Dia Mundial dos Pobres: A Pobreza Combatida pela Educação.

A pedagogia de Dom Bosco: um método preventivo de combate à pobreza

Ao celebrar o Dia Mundial dos Pobres, meu coração de salesiano e meu lema episcopal — Creddidimus Caritati (Nós acreditamos no amor) — me levam a traduzir esta data de forma imediata e concreta: para nós, este é, e deve ser, o Dia Mundial pelo Jovem Pobre.

São João Bosco, nosso pai e mestre, não fundou sua obra a partir de uma teoria sociológica; ele a fundou a partir de um encontro. Em Turim, ele viu jovens nas prisões, abandonados nas ruas, sem futuro e sem esperança. Ele viu a pobreza mais trágica: a pobreza de quem nem sequer teve a chance de começar a vida.

A pobreza que assola nossas periferias tem muitas faces: é a fome, a falta de teto, a doença. A Igreja deve, com urgência maternal, responder a todas elas com a caridade imediata, com o pão que sacia a fome de hoje.

Contudo, Dom Bosco nos ensinou que a caridade maior, a que verdadeiramente liberta, é aquela que combate a causa da pobreza. E a causa de quase toda pobreza é a falta de oportunidade, a falta de educação.

Não podemos nos contentar em “assistir” o pobre; somos chamados a “promovê-lo”. O assistencialismo é necessário, mas é paliativo. A promoção humana, através da educação, é curativa. Dar o pão resolve o problema de hoje; ensinar uma profissão e formar o caráter resolve o problema de uma vida inteira.

O Dia Mundial dos Pobres, cuja celebração foi um dom do Papa Francisco à Igreja e que continua a ser exortada pelo Santo Padre Leão XIV, é um forte chamado para que toda a Igreja adote uma “pedagogia da esperança”.

Foto: Vatican News

Para nós, salesianos, essa pedagogia tem um nome: o Sistema Preventivo. Ele não se baseia na coação, mas em três pilares simples e profundos: Razão, Religião e Amorevolezza.

  • Razão: Significa oferecer ao jovem pobre as ferramentas da inteligência. É a escola de qualidade, o centro de formação profissional, o acesso à cultura. É dizer ao jovem: “Você é capaz de pensar, de aprender, de ter um futuro digno”.
  • Religião: É apresentar ao jovem a alegria do Evangelho. É mostrar-lhe que ele não é um “acidente” social, mas um filho amado de Deus. É dar-lhe um sentido para a vida que vai além do consumismo imediato.
  • Amorevolezza: Esta é a chave. É o nosso “carinho”, a nossa bondade. Dom Bosco dizia: “Não basta amar os jovens, é preciso que eles saibam que são amados”. O jovem pobre, muitas vezes ferido pela indiferença do mundo, só se abre à Razão e à Religião se, primeiro, ele se sentir verdadeiramente amado.

O Papa Leão XIV nos pede uma “Igreja em saída”, uma Igreja que seja “hospital de campanha” como sempre disse o saudoso Papa Francisco I. O Oratório de Dom Bosco é o modelo perfeito disso: um lugar onde o jovem ferido pela pobreza das ruas encontra não um tribunal, mas uma casa.

.: MENSAGEM DO SANTO PADRE LEÃO XIV PARA O IX DIA MUNDIAL DOS POBRES em 2025

A resposta salesiana ao Dia dos Pobres é um convite a cada paróquia: sejamos uma “casa que acolhe”, uma “escola que encaminha para a vida”, uma “Igreja que evangeliza” e um “pátio para se encontrar como amigos”.

A maior pobreza de um jovem é acreditar que não é amado por ninguém. A maior caridade que podemos fazer é provar-lhe o contrário.

Que este dia nos inspire a formar, como queria nosso pai Dom Bosco, “honestos cidadãos e bons cristãos”, tirando a juventude da pobreza material através da riqueza da educação e do amor de Deus.

Que Maria Auxiliadora, a mestra de Dom Bosco, abençoe nossos educadores e todos os jovens que buscam um futuro digno.

Com minha bênção salesiana,