Conversão no tempo da Ressurreição

5º dia da Oitava da Páscoa

Partilha da Palavra: At 3,11-26; Sl 8; Lc 24,35-48

O povo ficou assustado com Pedro e João por causa da cura do coxo de nascença. Pedro logo anunciou que foi Jesus Cristo o autor daquela obra. Os apóstolos poderiam ter aproveitado da situação para acolher a glória para eles, porém, graças a maturidade de cada um, sabiam que a glória era para Deus.

Assim, para justificar que a obra era de Deus, Pedro percorreu as Escrituras e provou que a profecia dos antigos se cumpria em Jesus: o Messias veio curar, libertar e devolver a dignidade a tantos filhos de Deus. Pedro ainda encerrou sua fala dizendo que foi a fé em Cristo que curou aquele homem, além disso, o Senhor ressuscitou e abençoou para que cada um se converta de suas maldades.

feliz páscoa

Não percamos a oportunidade de conversão, de olhar para o nosso interior e exterior | Foto: Paula Dizaró/cancaonova.com

Mais uma vez, a pregação de Pedro é cristocêntrica e chama para conversão. Por que cristocêntrica? Porque é Ele que m salva, cura, liberta, Ele é! Depois, a pregação chama para conversão, pois não basta acolher o Ressuscitado, também é preciso ser uma pessoa nova.

Que a paz esteja com vocês!

No Evangelho, que é uma continuação de ontem, os discípulos de Emaús testemunharam o encontro que tiveram com Cristo. Naquele encontro, Cristo apareceu no meio deles e desejou a paz, pois, apesar das aparições, os discípulos ainda estavam assustados e com medo, então, nada melhor do que a paz. Porém, não é qualquer paz, e sim a paz do Senhor, o Shalom. 

Shalom que não se trata “apenas” de paz como a ausência de guerra, trata-se do Shalom do Pai que se traduz ainda como vida, saúde, harmonia, graça… O significado é muito amplo, o Shalom é o próprio Deus. Quem não quer o Shalom? Quem não precisa do Shalom?

:: A vida que brota do lado aberto de Cristo

Veja bem: os discípulos estavam preocupados “é Ele mesmo? Será que ressuscitou”. Pode ser que eram as dúvidas que levantavam, então, Jesus mostrou a eles as mãos e o lado; mostrou as marcas da paixão; pediu comida e comeu diante deles e poderia ter dito: “Sou Eu, estou vivo, eu falo, eu me alimento, eu não sou um fantasma”.

Depois, Jesus, assim como fez com os discípulos de Emaús, conversou com eles sobre as Escrituras “abriu-lhes a inteligência” e conferiu a missão “o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações” (Jo 24,46-47). Então, os apóstolos deveriam anunciar/viver o Cristo ressuscitado e chamar à conversão e ao perdão dos pecados.

Todos nós devemos acolher o apelo de Jesus que veio e vem d’Ele mesmo, que veio através dos apóstolos e que hoje vem por meio da Igreja: “Convertei-vos, arrependei-vos dos vossos pecados”.

Arrependimento

Precisamos nos arrepender de que? Quais são os pecados que precisamos de perdão? Estamos no tempo pascal, parece estranho ouvir sobre a conversão e o perdão dos pecados, mas é exatamente isso que Jesus quer provocar em nós, pois, sem conversão e sem perdão não há Reino de Deus, não há vida eterna e não há Páscoa.

Não percamos a oportunidade de conversão, de olhar para o nosso interior e exterior

Que o Senhor nos ajude a fazer um bom exame de consciência e perceber quais são as áreas que precisamos de conversão. Será no modo de tratar as pessoas, na indisciplina; na oração, no trabalho? Será o apego às coisas materiais, algum vício? O que ainda precisamos mudar ou já vivo perfeitamente o homem novo? Por fim, se deu para fazer uma lista pequena ou grande, peça o perdão ao Senhor; e como aconselha a Igreja através do Catecismo (CIC 1452), faça um ato de contrição de profundo arrependimento, compromisso de santidade e, assim que possível, busque a um sacerdote para a confissão individual.

:: Firmados na Palavra e na Eucaristia

Não percamos a oportunidade de conversão, de olhar para o nosso interior e exterior para constatar que: “isso ainda não diz de alguém que ressuscitou”.  Comprometa-se: “Eu quero ressuscitar, eu quero ser um pessoa nova, perdoa-me, Senhor!” Amém.

Padre Márcio Prado
Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias

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