A água benta é chamada pela Igreja de sacramental
Mas o que é um sacramental? E quais as virtudes de um sacramental? Neste artigo, veremos o significado da água e o seu efeito como sacramental.
A água é símbolo universal e é de longe o líquido mais frequente sobre a terra. Três quartas partes do globo terrestre é coberto por água, três quartos de cada planta ou animal são preenchidos de água (BECKER, 1999). Alguns filósofos gregos afirmavam que a água é a origem de tudo. Assim, muitas leituras podem e são feitas sobre a água, líquido vital da humanidade. Ela é também “símbolo da força de purificação e renovação corporal, psíquica e espiritual” (BECKER, 1999, p. 14).
A água como sacramental
Diante de tão grande significação deste símbolo para a humanidade, a Igreja utiliza a água também como sacramental. O Catecismo da Igreja nos ensina que os sacramentais “são sinais sagrados pelos quais, à imitação do sacramentos são significados efeitos principalmente espirituais, obtidos pela impetração (súplica) da Igreja” (CIC 1667). Assim, entende-se que os sacramentais servem para preparar os homens para receber o fruto dos sacramentos e santificar as diferentes circunstâncias da vida (CIC 1677). Logo, esse mesmo efeito é aplicado para a água benta, água essa que, como definido acima, foi necessário a súplica da Igreja por meio de um ministro ordenado para que esse elemento natural adquirisse efeitos sobrenaturais, ou seja, espirituais.
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A Igreja Católica faz uso da água como sacramental, conforma acima descrito, e a sua utilização tem um sentido “segundo um costume muito antigo, a água é um dos símbolos que a Igreja usa com frequência para abençoar os fiéis. A água ritualmente benzida evoca nos fiéis o mistério de Cristo, que é para nós a plenitude da bênção divina. Ele próprio Se apresentou como água viva e instituiu para nós o batismo, sacramento da água, como sinal de bênção salvadora” (Ritual Romano – Celebração das bênçãos, n.1085).
O dicionário litúrgico relata uma antiga tradição em que os fiéis guardavam a água benta em casa e utilizavam para se benzerem ao deitar e ao levantar, a fim de afastar as forças espirituais malignas e como meio de santificação (ROWER, 1947). A água benta é sacramental e comunica às pessoas e aos objetos aspergidos proteção contra os espíritos infernais e auxílio divino à alma. Era conhecida no Oriente já no século IV, no Ocidente no século V (REUS, 1944, p. 68).
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A finalidade da água benta, uso sacramental
O Catecismo vai nos instruir sobre as virtudes desta água abençoada: “em vista da santificação de certos ministérios seus, de certos estados de vida, de circunstâncias muito variadas da vida cristã, bem como do uso das coisas úteis ao homem” (CIC 1668). O Catecismo continua: “Os sacramentais – assim a água benta também – não conferem a graça do Espírito Santo à maneira dos sacramentos, mas pela oração da Igreja preparam para receber a graça e dispõem à cooperação com ela (CIC 1670).
O santo e doutor da Igreja, Santo Tomás de Aquino, ainda faz referência sobre a água benta, escrevendo o seguinte: “a água benta existe contra os assaltos dos demônios que vêm do exterior […]” (Suma Teológica, III, q. 71, a. 2, ad 3).
Por fim, a Bíblia faz inúmeras referências à utilização da água e quase sempre a relaciona com bênçãos, sobrevivência, purificação, santificação, saciedade, alusões essas com referências em Deus. Nota-se algumas citações bíblicas: “Ao que teme o Senhor, ele o saciará com a água da Sabedoria” (Eclo 15,3); “Com alegria tirareis água das fontes da salvação”; “Se alguém tiver sede, venha a mim” (Jo 7,37) e, por último, “O rio de água da vida saía do trono de Deus e do cordeiro” (Ap 22,1).
Padre Fábio Nunes
Sacerdote da Canção Nova
Fontes:
BÍBLIA. Português. Tradução da Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. 2206p.
BECKER, Udo. Dicionário de símbolos. São Paulo: Paulus, 1999.
CATECISMO da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000.
REUS, João Batista. Curso de Liturgia. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1944.
RITUAL ROMANO. Ritual de Bênçãos. São Paulo: Paulus, 1999.
ROWER, Basílio. Dicionário Litúrgico. Petrópolis:Vozes, 1947.
TOMÁS de Aquino. Suma Teológica. São Paulo: Loyola, 2006.