Não existe nada que nos impeça de sermos amados pelo Pai
Deveria ser-nos estranho ter de voltar a um lugar do qual nós nunca poderíamos ou quereríamos ter saído. Lugar de pertença, lugar onde nos sentimos seguros e verdadeiramente saciados. Mas a realidade é bem diferente disso: nós saímos. E o fazemos constantemente.
Curiosamente, vamos em busca – ainda que de forma inconsciente – do que deixamos: o amor do Pai. O pecado original, lá no princípio, fez com que nossos olhos fossem maculados e com que a nossa alma estivesse tomada por um vazio infinito devido ao distanciamento de Deus.
Vivemos, portanto, como cegos, à procura de algo que só conseguiremos alcançar se possuirmos uma visão espiritual sobre todas as coisas. E isso não significa espiritualizar tudo. Porém, a cada momento, precisamos estar atentos, e o Pai nos dá oportunidades de nos voltarmos para Ele, de nos refugiarmos em Seu colo, de sentirmos o Seu amor.
Antes, e acima de tudo, esse caminho de volta é trilhado a partir de uma decisão pessoal. Decidir-se por voltar, independentemente das circunstâncias, é a mesma jornada feita pelo filho pródigo. E, de certa forma, todos nós nos encontramos nessa parábola. Não é mesmo?
:: O abraço do Pai espera por você!
Convido você a rezar com a passagem do Filho Pródigo, em Lucas 15,11-32, e atentar-se à decisão tomada por ele: “Vou me levantar e irei a meu Pai”. Ele se determinou a retornar. E a situação na qual ele se encontrava faria com que qualquer um dissesse que ele era indigno demais para voltar ao lugar do qual ele nunca deveria ter saído.
Perceba: se nunca deveríamos ter saído, sempre podemos e devemos regressar. Não existe nada que nos impeça de sermos amados pelo Pai. No menor desejo de nosso coração, Ele vê e corre ao nosso encontro, envolve-nos em um abraço, em um beijo, e nos devolve a dignidade deixada.
Quais são as portas que Deus hoje abre para que você retorne? Elas são individuais. Peça ao Senhor a graça de enxergar além do que seu olhar humano pode alcançar, e não hesite em derramar-se nesse amor.
E bem, acaso levantar-se –como na passagem – seja ainda difícil demais, decida-se por ir mancando ou arrastando-se. O amor do Pai nos reconstrói. Ainda que fragmentados, Ele nos faz inteiros mais uma vez. Retorne! Sempre é tempo!
Catarina Xavier
Missionária da Comunidade Canção Nova