SANTIDADE E MISERICÓRDIA

Beata Laura Vicuña, uma filha misericordiosa

Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos.” (João 15,13).

Nessa entrega de vida por alguém que se ama, encontramos justamente o exemplo de santidade da pequena Laura Vicuña, que, literalmente, morreu por aquela que, além de amiga, era sua mãe. Nisso se compreende a força que há dentro de um coração que escolhe amar o outro tendo em vista não somente a própria salvação, mas também de quem se ama.

Laura Vicuña era órfã de pai, tendo ainda vivas consigo a mãe e uma irmã. Ambas se mudaram do Chile para a Argentina, e mal sabiam que seria naquela nova terra o lugar no qual surgiria mais uma mártir do amor – aqui, trata-se de um martírio branco. A mãe de Laura havia levado as filhas para morar com ela na fazenda de Manuel Moura. De início, era somente empregada do fazendeiro, mas, logo depois, passou a viver como sua mulher, porém, de maneira contrária aos costumes da Igreja, ou seja, vivendo em pecado. 

Em uma das aulas em preparação para a sua Primeira Comunhão, em especial quando lhe era ensinado sobre o Sacramento do Matrimônio, Laura obteve a consciência de que sua mãe vivia em pecado mortal. A angústia foi tão grande, que a menina desmaiou na sala de aula. Desde então, a pequena Vicuña, por amor a Deus, ofertou sua vida ao Senhor e à Virgem Maria, intensificando suas orações pela conversão de sua mãe e sua irmã. Vale salientar que Laura estava com seus 11 anos de idade. Mesmo sendo tão jovem, tomou em seu coração decisões tão firmes e nobres.

 

Imagem: Beata Laura Vicuña / Foto: salesianos.com.br

Numa de suas férias na fazenda onde a mãe vivia, o seu padrasto tentou assediá-la, e com bravura a jovem resistiu àquele ato de pecado. Após este acontecimento, Laura intensificou ainda mais suas orações e sacrifícios ao Senhor pela conversão e salvação da mãe. Por amor a sua mãe, ela fez um “acordo” com Jesus: a sua vida em troca da salvação da mãe. Passado um  bom tempo e retornando para a fazenda do Moura, a menina encontrava-se muito doente, e o seu padrasto tentou, mais uma vez, contra a  sua pureza. Tendo-lhe negado pela segunda vez, Laura foi agredida violentamente por  Manuel, o que complicou o seu estado de saúde. 

Próximo a sua morte, a pequena penitente revelou o seu coração à sua mãe, que se fez presente em seu leito de morte: “Morro; eu mesma o pedi a Jesus. Faz dois anos que ofereci minha vida por ti, para pedir a graça de sua conversão, mamãe. Antes de morrer, terei a sorte de ver-te arrependida?”Laura era consciente de sua escolha, de seus sacrifícios, de suas orações e, principalmente, consciente de que entregava sua vida por uma causa justa e nobre: a salvação de quem se ama. Ninguém lhe obrigou, ela própria entregou-se, pois sabia o quanto era importante que sua mãe se salvasse, e para isso não mediu esforços. Mercedes, sua mãe, chorando, respondeu: “Te juro que farei o que me pedes. Deus é testemunha de minha promessa.” 

A pequena Laura deu um sorriso e disse: “Graças, Jesus! Graças, Maria! Adeus, mamãe! Agora morro contente!”. Em seguida, Laura entregou sua alma a Deus.

A oferta da filha resultou na conversão da mãe. Mercedes saiu da fazenda de Manuel Moura, voltando com sua filha mais nova para o seu país de origem, onde se casou com um homem honesto e justo, agradando não somente ao coração de Laura, mas ao coração do Pai do Céu, que acolheu em vida os sacrifícios da filha. 

Quantos pais, mães e até mesmo famílias inteiras estão colocando sua salvação em jogo por prazeres passageiros, vivendo em pecado mortal! Mas se em qualquer uma dessas famílias existir filhos misericordiosos que tenham a coragem de rezar e sacrificar-se por aqueles que amam, os frutos de conversão virão mais cedo ou mais tarde, ainda que seja no  último dia de vida, como aconteceu com Laura Vicuña. Um ato de amor nunca será esquecido por Deus. 

Joanderson Medeiros
Comunidade Canção Nova

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