COMPORTAMENTO

Como lidar com as preocupações cotidianas?

“A cada dia basta seu cuidado”

“Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações.” (Mateus 6,34). E de forma bem prática, destaco para você uma parte importante deste Evangelho para nossa reflexão de hoje: “a cada dia basta seu cuidado”. 

Foto Ilustrativa: STEEX by Getty Images

Uma realidade dos nossos dias: cerca de 40% das pessoas, quando questionadas, dizem que estão preocupadas com algo ou alguém. A questão é: sempre teremos situações difíceis para resolver, mas quando as preocupações se tornam crônicas, ou seja, estou alerta o tempo todo, com tudo e todos, minha capacidade emocional fica reduzida, a capacidade de crítica e bom senso reduzem, aumentamos as possibilidades de transtornos mentais como ansiedade e depressão, dentre outras áreas de nossa saúde. 

Para refletirmos sobre isso, gostaria de deixar sete pontos para lidarmos com as preocupações: 

  1. Identificar as preocupações produtivas e improdutivas: geralmente, temos a sensação de que nossas preocupações vão nos enlouquecer ou que teremos dificuldade para abandoná-las. Estar preocupado não contribui para que possamos resolver um problema e, ainda por cima, nos deixa infelizes. Os sentimentos ficam confusos e, muitas vezes, vamos relutar e desistir da crença de que se preocupar é importante. Frear as preocupações não é ser irresponsável ou desleixado. Muito pelo contrário: ao alimentarmos os imaginários “e se”, “como será”, “será, será…?” não conseguimos ter o foco necessário para resolver os problemas que são reais.
  2. Acatar a realidade e ter um compromisso com a mudança: quando aceitamos um fato, deixamos de ter aquela batalha contra a realidade. Ou seja, a situação está ali e não adianta brigar o tempo todo com ela. Você não quer aceitar determinados fatos ou possibilidades dos quais possa não gostar e sua preocupação é como um protesto contra a realidade. A aceitação de algo não significa que você goste ou o considere justo! A aceitação não significa que não possa fazer nada para modificar certas coisas, mas, antes que possa modificar algo, terá de aprender a aceitar que problemas reais existem. Você vai aprender também a aceitar suas limitações e que as preocupações não devem ser o centro do universo!
  3. Contestar a preocupação: muitos de nós somos mestres em “prever o futuro”, e nestas situações a maioria das previsões são catastróficas. Ao questionar uma preocupação, vamos pensar no que realmente a situação é, o que ela realmente representa, e vamos retirando fantasmas e monstros do tipo “vou fracassar”, “não vou dar conta”, “o que vão pensar de mim”. Isso, certamente, reduzirá seu nível de ansiedade.
  4. Focalizar a ameaça mais profunda: ao identificarmos as ameaças e aquilo que é real ou o que não é real, é possível que tenhamos melhor percepção sobre as situações e sobre as nossas emoções. Isso porque aquilo que vem sempre à mente quando estamos em dificuldade, aquele pensamento que insiste em perturbar você e que ativa as crenças ao nosso respeito (ser imperfeito, ter sido abandonado ou desamparado, parecer tolo etc.) precisa ser desafiado, para que deixe de existir, e como consequência, reduza seu estresse.
  5. Transformar “fracasso” em oportunidade: o que posso aprender quando passo por fracassos em minha vida? Tentamos estar preparados, prevenindo e até mesmo antecipando o fracasso, mas ele nem sempre é o fim de tudo: tire lições e experiências com ele, tenha outros comportamentos, pense de forma diferente, enfim, são muitas as chances de fazer algo diferente a partir daquilo que chamamos de fracasso.
  6. Usar as emoções em vez de se preocupar com elas: muitas vezes, temos medo das emoções, pois nem sempre sabemos lidar com elas. Nem tudo é terrível, nem tudo é tão complicado assim e nem sempre há razão para ter medo de vivenciar as emoções. Use-as ao seu favor, em vez de afugentá-las. Até mesmo compreender sentimentos contraditórios devem ser reconhecidos e percebidos, e não há mal nenhum nisso.
  7. Assumir o controle do tempo: quando a urgência toma conta da nossa vida, perdemos facilmente o controle das coisas. Nem sempre conseguimos avaliar o que, de fato, é urgente e nos contaminamos com aquele desespero típico da falta de controle do tempo. Pense no seguinte: “desligar a urgência, aceitar que nem tudo ficará como está, apreciar cada momento, melhorar o momento, planejar e, com isso, procurar expandir seu tempo.

Longe de invalidar aquilo que você possa estar sentindo, que essas reflexões possam ajudá-lo a pensar sobre como encarar suas preocupações e como ter uma nova percepção sobre as situações, retirando aquilo que possa ser improdutivo ou mesmo esteja levando você ao adoecimento desnecessário. 

Elaine Ribeiro
Psicóloga Clínica pela USP – Universidade de São Paulo, atuando nas cidade de São Paulo e Cachoeira Paulista. Neuropsicóloga e Psicóloga Organizacional e colaboradora da Comunidade Canção Nova.
Site: www.elaineribeiropsicologia.com.br
Facebook: elaine.ribeiropsicologia
Instagram: @elaineribeiro_psicologa

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