Última Ceia

Quinta-feira Santa

Foto Ilustrativa/ Wesley Almeida

Todos os anos, na Quinta-feira Santa, a Igreja atualiza a noite em que Jesus celebrou a Última Ceia com os seus discípulos mais próximos. Nessa refeição, Jesus inaugurou a Páscoa da Nova Aliança, quando o sacrifício supremo seria oferecido pela salvação do gênero humano, pela Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. E também é de suma importância para nós, que seguimos a Cristo, pois o Senhor instituiu a Eucaristia na Última Ceia, dando o Seu Corpo e Sangue, sob a forma de pão e vinho, aos Seus discípulos. Em cada Eucaristia, os membros da Igreja são convidados a “provar e ver a bondade do Senhor” (Salmo 33, 8), como o salmista o expressa, pela recepção do Santíssimo Sacramento.

Além da Eucaristia, Cristo instituiu o sacerdócio ministerial na Última Ceia, pelo qual o Sacramento do Corpo e Sangue do Senhor seria perpetuado, ou seja, celebrado até o fim dos tempos. Aqueles que são chamados ao sacerdócio oferecem ao povo de Deus a ceia pascal, pela qual o Corpo e o Sangue do Redentor se tornam presentes e são dados como alimento espiritual para o caminho da vida. Os demais Sacramentos da Igreja: Batismo, Penitência, Confirmação, Ordem, Matrimônio, Sacramento dos Enfermos também são sinais exteriores, instituídos por Cristo, para conceder graça aos crentes. Na Quinta-feira Santa, damos graças a Deus de maneira singular por todos estes grandes dons e, especialmente, pela Sagrada Eucaristia e pelo sacerdócio ministerial.

Foto/ Wesley Almeida

Na Última Ceia, Cristo também deu o “novo mandamento” do amor. As palavras de Jesus a esse respeito nós conhecemos muito bem: “Amai-vos uns aos outros. Assim como eu os amei, vocês devem amar uns aos outros” (Jo 13, 34). Isso não é uma sugestão ou uma teoria, mas uma ordem. Antes do mandamento de Cristo, o amor se baseava mais em uma recompensa esperada em troca ou no cumprimento de uma norma imposta. Agora, o amor deve basear-se em Cristo, que amou a ponto de dar a própria vida por um amor que deve ser a medida do amor de todo discípulo.

Todos nós percebemos que amar como Cristo amou está além de nossa capacidade. Mesmo assim, esforçamo-nos de todo o coração para amar e buscar forças para fazê-lo a partir da graça que recebemos de Deus, especialmente por meio do Corpo e Sangue de Cristo, a Santíssima Eucaristia.

Na mesma Última Ceia, com o gesto de um humilde servo expressando amor, Jesus lavou os pés de seus discípulos, e orienta a todos os que o seguem a fazerem o mesmo. Essa ação de Jesus é mais do que um simples gesto. É, de fato, uma antecipação da total humilhação e autoesvaziamento que Cristo passou para salvar a raça humana. Aquele que é Deus se prostrou diante da nossa pequenez humana, diante de todos, e oferece um sinal para todos nós imitarmos. Nosso humilde Senhor nos convida todos os dias a seguir Seu exemplo, para construir um mundo melhor e diferente, enraizado na soberania de Deus sobre todos e assumindo a forma de serviço e amor a Deus e uns aos outros pela maneira como vivemos.

Em cada Eucaristia, especialmente na Quinta-feira Santa, onde se enfatiza o amor e o perdão divinos, “anunciamos a morte do Senhor até que Ele venha” (1 Cor 11). No Antigo Testamento, na época da Páscoa, o povo de Deus aspergia o sangue de um cordeiro em cada casa, narrando o Êxodo, ou seja, a libertação da escravidão no Egito. Agora, na Nova Aliança, o Cordeiro sem mancha, Jesus Cristo, é sacrificado, e o Sangue do Cordeiro é aspergido sobre as almas dos crentes, oferecendo a todos a liberdade do pecado e da morte.

Hoje, todos somos chamados a caminhar para uma nova vida em Cristo, uma vida plena de amor divino. O salmista expressa lindamente o que acontece no sacrifício eucarístico que oferecemos neste dia: “Como poderei retribuir ao Senhor por todo o bem que Ele fez ao meu favor? O cálice da salvação tomarei e invocarei o nome do Senhor” (Salmo 115, 13).

Que esta Quinta-feira Santa da Ceia do Senhor, que dá início ao que chamamos de “Tríduo Pascal”, seja uma oportunidade para renovar a crença na Presença Real de Cristo na Eucaristia; e que a participação voluntária no Sacramento da Eucaristia seja um penhor de nosso humilde serviço mútuo, gratuito e alegremente dado. Devemos reconhecer Cristo presente nos outros e devemos voluntariamente nos curvar e servir no amor de Cristo.

 

                                 Foto: AlexD75

Kaique Duarte 

Seminarista da Comunidade Canção Nova

Instagram: @kaiquecancaonova

 

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