai com nossas dores.
“Permanecer”
“Permanecer”, a segunda leitura dizia para permanecermos na fé que professamos, quando as situações se tornam difíceis a vontade é de desistir, nossos sentimentos podem nos trair. Somos tentados a pensar: “aquela outra vida parece mais fácil”, “acho que não vou mais seguir as coisas de Deus, não dá certo!” ou ainda “é muito sofrimento não dou conta, vou curtir a vida!” Mas somos chamados a permanecer naquele que se compadeceu de nós. Permanecer é recordar “Ele me ama”, permanecer é recordar “Ele me ajudou”, permanecer é recordar “Ele morreu na cruz por mim”. Permanecer, permaneçamos em Cristo.
“Estar no colo”
Por fim, “estar no colo”, diante do que sofremos vamos honrar o Pai, vamos permanecer em Cristo e vamos contar com o carinho de Maria, como seu colo de mãe, com sua presença de mãe. Maria gerou Jesus no coração e no ventre, cuidou de Jesus, Maria educou Jesus, foi discípula e seguidora de Jesus. Maria acompanhou os passos do Senhor até a morte e ainda estava aos pés da cruz. E mesmo na dor não se revoltou, mesmo na dor recebeu a responsabilidade “Mulher eis aí o teu filho”, mesmo na dor se deixou cuidar “Filho eis a tua mãe”. Irmãos, somos irmãos e somos filhos de Deus e diante do caminho de cruz que percorremos com Jesus precisamos escutar novamente “Filho, eis a tua mãe”.
:: Via-Sacra do Santuário do Pai das Misericórdias
Nós percorremos ou estamos percorrendo um caminho difícil, de dor, de sofrimento, de cruz como Jesus. Nesse tempo perdemos muitas coisas, liberdade, ir e vir, perdemos pessoas, muitos mal conseguimos enterrar parentes e amigos… Nós perdemos muitas seguranças nesse tempo, Mas nós temos ainda um colo a recorrer, nós temos uma mãe. Recorramos ao colo da mãe em nossas dores, recorramos ao colo de Maria e que ela nos console, nos ampare e nos anime a vivermos como filhos de Deus seguindo os passos do seu filho Jesus.
Padre Márcio Prado
Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias