MARIA

Por que Nossa Senhora é Rainha?

Neste mês de agosto, celebramos a solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria, datada de 15 de agosto. No Brasil, sendo transferida para o Domingo próximo a esta data, tamanha importância desta data. No dia 22 seguinte, celebramos a memória de Nossa Senhora Rainha. Aquela que foi assunta, é coroada como Rainha do céu e da terra.

Dignidade esta atribuída à Mãe do Salvador e Mãe dos homens, celebrar esta memória remonta a uma tradição antiga, porém instituída no século XX, que abarca não somente a tradição e devoção popular, mas também fundamentos bíblicos e confirmações a partir de Concílios e Documentos Pontifícios.

Imagem: Pintura de Nossa Senhora Rainha /Foto: Divulgação Cléofas

A devoção à Nossa Senhora Rainha

Segundo o site Oficial do Vaticano, a festa de Nossa Senhora Rainha tem suas raízes nos primeiros séculos da história cristã. O primeiro a chamá-la assim foi Santo Efrém no século IV. Mais tarde outros Padres da Igreja que reconheceram a sua dignidade de realeza como Mãe do Rei do Universo. O Concílio de Éfeso do século V reconhece e declara que Maria era a Theotókos, a mãe de Deus. Posteriormente, nasceu a tradição da coroação de Nossa Senhora. Porém, a devoção à Nossa Senhora Rainha se consolidou no século XX, sendo reconhecida como uma verdadeira festa.

Em 1954, o Papa Pio XII com a Encíclica Ad Coeli Reginam, instituiu pela primeira vez a festa de Nossa Senhora Rainha do Universo, fixando-a para o dia 31 de maio e explicava:

“Não é verdade nova que propomos à crença do povo cristão porque o fundamento e as razões da dignidade régia de Maria encontram-se bem expressos em todas as idades, e constam dos documentos antigos da Igreja e dos livros da sagrada liturgia.”

Pio XII evidenciou as referências: da Sagrada Escritura aos padres da Igreja, da liturgia à arte. Mais tarde, depois da reforma litúrgica, a data foi mudada por Paulo VI para o dia 22 de agosto, oito dias depois da Festa da Assunção de Nossa Senhora, para evidenciar a proximidade da sua glorificação corpórea.

Muito mais que um título, reconhecer Nossa Senhora Rainha é reconhecer a dignidade de Maria, em sua maternidade divina, portadora do Salvador da humanidade, Rei e Senhor. Assunta ao Céu, é coroada como Rainha, por tudo aquilo que de fato é: Mãe do Salvador e Rei do Universo.

Nas escrituras e na tradição

Como não se remeter imediatamente ao Salmo 44, principalmente quando se celebra as festas e solenidades da Bem-aventurada Virgem Maria?

“Tuas vestes têm o perfume de mirra, aloé e cássia, dos palácios de marfim te alegra o som das cítaras. Filhas de reis estão entre as tuas prediletas; a rainha está à tua direita, com veste esplendente de ouro de Ofir.” (Sl 44, 9-10)

Que beleza e esplendor é esta que foi escolhida para ocupar tão grande dignidade. Ser portadora do Salvador e Rei do Universo, ser coroada e ocupar seu lugar junto ao Criador do Universo, junto ao Seu Filho e Rei. O Catecismo da Igreja Católica nos afirma:

“Finalmente, a Imaculada Virgem, preservada imune de toda a mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste. E para que mais plenamente estivesse conforme a seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte, foi exaltada pelo Senhor como Rainha do universo.” (CIC 966)

Imagem: La Coronación de la Virgen / Pedro de Calabria

Ser coroada como Rainha, não pode ser considerado como um mérito próprio. Sua realeza se orienta para a realeza de Seu Filho Amado. A realeza de Maria está completamente subordinada à realeza de Cristo, porque “o papel de Maria para com a Igreja é inseparável de sua união com Cristo, decorrendo diretamente dela (dessa união).” (CIC 964)

Santo Afonso Maria de Ligório, grande santo devoto e que trazia em seu coração e palavras um grande amor pela Virgem, nos relata em sua Obra Glórias de Maria:

“Tendo sido a Santíssima Virgem elevada à dignidade de Mãe de Deus, com justa razão a Santa Igreja a honra, e quer que de todos seja honrada com o título glorioso de Rainha. (…) Desde o momento em que Maria aceitou ser Mãe do Verbo Eterno, diz S. Bernardino de Sena, mereceu tornar-se Rainha do mundo e de todas as criaturas. (…) Se Jesus é rei do universo, do universo também é Maria Rainha. De modo que, quantas são as criaturas que servem a Deus, tantas também devem servir a Maria. Por conseguinte, estão sujeitos ao domínio de Maria os anjos, os homens e todas as coisas do céu e da terra, porque tudo está também sujeito ao império de Deus.”

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Aqui não se trata de um domínio impositor, mas por amor, nos submeter ao reinado de Cristo em nossas vidas, e, consequentemente à Maria Rainha. Neste caso, nos abrir ao reinado de Nossa Senhora, que nos leva pela mão como boa Mãe e Rainha aos caminhos do Rei e Senhor. Nos confiar ao reinado de Maria, é também nos permitir guardar do império do mal, regido pelo demônio. Se estamos guardados sob a custódia de Nossa Mãe e Rainha, não temos o que temer.

Façamos então esta experiência de crescer em nossa relação com Maria Rainha, Mãe de Deus e dos homens. Que Nossa Senhora nos cubra com seu manto sagrado, nos guarde e nos proteja em seu colo materno de todas as investidas do mal contra nós e nossas famílias. Assim seja.