“Fazei isto em memória de mim”
Fazendo uma retrospectiva sobre a vida do homem e de sua experiência na relação com a criação, vamos perceber que o desejo do homem pela vida vai além de sua experiência com o alimento que nutre seu corpo. O Criador, já no início, dispôs à Sua criação todos os alimentos saudáveis que proporcionavam às criaturas uma vida terrena até sua finitude. Tanto que o alimento é um dom precioso, que recebe da boca do homem a gratidão ao seu Criador.
Nossos primeiros pais gozavam de uma vida plena, mas foram atraídos por um alimento (fruto) que lhes abriria para uma realidade além da conhecida, foram enganados pelo tentador, fazendo-os perder a sua vida plena e, em consequência, levando-os à morte. Isso fez com que o Criador interviesse marcando o remédio que iria curar Sua criatura. Os filhos de Adão e Eva começam, através de oferendas de seus frutos e rebanhos, a fazer ofertas a Deus no desejo de estabelecer aliança e gozar do auxílio divino.
Com o chamado de Deus a Abraão, começa a formação de um povo, um povo que sai de sua terra e vai para onde Deus vai mostrar, com promessas de grande posteridade, mas isso exigia da parte do povo fé e obediência a Ele. Deus pôs Abraão à prova pedindo o seu filho Isaac, fruto da promessa de uma grande descendência, como sacrifício. Foi na obediência de Abraão que Deus renovou Sua bênção e Isaac se tornou o sinal do homem novo, pois Isaac já era um homem morto que foi revivido pela passagem da morte para a vida.
Os Descendentes de Abraão se estendem sobre a terra até chegar no Egito, e ali se tornam um povo numeroso, a ponto de o Faraó querer eliminá-los. Deus intervém, enviando Moisés para libertá-lo. Essa libertação ficou memorável na mente e no coração dos israelitas; naquela noite, fizeram uma refeição como memória desta passagem pelos feitos do Senhor em favor de seu povo. Essa era a Páscoa dos Judeus, que, ao celebrá-la, eles atualizavam a memória do acontecimento, tornando-o presente em suas vidas.
Quando se cumpriu o tempo, Deus enviou seu filho para concluir uma aliança eterna e definitiva com Israel e toda humanidade. Portanto, na ceia que Jesus realizou na noite da quinta-feira antes de Sua Paixão, foi o memorial que instituiu a Santíssima Eucaristia, isto é, o que Cristo ia sofrer pela remissão do mundo foi ali estabelecido: “E tomando o pão disse: ‘Isto é Meu corpo’; e tomando o cálice, disse: ‘Isto é meu Sangue’; e depois disse: “Fazei isto em memória de mim”.
Depois da Ressurreição de Cristo, a comunidade dos discípulos reunida fazia a fração do pão, fazendo memoria não só das palavras de Jesus, mas do significado de tudo o que ele fez, Sua Paixão, Morte e Ressurreição. Tanto que, para eles, o ressuscitado era vivo e presente. A Igreja, depositária dos ensinamentos de Jesus e guardiã de tão augusto sacramento, não cessa jamais de celebrar a Santíssima Eucaristia, pois nela a comunidade cristã faz a experiência da presença de Cristo ressuscitado, e com Ele renovamos nossas vidas, até o dia em que estaremos todos juntos no banquete celeste do Cordeiro, a Páscoa Eterna, pois Ele vive e com Ele viveremos eternamente.
Celebrar a Páscoa de Nosso Senhor é celebrar a nossa Páscoa, pois ao fazermos memória deste acontecimento, nós o atualizamos e, comungando o Seu Corpo e Seu Sangue, entramos em comunhão com Ele, que nos purifica de todos os nossos pecados, dando-nos uma vida plena e tornando-nos participantes de sua vida divina.
Eucaristia, alimento de vida eterna, pois o ressuscitado Vive e Reina Eternamente!