Quarta-Feira de Cinzas

Convertei-vos e mudai a vossa vida: renovai-vos de espírito e coração

O Pai das Misericórdias está sempre disposto a acolher aquele que se converte. “Ainda que vossos pecados subam da terra até o céu, ainda que sejam mais vermelhos que o escarlate e mais negros que o cilício, se voltardes para mim de todo o coração e disserdes: ‘Pai’, eu vos tratarei como um povo santo e ouvirei as vossas súplicas” (Cf. Is 1, 18; Jr 3, 4).

Perpassando diferentes gerações, o Senhor sempre concedeu tempos fortes de favorável penitência em vista da conversão aos homens. De modo particular, para os cristãos a Quaresma é este tempo forte de renovação espiritual. A quarta-feira de Cinzas marca o início deste tempo quaresmal.

A reflexão proposta deste dia encontra sua raiz no costume judaico de se deitar sobre as cinzas. Este é um sinal de arrependimento, de voltar-se para Deus despojando-se de si mesmo. Para os cristãos, receber as cinzas na testa tem o mesmo significado de humildade e recorda-nos algo profundo: o homem, um ser mortal, “é pó, e ao pó voltará” (Gn 3,19).

Foto: cathopic – @arito

Com efeito, recordar que nossa vida é passageira nos remete à eternidade e, ainda, devemos ter presente que neste dia será o seu juízo final. Por isso, o cristão busca não se apegar a esta vida, e sim focar nas coisas celestes, pois tudo aqui é passageiro e ilusório.

A liturgia celebrada hoje recorda que se queres ter uma vida santa neste mundo e almejas encontrar-se com seu criador no mundo que vira é preciso oração, penitências e caridade. Nisto alcançamos a reparação de nossos pecados, e assim reconcilia-se com Deus. Deve-se abandonar as obras das trevas, a discórdia, a inveja que conduz a morte, toda espécie de vaidade, soberba, insensatez e cólera.

Deve-se reconhecer em si mesmo, de modo pessoal, a fraqueza humana que nos abre à graça divina e assim conduz-nos ao encontro com a grande misericórdia de Deus, manifestada explicitamente em seu Filho Jesus que morreu para nos salvar do pecado, pois, todo esforço humano sem Cristo é inútil.

Procureis a humildade e imploreis humildemente a misericórdia de Deus que, tal como o Pai narrado no filho pródigo, se deixa encontrar e ama aquele que volta arrependido após duras experiências da vida errada pela qual havia optado.

Então, esse dia dá início a um tempo de maior busca de Deus por exercícios espirituais, liturgias penitenciais, peregrinações em sinal de penitência, privações voluntárias como a abstinência de carne e o jejum, e ainda, a esmola e outras formas de caridade.

Como diz o hino do Oficio das Leituras da Quarta-feira de Cinzas: “Seguindo o preceito místico, guardemos a abstinência, durante os quarentas dias votados à penitência. A Lei e os profetas dantes cumpriram igual preceito, mas Cristo, no seu deserto, viveu o jejum perfeito”. Seguindo nos passos de Jesus Cristo, recordemos sempre que o jejum que agrada ao Senhor é a suprema caridade, repartir o pão, visitar os doentes, auxiliar os sem tetos. Bendito é aquele vive este preceito, pois, a caridade cobre uma multidão de pecados (cf. 1 Pe 4,8).

 

Deus te abençoe!

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