Especial Tudo Deixei por Ti
Ordenação 2024
Parte 5
Na última parte da história de José Márcio, você confere o relato sobre a formação, os estudos e a vida fraterna no Seminário Canção Nova. No episódio 10, José partilha a escolha do seu lema diaconal.
Na próxima semana, o Especial Tudo Deixei traz a história do missionário Rafael Vitto. Confira como Rafael descobriu sua vocação e venceu o câncer durante o período de seminário na Canção Nova.
09 – Seminário
Leia a descrição do vídeo:
Eu levo muita gratidão a Deus, pois aprendi muita coisa no seminário, que me formou no meu ser homem de Deus, no meu ser disciplinado, nas minhas prioridades, a saber aquilo que eu quero e organizar a minha vida em função daquilo. O seminário é esse lugar que ordena nossa vida, e foi isso que aconteceu comigo: ele ordenou a minha vida e ainda ordena. Foram anos assim, muito intensos, exigentes, uma vida de disciplina, uma vida de rotina. Não adianta se você é inimigo da rotina, você vai sofrer demais no seminário, porque a nossa vida é toda cronometrada para tudo. Seja vida espiritual, seja vida intelectual.
Nós, que somos um seminário dentro de uma comunidade, temos ainda a vida comunitária. Então, damos conta de muitas coisas ao mesmo tempo. Eu saio do seminário com essa palavra dentro da minha mala. Eu levo a gratidão pelos irmãos que eu conheci, pelos irmãos com os quais eu tive a oportunidade de conviver.
No seminário, nós vivemos muitas realidades de acidente e morte de um irmão. Eu tive um irmão de turma de discipulado que morreu num acidente no seminário, morreu seminarista. Eu enterrei um irmão e eu vi irmãos adoecerem, ter que ajudar irmãos que tiveram câncer, irmãos que sofreram acidente e, depois, tiveram que viver todo processo de recuperação. Eu vivi troca de reitores – sai reitor, entra reitor –, mudança na própria rotina da casa, a convivência com os outros padres. Com os padres da Canção Nova que moraram no nosso seminário também pude tocar naquilo que tem de mais puro, tocar nas misérias, saber que não somos perfeitos, não somos uma comunidade perfeita. O seminário também me ajudou a tocar e integrar isso dentro de mim.
Eu estou numa comunidade que luta pela santidade, e nós estamos lutando, cada dia mais, pela santidade. Isso não vai encobrir, de modo nenhum, os nossos defeitos, os nossos limites e tudo mais. Então, é gostoso esse clima. Aos meus reitores, gratidão! Eu tive três reitores no tempo do seminário: padre Sóstenes, padre Edson e, agora, o padre Alex. Foram três reitores que me ajudaram demais, cada um com seu jeito, pessoas totalmente diferentes um do outro, mas que contribuíram com a minha formação. Então, se eu pudesse resumir tudo isso que eu falei, acho que a palavra seria essa gratidão a Deus, gratidão aos irmãos. Gratidão.
10 – Lema Diaconal
Leia a transcrição do vídeo:
Meu lema de ordenação diaconal tem a ver com toda a minha história. Eu falei para vocês que o que me atraiu para a Canção Nova foi a vida carismática, a vida vivida no Espírito, no poder do Espírito, de fazer tudo debaixo da sombra do Espírito Santo. Isso sempre esteve presente na minha vida, desde que eu fui batizado no Espírito, desde o meu encontro pessoal, e eu vejo marcas disso na minha vida.
Meu trabalho, na paróquia, sempre é permeado de muita coragem. Hoje, quando eu vou de férias, reúno-me com os jovens do meu tempo para lembrar as coisas que já fizemos. E nós falamos assim: “Meu Deus, isso aqui foi muita loucura! Foi muita loucura ter tido coragem de fazer tal coisa”. Eu me lembro de uma situação muito engraçada, mas ao mesmo tempo muito profunda, foi um rio que transbordou próximo de Recife, numa cidade chamada Palmares. Foi uma tragédia.
