Queridos irmãos, filhos e filhas do Pai das Misericórdias, nessa solene liturgia de Corpus Christi, a Igreja se reúne para celebrar o mistério do sacramento da Eucaristia, banquete de salvação. Nós comungamos o Corpo e Sangue de Cristo Jesus, que deu Sua vida pela salvação da humanidade; o pão e o vinho “eucaristizados”, que recebem o dom do Espírito Santo, para nos dar a graça de comungar o mistério pascal de Cristo, Sua paixão, morte e gloriosa ressurreição.
Foi na última Ceia que Jesus instituiu o sacramento da Eucaristia. Com esse gesto, Ele quis antecipar a Sua graça redentora, sacramento do Seu Corpo e Sangue entregues pela redenção da humanidade; o pão do céu, o pão dos simples, o pão da fé, o pão da salvação.
Na Eucaristia comungamos o Pão da nova e eterna aliança. Nela, não temos mais sangue de animais sendo derramado, como nos recorda a primeira leitura retirada do livro do Êxodo. Agora, temos o Sangue do Filho de Deus sendo derramado misteriosamente no sacramento da Eucaristia. Nós bebemos desse Sangue. O sangue, para os judeus, significa vida. Na Eucaristia comungamos a vida de Deus, para que sejamos transformados naquele que comungamos e nos tornemos mais semelhantes a Jesus, nosso Salvador.
A Eucaristia nos faz missionários
A Eucaristia traz em si uma força missionária, um compromisso com a missão evangelizadora da Igreja. Comungamos o Corpo e Sangue de Jesus para que levemos a Sua Palavra de salvação ao mundo que vivemos. Comungamos Jesus Eucaristia para que possamos levar Cristo ao mundo, a começar da nossa família.
Na segunda leitura (Hb 9,11-15), Cristo é o verdadeiro Cordeiro pascal. Ele não apenas é sacrificado no altar da cruz, mas também é o Sumo Sacerdote dos bens futuros. Ele se oferece, como Ele mesmo afirma: “Ninguém me tira a vida; eu a dou livremente.” Na Eucaristia, portanto, comungamos o Corpo do sumo sacerdote, que é Jesus, para que possamos, no nosso dia a dia, exercer o nosso sacerdócio batismal.
Adoração é escola de oração
Também no culto eucarístico fora da Missa, na adoração a Jesus no Santíssimo Sacramento do Altar, que nós possamos aprender com Jesus a rezar. Eucaristia é escola de oração. É também sacramento de libertação da idolatria, quando infelizmente, seduzidos por falsos deuses, nos colocamos como adoradores de coisas e pessoas, buscando a felicidade e a salvação que só Deus pode nos dar. Eucaristia é remédio de salvação.
Eucaristia é também comunhão com a vida da Igreja, Corpo místico de Cristo. Homens e mulheres eucarísticos não promovem a divisão na Igreja, na família, no mundo. Comungamos do mesmo Corpo e do mesmo cálice. Seria uma contradição comungar do mesmo Pão e Vinho Eucarísticos e depois promover divisões, guerras, fofocas, desuniões. Homens e mulheres eucarísticos são, na verdade, profetas da paz, cultivam a comunhão, o perdão, a reconciliação.
Celebremos com alegria essa Solenidade de Corpus Christi, nela nos preparamos para, um dia, participarmos do banquete nupcial do cordeiro, na glória de Deus. Diante de tantos sofrimentos que temos enfrentado, também por conta da atual pandemia, façamos valer a nossa fé na Eucaristia. Mesmo quando a dor e o sofrimento nos tocam, que possamos ser homens e mulheres de esperança. Que possamos dizer: há uma salvação para o que estamos enfrentando: é Jesus Eucaristia!
Pe. Wagner Ferreira
Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias
(Homilia proferida na Solenidade de Corpus Christi, 3 de junho, no Santuário do Pai das Misericórdias, em Cachoeira Paulista, SP)
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