Perseguidos, mas confiantes e abertos a Deus

28 de março de 2020, 4ª Semana da Quaresma

Jr 11,18-20; Sl 7; Jo 7,40-53

A liturgia de hoje fala de perseguição, confiança e abertura a Deus. Jeremias o profeta que passou a ser perseguido pelos seus conterrâneos por causa da sua conduta de profeta. O que fazia ou o que faz um profeta? Primeiro o profeta é um homem profundamente unido a Deus, segundo fala em nome de Deus, transmite a mensagem de Deus, mas também vive o que Deus indica.

O profeta dirige sua fala a quem? A todos aos ricos, aos pobres, aos que têm fé e aos que não têm que seja suscitada a fé e a conversão. No capítulo 7 de Jeremias e possivelmente aqui está o motivo da perseguição da sua pessoa, o profeta denunciou o pecado dos israelitas que frequentavam o templo, mas praticavam a injustiça com os órfãos, as viúvas e os estrangeiros. Ofereciam sacrifícios a Deus, mas também a baal, ou seja, havia naquele tempo o pecado da infidelidade e da idolatria. E Jeremias como profeta chama a atenção, corrige, mas quem gosta de ser corrigido? Poucas pessoas, a grande parte a princípio não se abre a correção, por quê? Porque estão apegados às suas convicções.

Além daquelas autoridades não se abrir à correção outro pecado surge, a perseguição para com o profeta, surgiu um outro sentimento a perseguição, o instinto de sobrevivência fala mais alto e, então, o outro passa a ser inimigo, adversário, oponente e o melhor é eliminá-lo. Tramavam a morte de Jeremias e o que ele fez? Desesperou-se? Vingou-se? Não. Jeremias confiou em Deus e orou.

:: Jesus também foi perseguido

Devemos buscar em Deus nosso refúgio como aprendemos no salmo “Senhor meu Deus, em vós procuro o meu refúgio” (Sl 7,2a). Quando passamos por uma tempestade o que fazemos? Buscamos um abrigo. Quando estamos no verão, no horário mais quente o que fazemos? Buscamos um sombra um refresco. Que o nosso abrigo seja o Senhor, busquemos a sombra, o refresco o alívio que é o Senhor.

No Evangelho havia ainda o questionamento por parte das autoridades civis e religiosas e o povo, Jesus é ou não é o Messias? Questionavam a origem de Jesus, mas a verdade é que esperavam um Messias político-libertador, alguém que aniquilasse com os pagãos. E como Jesus veio? Humilde, pobre e estava com os pecadores. As atitudes de Jesus e seus ensinamentos causavam estranheza na maioria, porém os soldados que foram prendê-lo se abriram como também Nicodemos. 

Os soldados testemunharam “Ninguém jamais falou como este homem” (Jo 7,46) e Nicodemos foi até conversar com Jesus numa certa noite (Jo 3, 1ss). Os guardas se abriram e foram incapazes de prender Jesus. Jeremias se abriu ao Senhor e foi incapaz de condená-lo. 

Se nós nos abrirmos a Jesus seremos incapazes de fazer o mal. Será que o mal da humanidade, da nossa nação, de nossa cidade e família não está no fechamento para Jesus? Fechamento à sua Palavra, fechamento à fraternidade e ao perdão? 

Vamos hoje nos abrir a Jesus, e que a abertura a Jesus nos torne incapazes de fazer o mal ao outro, incapazes de condenar o outro. E, por outro lado olhemos ao nosso lado e sejamos capazes fazer o bem, de nos admirarmos das qualidades do outro, que a abertura a Jesus nos torne melhores e santos. 

Padre Márcio Prado
Vice-reitor do Santuário do Pai das Misericórdias

Deixe seu comentários

Comentário