Como diferenciar o pecado mortal do venial?

A virtude da caridade é a nossa união com Deus. Nós mantemos as virtudes da fé e da esperança depois de cometermos um pecado mortal, e ambas nos encorajam a buscar o sacramento da confissão. Mas quem ofende a Deus, mesmo que por apenas um pecado mortal, perde instantaneamente quaisquer méritos que possa ter adquirido anteriormente pelos sofrimentos e morte de Cristo, e é totalmente excluído das portas do céu.

Apenas um pecado mortal não confessado é suficiente para a condenação e o fogo eterno do inferno. Isso ocorre porque rompemos nosso relacionamento com Deus quando pecamos mortalmente. Assim, devemos deixar claras as três condições necessárias para um pecado ser mortal.

Três condições para o pecado mortal

Matéria séria ou grave: A ação é claramente má ou severamente desordenada. Isso inclui muitas atividades comuns: relação sexual fora do casamento, aborto, falta intencional da missa, matar etc.
Conhecimento ou reflexão suficiente: Isso significa que sabemos que estamos cometendo um ato pecaminoso e que refletimos o suficiente para que seja intencional. Alguns podem dizer que a porção do conhecimento torna a maioria dos pecados menos sérios do que um pecado mortal, porque a maioria das pessoas não tem conhecimento pleno das consequências quando escolhe fazer algo. Vale a pena notar que conhecimento não significa compreensão. Além disso, em nenhum ensinamento dogmático ou Escritura diz que devemos ter conhecimento teológico específico para cometer pecado mortal. Todo ser humano saudável nasce com um senso da lei natural, o que significa que uma compreensão da moralidade, mesmo que imperfeita, é construída em nossa natureza.
Pleno consentimento: Isso significa que devemos escolher livremente cometer um pecado grave para que seja um pecado mortal. Se houver algum impedimento significativo a nossa vontade, então é possível que o pecado não seja mortal, mas apenas venial (os pecados veniais são pecados menos graves).

Como distinguir pecados mortais e veniais?

É verdade que, às vezes, podemos não ter certeza se atendemos aos três critérios necessários. Nesse caso, eu erraria por precaução e confessaria o pecado. De fato, até os pecados veniais devem ser confessados para ganhar as graças para deixar de cometer qualquer pecado.

Por exemplo, moro em comunidade com muitas outras pessoas, o que significa que preciso estar alerta contra fofocas e conversas prejudiciais. Houve momentos em que participei pelo menos passivamente de conversas repletas de fofocas. Se eu participasse ativamente com a intenção de denegrir o caráter de alguém, então eu poderia ter cometido o pecado mortal de detração – tentar destruir uma reputação.

Por outro lado, se tolerasse passivamente os insultos e as fofocas, estaria cometendo um pecado venial e não um pecado mortal. Isso ocorre porque eu não participei totalmente da atividade pecaminosa, mas falhei em agir virtuosamente. Neste caso, eu traria isso à confissão para obter as graças de parar de participar de fofocas por completo. Este é um fato pouco conhecido sobre o sacramento: a confissão não apenas purifica o pecado mortal, mas também dá graça para vencer o pecado no futuro.

É possível que um pecado seja mortal em uma circunstância, e venial em outra. Deve-se notar, no entanto, que apenas um pecado mortal é suficiente para que percamos o céu.

A maioria dos nossos pecados não são mortais, mas virtualmente todas as pessoas cometem pelo menos um pecado mortal, se não mais, ao longo da vida. Não brinque com suas chances e vá rapidamente para o sacramento da confissão se tiver alguma dúvida. Deus ficará satisfeito com seu fervor pela santidade, e você se aproximará dele por meio de seus esforços. Apenas tome cuidado para se proteger contra o vício da escrupulosidade.

Todos pecaram (excluindo Nosso Senhor e Nossa Senhora), e todos precisam de redenção. A crucificação de Nosso Senhor Jesus Cristo foi para você tanto quanto para qualquer um que já viveu. Existem alguns santos que viveram vidas livres do pecado mortal, como Santa Teresa de Lisieux, mas ela é uma exceção. Não se considere entre as exceções. Ironicamente, os maiores santos que viveram livres do pecado mortal se viam como pecadores miseráveis. Sua humildade os impulsionou a sempre confiar na misericórdia de Deus no confessionário.

São Domingos Sávio, um jovem aluno de São João Bosco, morreu como um menino que parece nunca ter cometido um pecado mortal. Ele tinha um lema: Antes morrer do que pecar! Adote este lema, faça-o seu e repita-o para si mesmo quando tentado pelo diabo.

Kaique Duarte
Seminarista da Comunidade Canção Nova