Em Roma estão as quatro basílicas pontifícias: São Pedro, São Paulo, São João do Latrão, que é a Catedral do bispo de Roma, o Papa; e a basílica de Santa Maria Maior.
Entre os mais de cem títulos dedicados à Virgem Maria, há muitas igrejas em Roma em homenagem à Mãe de Deus: Santa Maria Antiga, construída no Foro romano; Santa Maria de Araceli, no ponto mais alto do Capitólio, de onde a Sibila teria, segundo uma lenda medieval, revelado a Augusto a iminente vinda do Filho de Deus (“Eis o altar do primogênito de Deus”); Santa Maria dos Mártires, no Panteon; Santa Maria dos Anjos, nas Termas de Diocleciano; Santa Maria sobre Minerva, construída sobre os alicerces do templo da deusa Minerva.
Como o próprio nome o diz, Santa Maria Maior, é a maior basílica dedicada a Nossa Senhora, a quarta basílica patriarcal de Roma, chamada inicialmente de Liberiana, porque era identificada como o antigo templo pagão, no alto do Esquilino, onde o papa Libério (352-366) adaptou a basílica cristã.
A basílica de Santa Maria Maior, de grande devoção do Papa Francisco, e onde ele está sepultado, é um monumento de devoção mariana. Este Papa sempre ia rezar nesta basílica antes de viajar para alguma missão apostólica pelo mundo, e depois, voltava lá para agradecer à Virgem Maria.
Atualmente é conhecida por Santa Maria Maior, por ser, tanto em idade como em dignidade, a primeira igreja da Cidade Eterna entre as que foram dedicadas a Deus em honra de Nossa Senhora. É, aliás, entre as igrejas papais de Roma, a que mais conservou sua forma basilical.
Uma antiga tradição da Igreja diz que Nossa Senhora, aparecendo na noite de 4 a 5 de agosto de 352 ao papa Libério e a um cristão romano rico, sem filhos, que queria honrar Nossa Senhora, teria convidado a ambos a construírem uma igreja onde de manhã encontrassem neve, em pleno verão forte em Roma.
Na manhã do dia seguinte houve uma forte nevada, cobrindo a área exata do edifício, o que teria confirmado a visão, convencendo o papa e o cristão a construírem o primeiro grande santuário mariano, que recebeu o nome de Santa Maria da Neve, por causa do milagre da neve no verão.
Pouco menos de um século depois, o papa Sisto III, para recordar a celebração do Concílio de Éfeso (431) no qual era proclamada a maternidade divina de Maria, reconstruiu a igreja nas dimensões atuais.
O Concilio de Éfeso enfrentou e condenou a heresia nestoriana, de Nestório, Patriarca de Constantinopla que negava que a Virgem Maria era mãe de Deus. O Concílio confirmou a maternidade divina de Maria e a chamou de Theotókos, em grego, Mãe de Deus. E o povo aplaudiu esta decisão do Concílio porque sempre acreditava nisto.
A basílica de Santa Maria Maior foi reconstruída várias vezes, mas da obra original permanecem as naves com as colunas e os trinta e seis mosaicos que enfeitam a nave superior. São belíssimos mosaicos, muitos deles alusivos à Virgem Maria, relacionados com o nascimento do Menino Deus em Belém.
A forma atual da basílica foi dada por vários pontífices, desde Sisto III que pôde oferecer ao povo de Deus o maior monumento ao culto da bem-aventurada Virgem (à qual prestamos um culto de hiperdulia, isto é, de veneração maior do que o prestado aos outros santos), até os papas de nossa época.
Estamos diante do mais antigo santuário mariano do Ocidente. Os textos litúrgicos não fazem alusão às lendas nem ao aspecto mitológico da história dessa basílica. A Oração da coleta comemora a Virgem Maria, Mãe de Deus. que por sua intercessão o Senhor nos perdoe os nossos pecados.
A basílica foi também denominada Santa Maria do Presépio, já antes do século VI, quando para aí foram levadas as tábuas de uma antiga manjedoura, que a devoção popular identificou com a que acolheu o Menino Jesus na gruta de Belém. Esta relíquia se encontra num relicário no altar da basílica. A celebração litúrgica da dedicação da basílica entrou no calendário romano somente no ano de 1568.
A comemoração de 5 de agosto é um misto de comemoração mariana e cristológica. Originariamente, as festas de dedicação de igrejas constituem sempre uma comemoração do mistério da Igreja, cujo fundamento é Cristo.
Fontes de consulta:
– Frei Alberto Bechhauser, “Os Santos na liturgia: testemunhas de Cristo”, Ed. Vozes, `Petrópolis, 2013, pg 391.
– Mario Sgarbossa e Luigi Guiivannini, “ Um Santo para cada dia”, Edições Paulina, 1983, pg. 247/248.