A água entrou na casa de muita gente, e muitos perderam tudo. A minha paróquia, o grupo de jovens se mobilizou para levar água para essa turma, além de comida e roupa; os jovens que trabalharam entraram de cabeça nesse projeto. Conseguimos doação de caminhão, disso e daquilo outro.
O padre celebrou a missa e, ao término, entramos no caminhão e fomos todos para essa cidade de Palmares. O pessoal do Exército nos recebeu, e explicamos o que íamos fazer. Eles nos disseram: Olha, tem que tomar cuidado, porque o povo está indo em cima, avançando, pegando; então, nós vamos dar proteção para vocês. Não demorem muito. Eu lembro que, de cima do caminhão, pregamos o Evangelho, falamos sem microfone, sem nada. Não era só dar a comida para eles, dar água, queríamos rezar, falar e tal.
Eu me lembro da gente em cima do caminhão de galocha, porque era muita lama! Pregamos gritando; o menino no violão e nós cantando. Os jovens todos muito empolgados na saída da cidade, e quando estávamos voltando já para Recife, nós paramos. O caminhão passou em frente a um rio que transbordou, e aí nós falamos: “Vamos parar aqui, vamos estender as mãos sobre esse rio, vamos orar para que Deus não permita mais que esse fenômeno aconteça por amor dos filhos d’Ele. Vamos? Vamos!
Eram uns 18, 20 jovens. Imagina a cena: 18 jovens, na beira de um rio, todos de braços levantados, os carros passando, olhando, e nós rezando e clamando, pedindo, pelo poder do Espírito Santo, em nome de Jesus, que ele não permitisse mais que aquele rio transbordasse. E nós ordenávamos para o rio – olha a ousadia!
Eu me lembro muito, quando eu escuto as histórias do padre Jonas lá dos começos. E nós ordenávamos para o Rio que ele não transbordasse mais a ponto de gerar sofrimento para os filhos de Deus. E de lá para cá, esse rio nunca mais transbordou. Não há história de que esse rio transborde. Então, quando nos encontramos, lembramos dessas coisas. Sempre houve essa vida no Espírito, sempre foi algo muito forte para mim.
Quando eu pensei o meu lema de ordenação diaconal, fui rezar e pedi a Deus uma inspiração. Jesus me recordou essa passagem. Na verdade, ela está no livro de Isaías, mas também está na boca de Jesus, no Evangelho de São Lucas. E eu escolhi o Evangelho, porque ele o Novo Testamento, é a plenitude da Palavra de Deus. Isaías era a Palavra de Deus. Mas quando a Palavra está na boca de Jesus, é a plenitude da Palavra. Não vai acontecer nada maior do que isso. E aí Jesus entra no templo e pede o ajudante para abrir o rolo; ele abre e ele lê essa passagem do profeta Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu”.
E ele descreve uma série de atividades: dar vista aos cegos, libertar os cativos da prisão, fazer os coxos caminharem, os cegos enxergarem, os surdos ouvirem. Jesus descreve o Seu projeto, tudo o que Ele vai fazer na vida pública. Ele descreve, no capítulo quatro do Evangelho de São Lucas. Então, quando me lembrei dessa passagem, fui lá para ler o texto. E aí eu disse esse pedacinho aqui.
“O Espírito do Senhor está sobre mim.”
Acho que isso diz de uma experiência vivida, mas isso também diz de um desejo que eu tenho no coração. Daqui para frente, eu desejo, como diácono, que o Espírito do Senhor esteja sobre mim, continue estando sobre mim, para que tudo aquilo que eu faça como diácono e, futuramente como padre, esteja debaixo dessa sombra do Espírito. Uma vida totalmente entregue ao Espírito Santo. Uma vida totalmente permeada pela coragem, pela Paresia, pela ousadia, pela intrepidez própria da vida de Jesus.
Mas, trazendo para a nossa comunidade, própria da vida do nosso pai fundador, monsenhor Jonas Abib, foi alguém que eu sempre me espelhei para ir em busca dessa vida, essa vida vivida no poder do Espírito.
Comunicação Santuário Pai das Misericórdias