Ser humano

A dignidade da pessoa humana: uma responsabilidade pessoal

Possui origem divina no próprio Deus

Cada ser humano, independentemente da etapa de vida em que se encontra, de sua condição social, do sexo, da posição ideológica, da cultura em que nasceu possui uma grandeza singular. Ele é portador de valores intrínsecos e invioláveis e, portanto, jamais podem ser abolidos ou invalidados. Essa dignidade humana possui origem divina no próprio Deus.

O ser humano foi criado imagem e semelhança de Deus, e isso aconteceu por iniciativa exclusiva d’Ele, do Criador. Santo Irineu, em sua monumental obra “Contra as Heresias” escreveu: “Deus […], que na sua imensa caridade se fez o que nós somos para nos elevar ao que Ele é”. Se Deus quis dar essa dignidade ao ser humano, quem a poderia anular? Mesmo que o homem perca a sua capacidade de raciocinar ou ainda não a tenha alcançado, sua dignidade permanece intocada.

Embora ele jamais possa perdê-la, muitas vezes vive como se ela não existisse. Aquele que deveria salvaguardá-la acaba por tomar caminhos contrários empreendendo atividades danosas à sua promoção. Exemplos não faltam: egoísmo, maldade, autossuficiência (…) que, na prática, se manifesta por meio do acúmulo sem limites, das guerras, do uso de drogas, do aborto, da eutanásia, do sexo pelo sexo, enfim, a lista é comprida.

Responsabilidade pessoal

Diante desse cenário, existe um componente da nossa vida, que subsiste em nós e que possui ligação imediata, contínua e real com tudo o que acontece de mal no mundo. Contudo, esse componente está escondido, muito bem disfarçado e fazemos questão de fingir que ele não existe: a responsabilidade pessoal. Sim, caro leitor, somos todos corresponsáveis pelo que acontece no mundo, seja de bom, seja de ruim.

Não nos iludamos pensando que um aborto feito longe da nossa casa, por exemplo, não possua ligação conosco. Não apenas possui conexão, como somos também é corresponsáveis por ele. Nossa sociedade, infelizmente, tem se matriculado com mais frequência na escola de Pilatos que na de Jesus.

Ícone do amor de Deus

“Tudo o que se passa no homem tem um significado universal” | Foto: Ilustrativa – cancaonova.com

Aprendemos desde cedo a lavarmos as mãos para o mal que julgamos não se referir a nós, e acabamos por fingir que ele não acontece, afinal, é muito mais fácil escusarmos da responsabilidade que a assumir. Esse caminho lastimável da maldade é bem previsível: no início, ignoramos o mal que sabemos existir; depois, o mal que vemos; posteriormente, o mal que queremos fazer; e, por fim, o mal que cometemos. Nesse ínterim, a dignidade da pessoa humana acaba se transformando em mero adorno impertinente ou simples retórica vazia.

Você já parou para pensar que os grandes males que acontecem no mundo – aqueles bem longe de nós –, acontecem também no nosso meio só que em proporções mais reduzidas? Apenas a título de exemplo, note que as grandes guerras de além-fronteiras, de certo modo, acontecem similarmente no meio de nós, o que muda é unicamente sua proporção. Enquanto países estão se bombardeando lá longe, por aqui nós estamos nos bombardeado também, logicamente de outras formas.

Dignidade humana

Como num outro exemplo que vemos ser noticiados a todo instante nos telejornais: o ódio visceral que pessoas de uma cultura sentem pela de outras. Trata-se do mesmo furor indomável que eu e você sentimos por aquele que se encontra próximo de nós. Em outras palavras, sempre se dará numa escala universal aquilo que promovemos por meio das nossas ações particulares. O mal que acontece no mundo é reflexo do mal que praticamos pessoalmente. O monge São Serafim de Sarov, um dos santos mais venerados pela Igreja Ortodoxa Russa já dizia: “Tudo o que se passa no homem tem um significado universal”.

E o que isso tem a ver com a dignidade humana? Tudo! Não existirá dignidade humana no mundo se, por primeiro, eu não a promover dentro da minha casa, no meio em que vivo, no interior do meu coração e nos meandros da minha razão. Não é o mundo que constitui as pessoas, mas as pessoas que constituem o mundo. Louis Lavelle, um filósofo francês católico, deixou-nos um profundo ensinamento: “não há ato frívolo ou insignificante […] que não envolva nossa responsabilidade e a ordem inteira do universo […]”.

A menor das nossas atitudes, mesmo que não seja vista ou sabida por mais ninguém, tem o poder de mudar o mundo inteiro. A promoção da dignidade da pessoa humana sempre passa por nós. Sejamos sempre responsáveis uns pelos outros e jamais deixemos de fazer o bem!

Deus abençoe você. Até a próxima!

Seminarista Gleidson de Souza Carvalho
Missionário da Comunidade Canção Nova

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