O Senhor Ressuscitou verdadeiramente. Aleluia!
“Ora, se morremos com Cristo, cremos que viveremos também com ele” (Rm 6,8).
Eis uma promessa! Porém, existe uma condição para tomarmos posse da promessa: morrer com Cristo. Experimentar a Ressurreição é primeiro provar a dor, o sofrimento. O Salmo 68 nos recorda a via dolorosa pela qual passam tantas pessoas, especialmente as justas. Há um mistério por trás do sofrimento do justo; e mistérios não existem para serem compreendidos, mas aceitos, acolhidos. Assim também o é o Mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus em que, como participantes do Corpo Místico de Cristo como Igreja que somos, podemos experimentar do sofrimento do Mestre, mas sobretudo participar da Sua Ressurreição.
Num trecho do livro ‘A Imitação de Cristo’, Jesus diz à nossa alma: “Que diz, Filho? Cessa de queixar-se, considerando Minha paixão e os sofrimentos dos santos. Traga à memória as gravíssimas penas por quais passaram, para que facilmente sofra seus pequenos trabalhos. E se não lhe parecerem pequenos, procure levá-los todos com paciência.” (cap. XIX, p.248)
Oferecer nossos sofrimentos pela nossa conversão e santificação dos nossos, unindo nossas dores às de Jesus é a via que Ele nos convida a trilhar para chegarmos à Ressurreição. O sofrimento vivido com Jesus traz um forte poder de compaixão, desapego e purificação, sedimentando em nós o amor pleno.
E você? Precisa de Ressurreição? Conhece alguém que precisa de Ressurreição? Onde, hoje, eu e você precisamos de Ressurreição? Diagnosticar o que precisa reviver em nós é condição para clamar a Deus o milagre como nos ensina o versículo 33 do Salmo 38: “Humildes, vede isso e alegrai-vos: o vosso coração reviverá se procurardes o Senhor continuamente!”
Só experimentaremos a Ressurreição se tivermos a coragem de diagnosticar a morte, aceitá-la e até mesmo chorá-la. Assim, vive este processo quem tem um coração humilde, que aceita sua humanidade, fragilidade, reconhece que por si nada pode fazer e conta, busca, clama a Deus. E, uma vez diagnosticada, o passo seguinte é procurar o Senhor não apenas num momento, mas continuamente. São muitas as situações que nos mortificam, que matam a nossa fé, mas a verdade, a caridade sincera, a perseverança, a esperança, a coragem, a alegria precisam ressurgir. Muitas vezes precisaremos desta Ressurreição do nosso coração e a grande oportunidade para isso é vivermos o Mistério Pascal que acontece não apenas hoje, na Páscoa, mas diariamente na Santa Missa. Podemos lá levar as nossas situações de “morte” para serem reavivadas pela ação do Espírito em comunhão com o Pai e com Jesus Cristo. Assim, como o salmista poderemos cantar:
“Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e jamais te esqueças de todos os seus benefícios. É ele que perdoa as tuas faltas, e sara as tuas enfermidades. É ele que salva tua vida da morte, e te coroa de bondade e de misericórdia” (Sl 102, 2-4).
Nossa fé nos garante a Ressurreição. Vamos fazer esta experiência? É Páscoa, é passagem, é inauguração de um tempo novo. Abramo-nos à mística deste tempo forte e bebamos da graça que ele nos garante!
Feliz Páscoa, feliz Ressurreição!
Vanilda Rosa do Prado
Comunidade Canção Nova