Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? (Os 13,14)
Um grande silêncio pairou sobre a terra. Quando Deus criou o mundo, esse silêncio pairava, pois ainda não havia dado vida ao homem. Ao entregar Seu próprio Filho à morte para a salvação da humanidade, o silêncio, mais uma vez, pairou sobre a Terra, o silencio da nova vida que o Pai dá aos homens pelo sangue de Cristo que paga por nossos pecados com sua vida.
O Sábado Santo é o dia do grande silêncio. Após a morte de Cristo na Cruz, os discípulos, desolados, enfrentam a aparente ausência de Deus. Jesus, ao descer à mansão dos mortos, não foi vencido pela morte, mas penetrou em seu mistério para libertar os justos que O aguardavam (CIC 632-635). É um dia de espera, de luto, mas também de esperança, pois a história da salvação não termina no túmulo. Assim como a semente que precisa ser enterrada para germinar, o silêncio de Deus não significa abandono, mas a preparação para a ressurreição.
Muitos santos passaram por essa experiência do “silêncio de Deus” em suas vidas, como Santa Teresa de Calcutá, que, por anos, enfrentou a chamada “noite escura da alma”, mantendo-se fiel apesar de não sentir a presença divina.
Também São João da Cruz nos ensina que Deus, às vezes, permite esse aparente distanciamento para fortalecer nossa fé e nos purificar. O Sábado Santo nos convida a permanecer firmes na confiança, mesmo quando não vemos sinais imediatos da ação divina. Se os discípulos tivessem perdido completamente a esperança, não teriam permanecido unidos na espera da promessa.
E nós estamos dispostos a permanecer firmes na confiança em Deus?
Neste dia, somos chamados a confiar que, mesmo no silêncio, Deus está operando. O mundo pode parecer mergulhado na escuridão, mas a Luz da Ressurreição já se aproxima. Maria, a Mãe da Esperança, nos ensina a aguardar com fé inabalável. Como ela, devemos crer que, por mais longo que seja o Sábado Santo em nossa vida, o Domingo da Ressurreição sempre chegará. O silêncio de Deus nunca é vazio, mas cheio de promessas que se cumprem no tempo oportuno.