Você entende e já pensou no significado de cada um dos mandamentos?
Acredito que todos nós católicos já ouvimos falar dos dez mandamentos, até mesmo tivemos que o aprender como parte do catecismo pelo qual éramos preparados para a Primeira Eucaristia. Contudo, você já parou para pensar de onde vieram os mandamentos (decálogo)? Ou você entende e já pensou no significado de cada um dos mandamentos?
“Você já parou para pensar de onde vieram os mandamentos?” | Foto ilustrativa: cancaonova.com
Por que devo observar os mandamentos?
É com a parábola do jovem rico que podemos iniciar a nossa reflexão. Em determinado momento, Jesus, dirigindo-se a um jovem que o questionara sobre o que é preciso para alcançar a vida eterna, diz que além de vender tudo e entregar aos pobres, é necessário guardar os mandamentos (cf. Mt 19,16-22). É com base nessas palavras de Jesus que observamos o decálogo, eles são o meio para chegarmos à vida eterna. É o próprio Jesus quem apresenta alguns mandamentos para aquele jovem, para que ele alcance a perfeição. Tudo quanto conduz à perfeição do cristão é não só encorajado ou recomendado, mas ordenado por Cristo: “Sede perfeitos, porque vosso Pai é perfeito” (Mt 5,48). A palavra decálogo significa “dez palavras”. Foi Deus quem revelou ao Seu povo, no monte Sinai, os Dez Mandamentos escritos pelo dedo de Deus: “Quando ele terminou de falar com Moisés no monte Sinai, entregou-lhe as duas tábuas do Testemunho, tábuas de pedra escritas pelo dedo de Deus” (Ex 31,18). O decálogo deve ser entendido, antes de tudo, no contexto do êxodo, um povo que estava em cativeiro, e os mandamentos são para eles um caminho de vida e libertação, conforme o texto de Deuteronômio 30,16: “Se ouves os mandamentos de Iahweh teu Deus que hoje te ordeno – amando a Iahweh teu Deus, andando em seus caminhos e observando seus mandamentos, seus estatutos e suas normas – viverás e te multiplicarás”, assim apresenta-nos o Catecismo (cf. CIC §2056-57). Deus revela ao povo como eles devem se comportar e levar a sua vida a partir daquele momento no Sinai. Essas dez palavras são pronunciadas no momento de teofania, tornando-se assim dom próprio de Deus. Também por isso, o agir moral do homem está intimamente ligado à Aliança feita por Deus. Se observarmos os mandamentos, a primeira do decálogo, lembra-nos o amor de Deus para o com povo através da Aliança (Cf. CIC §2061). Notemos o texto bíblico quando afirma isto: “Eu sou Iahweh teu Deus que te fez sair da terra do Egito, da casa da escravidão” (Ex 20,2).O decálogo e a Sagrada Tradição
Seguindo as palavras de Jesus e buscando a fidelidade às Escrituras, a Igreja com a sua tradição, reconheceu nos mandamentos uma importância e necessidade única para todo o povo de Deus (Cf. CIC §2046). Sendo assim, desde o século V com Santo Agostinho, a Igreja vem professando a necessidade de conhecer os mandamentos e o seu ensino aos adultos que serão batizados. Foi no século XV que a Igreja organizou os Dez Mandamentos em fórmulas rimadas, assim facilitando a memorização por parte dos fiéis. Com isso, pode-se observar também a sua divisão, no que se refere ao amor. Os três primeiros tratam do amor de Deus e os outros sete do amor ao próximo. Também os Concílios Ecumênicos abordam a necessidade dos mandamentos. O Concílio de Trento ensina que os cristãos são obrigados a observar cada mandamento. Não é diferente o que o Concílio Vaticano II traz: “Como sucessores dos Apóstolos, os Bispos recebem do Senhor […] a missão de ensinar a todos os povos e pregar o Evangelho a toda criatura, a fim de que os homens todos, pela fé, pelo Batismo e pela observância dos mandamentos, alcancem a salvação” (CIC §2068).