O ‘segredo’ da santidade de Maria Madalena, numa amizade profunda com o Amado Jesus!
O testemunho de Maria Madalena cativa e move muitos corações a um amor total e radical a Jesus e ao Seu Reino. Liberta de sete demônios a mulher de Magdala que, segundo a tradição, segue Jesus com um amor pleno e marcadamente generoso. Deduz-se que após seu encontro pessoal e íntimo com Jesus, Maria passa a segui-Lo com um amor ardente e indiviso. Sua presença constante ao lado de Cristo dá-nos a pista de que ela deixou-se amar tanto pelo Mestre a ponto de responder a altura da generosidade com que foi acolhida.
O início da vida espiritual é marcado por um sentimento de profunda gratidão para com Deus. O recém convertido medita sobre sua vida passada e percebe o quanto o Senhor o amou, mesmo não sendo ele merecedor de tamanha graça, dada a quantidade de misérias nas quais costumava praticar. Já a segunda conversão é o tempo da generosidade: Deus nos dá a oportunidade de subir a escada da salvação, atrás do verdadeiro motivo para nossa existência, isto é, a coroa do céu. E a terceira é a alma esponsal. Experiência que Maria Madalena viveu.
Segundo Padre Paulo Ricardo, o amor esponsal é uma união total e incorruptível com nosso criador. No texto do Cântico do Cânticos, lemos a declaração de amor de Jesus a sua Igreja, que somos nós. Esse amor consiste numa entrega apaixonada até o sacrifício na cruz, pelo que fica clara agora a comparação do apóstolo entre o amor de marido e mulher e o amor de Jesus pela Igreja. Somos chamados a ocupar todos os espaços de nossas vidas com a presença de Deus; isso significa um amor exclusivo, pois não se pode servir a dois senhores: ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro (Mt 6, 24). O jovem rico cumpria os dez mandamentos, mas não correspondeu ao chamado de Jesus porque possuía muitas riquezas (Mt 19, 22).
A realidade do amor esponsal ilumina outros mistérios do cristianismo como o próprio celibato dos padres e dos religiosos. Em consequência da responsabilidade de suas vocações, eles são chamados a uma continência ainda mais perfeita para que tenham a Deus como único amor de seus corações. A desistência e os escândalos que ocorrem dentro do ambiente clerical deve-se justamente à falta de vivência desse amor por Jesus e pela Igreja.
O amor esponsal está na raiz de uma vida santa. Por isso o primeiro mandamento ensina logo o amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo. Quem possui esse amor sabe enxergar no outro um filho também amado pelo Senhor. Porque viviam esse amor, os santos foram os que mais fizeram bem à humanidade, procurando no semelhante Aquele que habita dentro de cada um nós, a grande descoberta de Santo Agostinho. Lembremo-nos sempre: Ele está dentro de nós, não fora!
Maria Madalena mostra-nos que a santidade é possível quando nos abrimos ao amor surpreendente de Deus, capaz de renovar todas as coisas. A Festa de Maria Madalena é também motivo de esperança para nós pecadores. No extremo da nossa fraqueza ao olharmos para o seu testemunho podemos também acreditar que, de infelizes pecadores, Deus poderá nos fazer grandes e corajosos santos.
As páginas do Evangelho nos mostram a fidelidade de Maria ao Mestre sempre e em todos os momentos, desde as Suas incansáveis caminhadas pela Judeia, passando pela escura noite do Calvário, até a manhã alegre da Ressurreição. Assim, as Escrituras mostram Maria Madalena como modelo de seguimento e discipulado, de superação e santidade, de audácia e coragem. Participante dos mistérios cruciais da vida de Cristo ela torna-se depositária do maior e mais belo anúncio do Cristianismo: a Ressurreição do Senhor. Só um coração que teve a coragem de viver a cruciante dor da perda e da morte, poderá experimentar com autenticidade o amor exultante e alegre do Terceiro Dia. Em Madalena cada um de nós podemos buscar o testemunho para um amor crescente e fiel para com Jesus.