ASSUNÇÃO

Maria no céu de corpo e alma

São Tomás de Aquino deixa claro que uma pessoa completa, um ser humano como Deus o pensou e fez, é a união do material com o espiritual, ou seja, é alma e corpo em perfeita integração. Ainda chama a atenção para um detalhe pouco divulgado: pensamos que o corpo contém a alma, quando, de fato, é a alma quem abarca o corpo.

“Maria continua operando em nosso favor, como Cristo continua e continuará, até o “último dia” | Foto: divulgação/internet

Se a alma contém o corpo e são necessários os dois para sermos inteiros, podemos perceber o erro de algumas visões distorcidas que consideram, por exemplo, que nós somos seres espirituais, que sofremos o castigo de estar em um corpo material. Uma espécie de punição ou teste de fogo para que só os fortes sobrevivam e se transformem, cada vez mais, em seres perfeitamente espirituais. O objetivo, segundo eles, é finalmente se livrar do corpo algum dia.

Essa não é a doutrina católica. Desde o início, Deus nos pensou corpo e alma, homens e mulheres e tantas outras perfeitas disposições da Divina Providência. Mas, então, isso quer dizer que os santos no céu não estão completos?

Sim e não. Não, porque tudo o que nos faz autoconscientes e ativos, nossa inteligência, vontade e tantos outros atributos estão ligados diretamente à nossa alma. Só a alma possui todas as características fundamentais de uma pessoa. E sim, de certo modo incompletos, porque os sentidos corporais e todas as outras funções foram pensados e queridos por Deus para os seres humanos.

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Essa união da alma e do corpo para que o indivíduo exista em sua plenitude é uma das principais justificativas para que ocorra a ressurreição final (1Cor 15,42). Com um corpo glorioso, mas ainda corpo, uniremos nossa alma (Rm 8,11).

Essa ressurreição final é a fonte de muitas perguntas e controvérsias. Se você acha tudo isso muito estranho, recomendo a leitura do artigo 11 do Catecismo da Igreja Católica, que trata do tema com bastante detalhes dos parágrafos 988 até 1019. Lá você encontrará uma doutrina completa sobre o tema.

Só procurei salientar estes pontos específicos para que possamos olhar com outros olhos um fato muito maravilhoso e peculiar: a assunção da Virgem Maria aos céus.

Primeiro, aquilo que ocorrera exclusivamente com Cristo, sua ascensão aos céus de corpo e alma (e, somente no caso d’Ele, também divindade), agora ocorre com sua mãe, a Bem-Aventurada Virgem Maria. A única diferença é que Cristo ascende aos céus por seu próprio poder, enquanto a virgem é assunta, ou seja, é elevada, pelo poder de Deus. Mas também corpo e alma.

É impressionante como todos aguardam para o “último dia”, aquilo que já se realizou em Cristo (como primogênito de todos nós – Cl 1,18), e, pouco tempo depois, em sua Mãe Santíssima. Aquela que participou ativamente em toda a obra de redenção operada pela Santíssima Trindade através de Cristo.

Como esta obra da redenção continua sendo realizada através dos séculos, nada mais certo ou mais justo que Nossa Senhora gozasse antecipadamente dos mesmos privilégios que o redentor já conquistou para si e para todos nós. No nosso caso, ao tempo certo, no juízo final.

Entretanto, como Maria continua operando em nosso favor, como Cristo continua e continuará, até o “último dia”, quis a Divina Providência que estivesse completa, corpo e alma, desde o primeiro instante no céu. Louvemos esta intensa misericórdia que Deus sempre manifesta em nosso favor, dando-nos uma Mãe tão especial e zelosa.

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