Quando se menciona algum texto da Igreja, algum escrito de um santo, podemos encontrar ali alguma referência ou menção de que o autor daquela obra é um Doutor da Igreja. Mas, o que significa isso?
Bom, os doutores da Igreja são santos que, além do seu testemunho de vida, deixaram também uma contribuição no campo da teologia, a partir do seu saber, contribuindo com a doutrina da Igreja. Em geral, exige-se três critérios para se reconhecer um Doutor da Igreja:
– Doutrina proeminente: as obras deixadas por aquele santo se destacam por sua importância;
– Elevado grau de santidade: o testemunho deixado impactou e impacta aqueles que conheceram a vida daqueles que tiveram contato com a história deste santo, destacando a sua busca pela santidade;
– A Proclamação da Igreja: esta é a última etapa, sendo que o reconhecimento é dado pela própria Igreja.
E como se dá este reconhecimento?
Em primeiro lugar, o reconhecimento só pode ser dado pelo Santo Padre, o Papa, ou por um Concílio. Além disso, o reconhecimento como Doutor da Igreja só se dá a partir da conclusão do processo de canonização. Uma vez que estes santos se destacam pela sua doutrina e contribuição teológica, um dos passos deste processo é a avaliação e análise das obras deixadas por ele. Por fim, o Santo Padre, o Papa, recebe o parecer conclusivo do Dicastério para as Causas dos Santos e emite a declaração final, concedendo ao santo este título. Além do reconhecimento como Doutor da Igreja, atribui-se ainda um título, um epíteto, que caracteriza a contribuição dada por aquele santo como, por exemplo, São João da Cruz que recebe o título de Doutor Místico; Santo Antônio, Doutor Evangélico; Santa Teresinha, Doutora do Amor; Santo Irineu de Lyon, Doutor da Unidade.
Para entender este processo, podemos verificar um fato recente. Neste ano de 2024, o superior geral dos Carmelitas Descalços, padre Miguel Calle, solicitou ao Papa Francisco que reconhecesse santa Teresa Benedita da Cruz, Edith Stein, como doutora da Igreja. Deste modo, se o pedido for aceito, iniciará a fase de análise das obras deixadas pela santa.
E quais são, atualmente, os Doutores da Igreja?
Em 2000 anos de Igreja, apenas 37 santos receberam este título, sendo 04 mulheres e 33 homens. São eles: São Gregório Magno (Papa); Santo Agostinho (Bispo); Santo Ambrósio (Bispo); São Jerônimo (Presbítero); Santo Tomás de Aquino (Presbítero); Santo Atanásio (Bispo); São Basílio Magno (Bispo); São Gregório Nazianzeno (Bispo); São João Crisóstomo (Bispo); São Boaventura (Bispo); Santo Anselmo (Bispo); Santo Isidoro (Bispo); São Pedro Crisólogo (Bispo); São Leão Magno (Papa); São Pedro Damião (Bispo); São Bernardo de Claraval (Abade); Santo Hilário de Poitiers (Bispo); Santo Afonso Maria de Ligório (Bispo); São Francisco de Sales (Bispo); São Cirilo de Alexandria (Bispo); São Cirilo de Jerusalém (Bispo); São João Damasceno (Presbítero); São Beda, o venerável (Presbítero); Santo Efrém, o sírio (Diácono); São Pedro Canísio (Presbítero); São João da Cruz (Presbítero); São Roberto Belarmino (Bispo); Santo Alberto Magno (Bispo); Santo Antônio (Presbítero); São Lourenço de Brindisi (Presbítero); Santa Teresa de Jesus (Virgem); Santa Catarina da Sena (Virgem); Santa Teresa do Menino Jesus (Virgem); São João de Ávila (Presbítero); Santa Hildegarda de Bingen (Virgem); São Gregório de Narek (Monge); Santo Irineu de Lião (Bispo), sendo estes dois últimos declarados pelo Papa Francisco.
Peçamos a intercessão destes santos doutores e que a vida e a obra deles nos alcancem e nos auxiliem na caminhada para a santidade!