O mandamento do amor
No primeiro mandamento do decálogo, o Senhor quis apresentar o fundamento para todo o cumprimento dos demais mandamentos, o amor. No Evangelho de Mateus, o autor apresenta como o cristão deve amar: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente” (Mt 22,37). Quando o autor do Evangelho diz que deve-se amar com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente, quer significar que deve-se amar com o ser humano inteiro, sem divisões ou parcialidades.
Com isso, pode-se perceber a importância do amor. O amor é o motivo pelo qual temos de colocar todos os nossos esforços e observar os mandamentos. E não é um amor qualquer, mas um amor a Deus, autor e consumador da vida humana. Assim, Deus recorda ao homem a sua Aliança, pela qual Ele não abandona seu povo escolhido, mas também deseja fidelidade.
Deus fazendo memória da sua manifestação salvífica em relação ao povo, expressa o seguinte: “Sou Eu […] que te tirei da terra do Egito, dessa casa da escravidão” (Dt 5,6). E, com isso, Deus exige do povo o seu amor e adoração: “Ao Senhor, teu Deus, adorarás, a Ele servirás […]. Não ireis atrás de outras divindades” (Dt 6,13-14). O Catecismo apresenta essa requisição de Deus por ser adorado e amado como uma justa exigência (Cf. CIC §2084).
Adoração, Oração e Sacrifício
Jesus, no Evangelho de Lucas, fala sobre o culto que todo homem deve prestar a Deus: “Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto” (Lc 4,8). Sendo assim, o fato de adorar a Deus revela-se como “primeiro ato da virtude da religião. Adorar a Deus é reconhecê-Lo como tal, Criador e Salvador, Senhor e Dono de tudo quanto existe, amor infinito e misericordioso” (CIC §2096). O Catecismo ainda continua a afirmar que a adoração é um ato libertador do homem: “A adoração do Deus único liberta o homem de se fechar sobre si próprio, da escravidão do pecado e da idolatria do mundo” (CIC §2097).
Ainda relacionado ao primeiro mandamento, o de amar a Deus sobre todas as coisas, está a oração. A oração é a condição indispensável para se obedecer aos mandamentos. A oração é o que nos eleva a Deus, é expressão da nossa adoração a Deus por meio da oração de ação de graças, de louvor, de súplica e de intercessão (Cf. CIC §2098).
Por fim, o sacrifício também torna-se sinal de adoração a Deus: “É justo que se ofereçam a Deus sacrifícios, em sinal de adoração e de reconhecimento, de súplica e de comunhão: ‘Verdadeiro sacrifício é todo o ato realizado para se unir a Deus em santa comunhão e poder ser feliz’” (CIC §2099).
Adorarás somente o Senhor teu Deus
Concluamos esta reflexão sobre o primeiro mandamento, em que diante da ordem: “Amar a Deus sobre todas as coisas” encontra-se implícito a proibição de adorar outros deuses, com isso, a prática da idolatria. Está também incluso neste mandamento que o cristão deve professar a legítima religião, tanto no âmbito privado quanto em público; proíbe-se o apego a qualquer tipo de superstição, adivinhação ou magia.
Finalmente, o amar a Deus sobre todas as coisas, também está ligado ao esperar em Deus; esse esperar em Deus significa um abandonar-se à confiança e à providência de Deus. O amor a Deus comporta um leque grandíssimo de todos os demais mandamentos e, em geral, de todo o cristianismo. Como falado anteriormente, cumpre-se os mandamentos, devido ao amor a Deus existente no coração do homem.
Padre Fábio Nunes
Sacerdote da Com. Canção Nova
Fontes:
BÍBLIA. Português. Tradução da Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002. 2206p.
CATECISMO da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 2000.
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