IGREJA

Vida Consagrada para o Papa Francisco

O que a Igreja espera da vida consagrada?

Agosto é um mês especial para a Igreja no Brasil: a cada domingo, rezamos, de forma especial, por uma expressão vocacional. O primeiro é reservado às vocações sacerdotais; o segundo, às vocações matrimoniais; o quarto, aos catequistas; e o terceiro é dedicado à vida consagrada. Por vida consagrada se entende os religiosos, religiosas, consagradas e consagrados nos vários institutos e comunidades de vida apostólica e também nas novas comunidades: homens e mulheres chamados por Deus para ser no mundo um testemunho vivo do Evangelho que anunciam.

“Onde estão os religiosos, há alegria”, disse o Papa. | Foto: REUTERS, Tony-Gentile

Para cada uma das vocações, Deus espera uma correspondência, uma adesão livre de amor a Ele e aos irmãos. Essa divina vontade se manifesta por um discernimento particular, mas confirmado pela Igreja, que estimula, acompanha e promove as vocações.

Uma grande árvore de frondosa ramagem

De acordo com o Catecismo, no parágrafo 914, a vida consagrada é “o estado de vida constituído pela profissão dos conselhos evangélicos, que embora não pertença à estrutura hierárquica da Igreja, está, no entanto, incontestavelmente ligado à sua vida e santidade”. Alguns chegam a chamar a vida consagrada de verdadeiros pulmões da Igreja, onde o sopro do Espírito Santo continua fecundando a vida de Deus através da história. 

São eremitas, virgens e viúvas consagradas, religiosos e religiosas, membros de institutos seculares e sociedades de vida apostólica. É, de fato, como classifica o Catecismo “uma grande árvore de frondosa ramagem”: “Desde as origens da Igreja, houve homens e mulheres que se propuseram, pela prática dos conselhos evangélicos, seguir mais livremente Cristo e imitá-Lo de modo mais fiel. Cada qual a seu modo. Levaram uma vida consagrada a Deus. Muitos de entre eles, sob o impulso do Espírito Santo, viveram na solidão; outros fundaram famílias religiosas que a Igreja de bom grado acolheu e aprovou com a sua autoridade” (Catecismo da Igreja, § 918).

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Mas o que a Igreja espera da vida consagrada? Quais frutos ela espera que seus filhos possam gear? Com a palavra, o Papa Francisco.

Caridade, unidade e profecia

Desde o início do seu pontificado, Francisco sempre esteve atento a essa expressão do seguimento de Cristo na Igreja. Na Carta, em ocasião do ano da vida consagrada, em 2014, o Pontífice apontava alguns dos desejos que possuía em relação à vida consagrada, em especial, caridade, unidade e profecia.

A caridade tem raiz na própria história. Aqueles que ingressam neste tempo nas ordens e institutos de vida religiosa devem dar continuidade ao legado de amor dos fundadores, que munidos da caridade e do amor a Cristo “sentiram em si mesmos a compaixão que se apoderava de Jesus quando via as multidões como ovelhas extraviadas sem pastor. A  inventiva da caridade não conheceu limites e soube abrir inúmeras estradas para levar o sopro do Evangelho às culturas e aos setores sociais mais diversos”. 

Como consequência, Francisco afirmou que um consagrado deve ser um perito em comunhão. A presença do Espírito Santo agindo na própria vida é a fonte da unidade e do que chamou de “mística do encontro”, próprio de uma Igreja em saída, como tem proposto o Papa em seus documentos e discursos ao longo dos 9 anos na Cátedra de São Pedro.

Por fim, retomou a importância que a vida consagrada tem como profecia para o mundo: enquanto mais e mais pessoas se perdem em um estilo de vida que expulsa Deus, esvaziado de sentido e cercado de angústias, os religiosos precisam dar o testemunho da alegria em ser inteiramente de Deus; cada um naquilo que o carisma em que estão inseridos é chamado a ser. “Onde estão os religiosos, há alegria”, disse o Papa.

A alegria, aliás, é pauta que nunca deixou de estar presente no que o Papa espera dos consagrados e consagradas. É ela que será a fonte de atração para mais vocações: “Não vos fecheis em vós mesmos, não vos deixeis asfixiar por pequenas brigas de casa, não fiqueis prisioneiros dos vossos problemas”

Fidelidade e busca da santidade

Espero que cada forma de vida consagrada se interrogue sobre o que pedem Deus e a humanidade de hoje”. Nessa frase do Papa, entendemos que há um caminho de intimidade, escuta e fidelidade à vontade de Deus, que está na raiz, na essência de qualquer autêntica e genuína vocação à vida consagrada. Não se trata apenas de uma simples identificação, mas de uma adesão contínua, diária, ao projeto que Deus estabelece à humanidade por meio da consagração de vida.

Mais recentemente, na festa da Apresentação do Senhor, em 2 de fevereiro deste ano, Francisco reforçou essa radicalidade da fidelidade a Jesus e os riscos que implicam quando aquele que abraça a vida consagrada se afasta desse princípio: “Deixamo-nos mover principalmente pelo Espírito Santo ou pelo espírito do mundo? O Espírito Santo ou a paixão do momento? Se aos consagrados faltam palavras que bendizem Deus e os outros, se falta a alegria, se esmorece o entusiasmo, se a vida fraterna é apenas fadiga, é porque os seus braços já não estreitam Jesus E quando os braços de um consagrado, de uma consagrada não estreitam Jesus, estreitam o vazio, que buscam preencher com outras coisas: mas há o vazio”

Por fim, outro conselho de Francisco sobre a santidade, desta vez presente na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate:Não tenhas medo da santidade. Não te tirará forças, nem vida nem alegria. Muito pelo contrário, porque chegarás a ser o que o Pai pensou quando te criou e serás fiel ao teu próprio ser”. 

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