A história do povo de Deus começa com o chamado dirigido a Abraão para deixar a sua própria pátria e com uma promessa: “Farei de ti um grande povo” (Gen 12,2)
As histórias narradas na Bíblia não foram escritas imediatamente, nasceram das experiências vividas com Deus. A tradição hebraica rabínica ensina que as leis de Deus dadas a Moisés, no Monte Sinai, foram transmitidas de forma oral e, depois, escrita. A transmissão era feita oralmente, passada de pai para filho. Os hebreus das doze tribos se encontravam em algumas celebrações ao redor dos grandes santuários e transmitiam os fatos acontecidos com os Patriarcas.
O Novo Testamento escondido no Antigo
“Deus, depois de ter falado muitas vezes e em diversos modos através dos profetas ultimamente, nestes dias, falou através do seu Filho” (Heb 1,1-3). A ideia do Novo Testamento escondido no Antigo foi colocada em destaque também nos profetas, começando por Isaias, que fala deste futuro descendente de Davi. Assim se chega ao Novo Testamento, guiado pelas mãos destes últimos profetas. Por exemplo, por Miqueias, que previu o nascimento do Messias em Belém. Jesus nos deixou parábolas muito simples e compreensíveis por meio dos pescadores da Galileia e dos escribas de Jerusalém.
Os quatro Evangelistas
Mateus, o publicano do colégio dos doze Apóstolos, escreveu para os cristãos convertidos do judaísmo. A sua obra, composta possivelmente em aramaico, depois foi traduzida para o grego. A tradição fala de Marcos como acompanhante e tradutor de Pedro na comunidade de Roma. Marcos apresenta o tema da via do Senhor. Lucas, médico de origem pagã, escreveu o terceiro Evangelho, que foi escrito em grego culto e refinado. Ele nos apresenta Jesus como um pai capaz de perdoar. O Evangelho de João é seguramente o mais histórico e mais teológico; todas as informações arqueológicas são mencionadas no Evangelho. A doutrina de Jesus ganhou forma nos outros livros do Novo Testamento, nas cartas de São Paulo e dos outros autores sagrados e no Apocalipse.
A Bíblia e seus dois autores: o divino e o humano
Segundo o Cânone católico, a Bíblia é composta por 73 livros, escritos em um arco de 15 séculos. Essa coleção de livros tem dois autores: o divino, que é o próprio Deus; e o humano, que são os hagiógrafos. Deus, como autor divino, inspirou, assistiu à inteligência, à vontade, à faculdade executiva. Os escritores colocaram por escrito a Palavra com o seu gênero literário.
A transmissão dos textos bíblicos através do tempo
“A mensagem dos profetas e a tradição dos sábios e dos escribas não permaneceram muito tempo como expressão oral”. O processo é longo e teve início com a inscrição na pedra e na argila. Em Jerusalém, encontramos uma cópia do original, que consta como a mais antiga parte da Bíblia escrita, que se conserva até hoje. O minúsculo fragmento em prata é do VIII século A.C; e nele está escrito a famosa bênção sacerdotal do livro dos Números. “ O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça resplandecer sobre ti o seu vulto e te dê a paz”. São Francisco escreveu esta bênção bíblica em uma carta ao seu companheiro, Frei Leão.
O Papiro
Por muitos séculos, a Bíblia foi fixada em manuscritos; os primeiros textos foram fixados em rolos de papiro. A invenção do papiro, como suporte para escritura, é mérito dos antigos egípcios, que se serviram de uma planta que nasce, cresce e se desenvolve às margens do Rio Nilo.
Pergaminho
O pergaminho foi o passo sucessivo. O nome pergamena deriva da cidade de Pérgamo, na Ásia Menor, na atual Turquia. Foram os gregos de Pérgamo que desenvolveram o uso da pergamena, que é feita com a pele de animal.
Gutenberg
Gutenber, em 1454, imprimiu a primeira Bíblia, conhecida como Bíblia a 42 linhas, e que tinha a divisão somente em capítulos. Os versículos foram introduzidos em 1527. Através dos séculos, a Bíblia chegou até os nossos dias e continua sendo o livro mais lido, traduzido e impresso em todas as línguas. Uma coleção de textos transformados em um único livro.
Lurdinha Nunes
Revista Terra Santa
*Este texto é parte de uma série de entrevistas realizadas com os biblistas do Studium Biblicum Franciscanum di Jerusalem para a Revista Terra Santa.