João, o profeta
São João Batista é o único santo do qual a Igreja Católica dedica uma solenidade para comemorar seu nascimento.
A Natividade de João Batista é como uma janela que se fecha para o passado, mas, ao mesmo tempo, abre-se para um novo tempo: tempo de graça e de salvação, tempo de cumprimento de todas as profecias e da grande manifestação de Deus, não somente a uma nação ou a um povo, mas a todo o mundo.
É o último dos profetas e um profeta privilegiado, pois pôde contemplar o que todos os outros profetas anunciaram e desejaram ver. Foi profundamente íntimo de Jesus e manteve um relacionamento despontado desde o ventre materno (Cf. Lc 1,41); relacionamento assinalado pela admiração de ambas as partes pelo respeito e pela responsabilidade na missão.
São João Batista foi um homem extraordinário e de uma perfeição de vida que mereceu ser exaltada até mesmo pelo Mestre Jesus Cristo. O próprio Senhor afirmou: “Em verdade, eu vos digo, entre todos os nascidos de mulher não surgiu quem fosse maior que João Batista” (Mt 11, 11). Jesus exalta a dignidade, não somente de profeta São João Batista, mas a excelência de um verdadeiro homem que, com suas palavras e seu testemunho de vida, preparou o caminho do Messias.
A grandeza de João Batista consiste no seguimento radical do Reino de Deus e na escolha do Pai para anunciar aos judeus e ao mundo que Jesus Cristo é o Cordeiro de Deus que veio tirar o pecado do mundo. Porquanto, mesmo sendo exaltado por Jesus, João Batista sabia que era uma ‘seta’ que apontava para Aquele que é o Filho de Deus, a Misericórdia Encarnada e, por isso, nunca perdeu a consciência de que era simples e humilde servo do Senhor. Afirmava São João: “Depois de mim vem alguém com mais autoridade do que eu, e eu não tenho direito de agachar-me para soltar-lhe a correia das sandálias” (Mc 1,7).
Anunciador de Cristo
São João Batista, um autêntico homem que desde o nascimento foi cheio do Espírito Santo e, por isso, realizou com afinco a sua missão de anunciador da conversão e do perdão dos pecados para os que, de coração sincero, buscavam Deus. Homem austero, que não se deixou corromper pelos aplausos e elogios de Herodes (cf. Mc 6,20), mas fiel a Deus, anunciou a verdade e defendeu o valor da família e a indissolubilidade do matrimônio.
São João Batista, é o homem da compaixão, pois é exatamente esse o significado do seu nome: “O Senhor se compadece”. Em primeiro lugar, o Senhor se compadeceu da família de São João Batista, ao tirar a esterilidade de sua mãe, da vergonha, da humilhação e do anonimato. O filho foi o consolo para o pai, que não podia deixar um sucessor e, não somente consolo e alegria para o pai, mas foi uma alegria partilhada por muitos aos quais a missão do profeta atingirá.
A profecia e a vida de São João Batista é um ensinamento para tantos homens e mulheres que vivem neste mundo, mas que não querem se corromper e manter-se fiel a Jesus Cristo e ao Seu Reino. Para uma sociedade marcada pelo consumismo, pelo desperdício de tantos alimentos e pela constante busca de fama e sucesso que geram um grande vazio interior e faz com que fixemos o nosso olhar nas coisas que passam e, por consequência, não abraçamos as que são eternas. São João é exemplo, pois se vestia com um traje de pele de camelo, cingia-se com um cinto de couro, comia gafanhotos e gritava no deserto (Cf. Mc 1,4-6).
O único desejo de São João Batista era tornar conhecido Jesus Cristo e levar as pessoas à conversão. Mesmo tendo como missão preparar a primeira vinda de Messias, o apelo de João Batista ainda é audível nos nossos dias, porque o Senhor prometeu retornar, contudo, não sabemos o dia nem a hora. Portanto, busquemos a conversão, o endireitar dos nossos caminhos e tenhamos as lâmpadas acesas para aguardar o Senhor que voltará. Sua vinda é certa como a aurora.
O Senhor virá e não tardará; que sejamos santos!
Uélisson Santos
Seminarista da Comunidade Canção Nova