Liturgia: At 9,31-42; Sl 115,12-17; Jo 6,60-69;
Jesus declarou várias vezes ser o Pão da Vida, aquele que comesse de sua carne e bebesse seu sangue teria a vida eterna. Muitos discípulos acharam duras tais palavras e por isso murmuravam contra o Senhor.
Então Jesus chamou a atenção dos discípulos “Isto vos escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes? O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida” (Jo 6,61-63). Jesus falava das coisas do alto e eles falavam das coisas da terra. Jesus falava do espírito da liberdade e eles estavam na carne e presos.
As palavras do Senhor são espírito e vida, mas muitos discípulos ainda estavam fechados ao espírito do Senhor. Mais tarde São Paulo ensinou aos gálatas “Quem semeia na carne da carne colherá corrupção, quem semeia no espírito, do espírito colherá a vida eterna” (6,8). Jesus então ensinava que era necessário uma abertura ao seu espírito para se obter a vida eterna.
Depois de Cristo ainda declarou “ninguém pode vir a mim a não ser que lhe seja concedido pelo Pai” (6,65). Ouvir Jesus dizer que precisariam se alimentar dele e ele se fazer um com o Pai era demais por isso esses discípulos não aguentaram e foram embora. Realmente não para entender o Cristo apenas de maneira racional, empírica ou na carne, mas só se entende o Cristo no Espírito.
Jesus quis dar a oportunidade aos doze de ir embora, no entanto Pedro em nome dos outros “A quem iremos? Só tu tens palavras de vida”, ou seja Pedro e os onze se abriram ao espírito do Senhor. E quando olhamos para vida de Pedro e dos outros discípulos é nítido que eles foram conduzidos pelo Espírito do Senhor.
Na narração dos Atos dos Apóstolos a Igreja primitiva vivia um momento de paz, crescia o número de fiéis, pois eram conduzidos pelo Espírito Santo. Pedro, o primeiro, “puxa a fila da missão”, foi a Lida e no nome do Senhor curou Enéias, depois foi a Jope e chamou a vida Tabita. Sem dúvida, foi no poder do Ressuscitado, em nome de Jesus e conduzido pelo Espírito Santo que Pedro foi capaz de tantas maravilhas, tantas curas e tantas conversões.
:: Oração em línguas, dom do Espírito Santo
E a leitura finaliza com o mais importante, o mais importante eram os milagres? As curas? A terra tremer? Não, o mais importante veio depois “muitos acreditaram no Senhor” (At 9,42). Porque é crendo no Senhor, abandonando o pecado, que se é salvo (Mc 16,16).
Que espírito tem nos conduzido? É o Espírito Santo? Quando realizamos uma missão muitos acreditam no Cristo? Ou acreditam em nós e ficam admiradas com nossos dons?
“O Senhor me usou numa pregação, numa música, numa boa reflexão, numa arte, num momento de oração, foi lindo, foi um ‘arrebento’…” E a pessoas acreditaram no Senhor? O que nós fazemos não deve apontar para nós mesmos, mas deve apontar para Deus e deve gerar fé n’Ele.
Por fim, que tudo que fizermos seja feito no Espírito Santo, pois assim terá sua eficácia, e que tudo que realizarmos seja para gerar conversão e salvação das almas.
Padre Márcio Prado
Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias