Começamos um novo ano civil, e com ele também se renovam as nossas esperanças!
Como todo início de uma realidade nova, assim também o começo de um ano novo é movido por metas, objetivos, retomadas, desejos, projetos. Porém aquele que sabe de quem é filho não vive como um barco à vela à deriva no mar da vida, ao sabor dos ventos e tempestades, sendo impulsionado apenas por realidades sensíveis, por necessidades naturais, mas sobretudo, deve estar atento a outros desejos que nos transcendem, que ultrapassam o nosso entendimento, que nos direcionam para o que é eterno.
“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e tudo mais vos será dado por acréscimo” (Mt 6,33). Seguir essa ordem do Senhor é ter em mente que, antes de qualquer planejamento de nossa vida terrena, possa vir aquilo que verdadeiramente dura para sempre, isto é, as coisas do alto, lá onde nossa vida está escondida em Deus, como nos recorda o apóstolo São Paulo (cf. Col 3,1-3).
Consagrar um novo ano, um novo dia, um novo tempo ao Pai das Misericórdias é, antes de tudo, decidir viver, dia após dia, com a vida dedicada àquele que é fonte de todo amor e misericórdia e, a partir disso, permitir que a própria vivência seja marca desse amor que jorra do coração do Pai para a vida concreta, para tudo aquilo que nos cerca, para tudo quanto nos aproximarmos. Ter um ano consagrado ao Pai é ter o desejo, de todos os dias, em primeiro lugar, ter um coração de filho, mas não de qualquer filho, senão daquele que experimenta e vive sob o amor misericordioso do Pai.
Ter um ano ou a vida cotidiana consagrada ao Pai das Misericórdias não significa sentar, planejar a própria vida e esperar o sucesso em seus próprios empreendimentos, mas viver para ser expressão dos mesmos atos do Filho do Pai, Jesus Cristo, aquele que viveu e nos revelou o rosto Misericordioso do Pai.
Com a vida consagrada ao Pai, queremos também como Nosso Senhor Jesus Cristo ao fim da nossa jornada: “Quem me vê, vê o Pai” (cf. Jo 14,9).
Essa é a nossa diferença de filhos e filhas do Pai das Misericórdias: em tudo ter e expressar a marca daquele ao qual pertencemos. A partir disso, com um coração desejoso de viver dedicado ao Pai, viver uma vida renovada em tudo o que fizermos, em metas, planos, desejos, objetivos etc.
Isso quer dizer que não são os nossos planos para um novo tempo que serão dedicados a Deus, mas, antes, será o nosso coração consagrado ao Pai que, sendo novo, trará uma nova marca em tudo aquilo que fizermos, que trará novas posturas diante dos sucessos ou fracassos próprios da vida humana, um coração que levará a Misericórdia do Pai por onde passarmos. Sem uma vida consagrada ao Pai, o ano novo será apenas mais uma virada de ano civil, mas um simples dia após o outro no calendário.
Consagrar o ano ao Pai das Misericórdias é desejar ter a consciência de que somos filhos, que com ele podemos contar, dele podemos aprender, nele podemos nos mover. Somente assim poderemos viver um ano verdadeiramente novo, pois aquele que está ligado nessa fonte que jorra para a vida eterna, vive e experimenta um ano novo, um tempo novo.
Que o Espírito Santo nos conduza cada vez mais a viver nos braços do Pai e d’Ele aprender a viver o amor misericordioso também na vida daqueles aos quais iremos nos encontrar neste novo ano e que necessitam experimentar a Misericórdia do Pai. Que a Virgem Maria nos ensine também em tudo submeter a nossa vida ao Pai: “Faça-se em mim” (cf. Lc 1,38). É teu ó Pai o meu ano, a minha vida, os meus planos e desejos. Minha vida está escondida em Ti.