Família missionária, família feliz

Sou Flavio Pinheiro, missionário da Comunidade Canção Nova a quase 15 anos, casado com Renata Sobral, também missionária da Canção Nova, e pai da Valentina, minha filha linda, que está com 5 anos. Atualmente, estou como responsável da missão Canção Nova do Paraguai, na cidade de Assunção. E quero falar, neste artigo, um pouco sobre a minha experiência, diante da missão que Deus me dá hoje.

Celebro, com alegria e louvor a Deus, os meus anos de consagração, e também pela oportunidade de ser um missionário e ter uma família missionária.

“Bom, já estamos com 10 meses nesta nova missão, felizes da vida, realizados na missão” | Foto ilustrativa: Arquivo Pessoal

Meu chamado a servir a Deus começou quando ainda era muito jovem e não tinha consciência de muitas coisas, depois de um tempo de serviço ao Senhor, em minha paróquia, através da música, trabalhando com os jovens, Deus ali me chamou a dar um passo mais à frente, que justamente era abraçar uma vida missionária.

Demorei um pouco a entender os planos de Deus porque estava namorando, tinha o meu trabalho na área em que me formei e estava superbem assim. Mas pensei: “prefiro dar este passo agora e descobrir se, de fato, é a vontade de Deus, do que passar o resto de minha vida arrependido por não ter aceito este chamado”; e assim abracei a vida missionária.

Na vida missionária a palavra frequente é “deixar” — deixar-se ser trabalhado por Deus, deixar os que amamos, deixar os bens materiais, enfim é uma experiência constante, por isso, conto a você um pouquinho da minha realidade atual.

Quando começou a pandemia, foi tudo muito intenso; e, vendo tudo o que estava acontecendo, brotou, no meu coração e no da minha esposa, o desejo de viver algo novo, uma nova experiência missionária, sair de nossa zona de conforto. Sim, porque estávamos “confortáveis” com a missão que tínhamos, já tínhamos uma rotina estabelecida, fazíamos muitas coisas em Cachoeira Paulista como missionários, e, ali, já dominávamos o que estávamos fazendo na missão. Porém, Deus colocou o desejo de algo mais e, assim, buscamos as nossas autoridades, nos colocando à disposição para sairmos de Cachoeira Paulista, para viver em uma outra missão da Canção Nova.

E, para nossa alegria, fomos enviados para outra missão: Canção Nova do Paraguai. Num primeiro momento, foi um susto, porque pensávamos que se saíssemos de Cachoeira, no máximo iríamos para alguma outra casa de missão dentro do Brasil, mas Deus quis mais; e que bom que tivemos esta oportunidade!

Não foi fácil reviver aquilo que vivemos no início de tudo, quando nos decidimos entrar na Canção Nova. Mais uma vez, vivemos o “deixar”, deixamos as nossas famílias, amigos, irmãos, e até mesmo as nossas seguranças de estar em nosso país, termos todo suporte necessário, enfim, vivemos um recomeço de vida. Claro que fizemos nossas contas, porque nossos pais já estão na terceira idade, nossa filha teria de passar pelo processo de deixar o Instituto Canção Nova, onde conhecia a todos e tinha seus amiguinhos, para conosco viver o desafio de estudar em outro país, conhecer outra cultura, outro idioma. Confesso que, muitas vezes, choramos diante do Santíssimo em adoração, principalmente por ela, por ver tão pequenina passando por este processo, mas, ao mesmo tempo, tão valente, que hoje já está dominando parte da cultura e do idioma.

Bem, já estamos com 10 meses nesta nova missão, felizes da vida, realizados na missão, realizados como família missionária, vivendo a vontade de Deus e nossa, de sermos evangelizadores para o povo que Deus nos confia.

Essa é uma das maiores graças que podemos ter como missionário, poder servir a Deus, ao servir ao seu povo, salvando as almas que Deus reservou para nós. Nos alegra, por exemplo, saber que, por meio do trabalho de evangelização que fazemos, já começam a surgir vocações em outros países, como Chile, Argentina, Bolívia e até na Venezuela, e louvamos a Deus por tudo isso, pois nossa missão tem dado os frutos que Deus nos quer dar neste tempo.

Não é fácil a vida missionária, muitas pessoas não entendem e julgam ser uma vida de privilégios, é certo que Deus nos mima, mas também carregamos as cruzes de cada dia, como Paulo disse aos Colossenses 1, 24: “Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja”.

Há muita alegria, muita realização e muita honra em poder servir a Cristo, servir ao Carisma Canção Nova, servir a Igreja como família missionária em outro país, sempre tendo a certeza de que é Deus quem nos chama e é Ele mesmo quem nos capacita e nos envia para trabalhar em sua messe.

Reze por nós, por esta família que tem buscado acertar na vontade de Deus. Reze por tantas famílias que se entregam ao serviço missionário em sua própria casa, ensinando a fé aos filhos ou também ajudando nas paróquias, nas pastorais e movimentos da Igreja. Reze para que, cada vez mais, as famílias cristãs tenham consciência de que nossa vida aqui é uma missão e não podemos perder tempo, pois estamos em dias difíceis e, muitas vezes, temos de ir ao outro, sair em missão, levando uma palavra de conforto e de amor aos que estão desanimados e sem esperança. Nós encorajamos você a ser uma família missionária.

Deus te abençoe! E contamos com as suas orações.

Um forte abraço de uma família missionária,

Flavio, Renata e Valentina